“O SENHOR É A MINHA ROCHA”
“O SENHOR é a
minha rocha, a minha cidadela, o meu libertador; o meu Deus, o meu rochedo em
que me refugio; o meu escudo, a força da minha salvação, o meu baluarte” (Sl 18.2).
Sabemos quão
difícil é para os homens conservar suas mentes e corações firmados em Deus.
Igualmente ponderam que não é suficiente tê-lo como seu Deus, e consequentemente
estão sempre buscando apoio e socorro em outra parte; ou, ante a primeira
tentação que os assalte, aquela confiança que puseram nele se desvanece. Davi,
pois, atribuindo a Deus vários métodos de salvar seu povo, confessa que, visto
ter Deus por seu protetor e defensor, ele se sente eficazmente fortificado
contra todo e qualquer perigo e assalto; como se quisesse dizer: Aqueles a quem
Deus tenciona socorrer e defender são não apenas salvos de um tipo de perigo,
mas são, por assim dizer, cercados de todos os lados por trincheiras
inexpugnáveis, de tal modo que, ainda que milhares de mortes se lhes
interponham o caminho, não devem temer nem mesmo o seu mais formidável cortejo!
Vemos, pois, que o propósito de Davi, aqui, não é apenas celebrar os louvores de
Deus, em sinal de gratidão, mas também visava a fortificar nossas mentes com
uma fé estável e imperturbável, de modo que, sejam quais forem as aflições que
nos sobrevenham, podemos sempre contar com os recursos divinos e estar sempre persuadidos
de que ele tem virtude e poder para assistir-nos de diferentes formas, segundo
os diferentes métodos que os ímpios engendram para fazer-nos dano. Davi, como
já observei, tampouco insiste demasiadamente sobre este ponto, nem expressa a
mesma coisa em termos diferentes sem motivo. Deus pode socorrer-nos de alguma
outra forma, e, no entanto, sempre que uma nova tempestade surge no horizonte,
somos imediatamente assustados com terrores, como se jamais houvéssemos experimentado
qualquer vestígio de seu auxílio. E aqueles que, envolvidos em alguma
dificuldade, esperam proteção e socorro da parte dele, mas que, subsequentemente,
restringem seu poder, considerando-o limitado em outros aspectos, agem como alguém
que, para travar batalha, se considera tão seguro quanto o seu próprio coração,
visto possuir um peitoral e um escudo para defendê-lo, no entanto teme por sua
própria cabeça, por estar sem o capacete. Davi, pois, aqui supre os fiéis com
uma armadura completa, para que possam sentir que não correm nenhum risco de
ser feridos, uma vez estejam protegidos pelo poder de Deus.
Que esse é o
objetivo que ele tem em vista faz-se evidente à luz da declaração que ele faz
de sua confiança em Deus: confiarei em ti. Portanto, aprendamos de seu exemplo
a aplicar ao nosso próprio uso esses títulos que são aqui atribuídos a Deus, bem
como a aplicá-los como um antídoto contra todas as perplexidades e angústias
que porventura nos assaltem; ou, melhor, que eles sejam profundamente impressos
em nossa memória, para que sejamos capazes de finalmente repelir para longe
todo e qualquer temor que porventura Satanás insinue à nossa mente. Faço essa
exortação, não só porque trememos ante as calamidades que porventura no momento
nos assaltam, mas também porque infundadamente conjuramos em nossa própria
mente as perigosas imaginações como algo do futuro, e assim,
desnecessariamente, nos inquietamos com as meras criações imaginárias. No
cântico, como registrado em 2Samuel 22.3, em vez das palavras: Meu Deus,
minha rocha, temos: Deus de minha rocha. E depois da palavra refúgio,
temos: minha fortaleza, meu salvador, tu me preservarás da violência-, palavras
que fazem a oração mais completa, o significado, porém, permanecendo o mesmo.
Deus nos
abençoe!
João Calvino (1509-1564).
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