segunda-feira, 2 de junho de 2025

“OS MEUS INIMIGOS ME INSULTAM A TODA HORA”


OS MEUS INIMIGOS ME INSULTAM A TODA HORA”

“Os meus inimigos me insultam a toda hora; furiosos contra mim, praguejam com o meu próprio nome” (Sl 102.8).

Os fiéis, com o fim de incitar a compaixão divina em seu favor, lhe contam que são não apenas objetos do motejo de seus inimigos, mas também que têm sido por eles amaldiçoados. A indignidade protestada consiste em que os ímpios triunfavam tão vergonhosamente contra o povo eleito ao ponto de roubar de suas calamidades a fórmula de juramento e imprecação. Equivalia considerar o destino dos judeus como um magistral padrão da linguagem de imprecação. Quando, pois, nos dias atuais os ímpios, de igual maneira, dão rédeas soltas derramando contra nós linguagem insultante, aprendamos a fortificar-nos com essa armadura, por meio da qual seja vencido esse tipo de tentação, por mais agudo que o mesmo seja. O Espírito Santo, ao ditar para os fiéis essa fórmula de oração, quis testificar que Deus se deixa comover por tais insultos e socorre seu povo; mesmo porque encontramos declarado em Isaías 37.23: “A quem afrontaste e blasfemaste? E contra quem alçaste a voz, e ergueste teus olhos ao alto? Contra o Santo de Israel”. E no versículo imediatamente precedente, o profeta diz: “A virgem, a filha de Sião, te despreza, de ti zomba; a filha de Jerusalém meneia a cabeça por detrás de ti”. Certamente é um inestimável conforto que, quanto mais insolentes são nossos inimigos contra nós, mais impelido é Deus em nos socorrer. Na segunda sentença, o escritor inspirado expressa com mais veemência a crueldade de seus inimigos, ao falar de sua fúria contra ele. Como o verbo traduzido por enfurecer, geralmente significa louvar, pode aqui ser entendido como tendo, à guisa de antífrase, sentido que é o próprio oposto - os que me desprezavam ou me repreendiam. Mas é melhor seguir a interpretação comumente aceita. Há quem mantém que são tidos como enfurecidos porque manifestavam sua própria loucura, evidenciando de sua maneira de agir que eram pessoas sem préstimo; mas tal opinião faz demasiada violência ao texto. O sentido mais satisfatório é que o povo de Deus acusa os que o insultam de o tratar com crueldade ou ódio furioso.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

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