“OS MEUS INIMIGOS ME INSULTAM A TODA HORA”
“Os meus
inimigos me insultam a toda hora; furiosos contra mim, praguejam com o meu
próprio nome” (Sl 102.8).
Os fiéis, com
o fim de incitar a compaixão divina em seu favor, lhe contam que são não apenas
objetos do motejo de seus inimigos, mas também que têm sido por eles amaldiçoados.
A indignidade protestada consiste em que os ímpios triunfavam tão
vergonhosamente contra o povo eleito ao ponto de roubar de suas calamidades a fórmula
de juramento e imprecação. Equivalia considerar o destino dos judeus como um magistral
padrão da linguagem de imprecação. Quando, pois, nos dias atuais os ímpios, de
igual maneira, dão rédeas soltas derramando contra nós linguagem insultante,
aprendamos a fortificar-nos com essa armadura, por meio da qual seja vencido
esse tipo de tentação, por mais agudo que o mesmo seja. O Espírito Santo, ao
ditar para os fiéis essa fórmula de oração, quis testificar que Deus se deixa comover
por tais insultos e socorre seu povo; mesmo porque encontramos declarado em Isaías
37.23: “A quem afrontaste e blasfemaste? E contra quem alçaste a voz, e
ergueste teus olhos ao alto? Contra o Santo de Israel”. E no versículo
imediatamente precedente, o profeta diz: “A virgem, a filha de Sião, te
despreza, de ti zomba; a filha de Jerusalém meneia a cabeça por detrás de ti”.
Certamente é um inestimável conforto que, quanto mais insolentes são nossos
inimigos contra nós, mais impelido é Deus em nos socorrer. Na segunda sentença,
o escritor inspirado expressa com mais veemência a crueldade de seus inimigos,
ao falar de sua fúria contra ele. Como o verbo traduzido
por enfurecer, geralmente significa louvar, pode aqui ser entendido como tendo, à guisa de antífrase,
sentido que é o próprio oposto - os que me desprezavam ou me repreendiam.
Mas é melhor seguir a interpretação comumente aceita. Há quem
mantém que são tidos como enfurecidos porque manifestavam sua própria
loucura, evidenciando de sua maneira de agir que eram pessoas sem préstimo; mas
tal opinião faz demasiada violência ao texto. O sentido mais satisfatório é que
o povo de Deus acusa os que o insultam de o tratar com crueldade ou ódio
furioso.
Deus nos
abençoe!
João Calvino (1509-1564).
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