sábado, 31 de maio de 2025

“FERIDO COMO A ERVA, SECOU-SE O MEU CORAÇÃO”


FERIDO COMO A ERVA, SECOU-SE O MEU CORAÇÃO

“Ferido como a erva, secou-se o meu coração; até me esqueço de comer o meu pão. Os meus ossos já se apegam à pele por causa do meu dolorido gemer” (Sl 102.4,5).

Aqui o salmista emprega mais uma comparação, declarando que seu coração está emurchecido e totalmente seco como a erva ceifada. Sua intenção, porém, é expressar algo mais do que estar seu coração murcho e seus ossos reduzidos a um estado de sequidão. Sua linguagem implica que, à semelhança da erva quando cortada não pode mais receber a umidade da terra, não retém a vida e o vigor que se derivam da raiz, assim seu coração sendo, por assim dizer, rasgado e decepado desde a raiz, estava privado de sua nutrição natural. O significado da última sentença, até me esqueço de comer o meu pão, é: Minha tristeza tem sido tão profunda que negligenciei meu alimento ordinário. Mas o que o salmista tem em mente é que se encontrava tão aflito, em profunda tristeza, que recusava todos os deleites e se privava até mesmo do alimento e bebida. Os crentes genuínos podem cessar por algum tempo de fazer uso de seu alimento ordinário, quando, por meio do jejum voluntário, humildemente rogam a Deus que revogue sua ira; o salmista, porém, aqui não fala desse tipo de abstinência da subsistência física. Ele fala daquele efeito de extrema angústia mental que é acompanhada da supressão do alimento e do uso de tudo. Na conclusão do versículo, ele acrescenta que seu corpo estava, por assim dizer, consumido ou desgastado, de tal sorte que seus ossos aderiam a sua pele.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

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sexta-feira, 30 de maio de 2025

“NÃO ME OCULTES O ROSTO NO DIA DA MINHA ANGÚSTIA”


“NÃO ME OCULTES O ROSTO NO DIA DA MINHA ANGÚSTIA”

“Não me ocultes o rosto no dia da minha angústia; inclina-me os ouvidos; no dia em que eu clamar, dá-te pressa em acudir-me” (Sl 102.2).

A oração, para que Deus não ocultasse seu rosto, longe está de ser supérflua. Visto que o povo se enfraquecera no cativeiro ao longo de quase setenta anos, poderia parecer que Deus tivesse para sempre suprimido deles seu favor. Não obstante, eles decidiram, em sua extrema aflição, recorrer à oração como seu único remédio. Afirmam que clamaram no dia de sua angústia, não como costumam fazer os hipócritas que articulam suas queixas de uma forma tumultuosa, mas porque sentiam que então eram convocados por Deus a clamar-lhe.

Dá-te pressa em acudir-me. Havendo em outro lugar falado mais plenamente dessas formas de expressão, é suficiente aqui observar em termos breves que, quando Deus nos permite apresentar francamente diante dele nossa fragilidade, sem qualquer reserva, e pacientemente suportar nossa estultícia, ele lida conosco com grande ternura. Derramar nossas queixas diante dele como fazem as criancinhas certamente seria tratar sua Majestade com bem pouca reverência, caso não lhe agradasse permitir-nos tal liberdade. Intencionalmente faço uso desta ilustração para que os fracos, que temem aproximar-se de Deus, entendam que são convidados a chegar-se a ele com tal mansidão que nada os impeça de, familiar e confiadamente, ter-lhe acesso.

“Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna” (Hb 4.16).

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

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“OUVE, SENHOR, A MINHA SÚPLICA”


“OUVE, SENHOR, A MINHA SÚPLICA”

“Ouve, SENHOR, a minha súplica, e cheguem a ti os meus clamores” (Sl 102.1).

Essa solicitude mostra, uma vez mais, que essas palavras não foram escritas para serem pronunciadas pelo displicente e leviano, o que não poderia ser feito sem grosseiramente insultar a Deus. Ao falar assim, os judeus cativos davam testemunho da severa e cruciante angústia que suportavam, bem como do ardente desejo de obter algum alívio com que eram inflamados. Ninguém podia pronunciar essas palavras com os lábios sem profanar o nome de Deus, a menos que, ao mesmo tempo, agisse com um sincero e ardente afeto do coração. Devemos particularmente atentar para a circunstância para a qual já chamamos a atenção, ou, seja: que somos assim incitados pelo Espírito Santo ao dever da oração em favor do bem-estar comum da Igreja. Enquanto cada pessoa toma suficiente cuidado em prol de seus próprios interesses individuais, raramente encontramos um em uma centena que se sinta afetado pelas calamidades da Igreja. Temos, pois, mais necessidade de estímulos, mesmo quando vemos o profeta aqui empenhado com um acúmulo de palavras a corrigir nossa fraqueza e indolência. Admito que o coração deve mover e dirigir a língua à oração; mas, como amiúde sucede de o mesmo debilitar-se ou de cumprir seu dever de uma maneira lenta e apática, requer-se que o mesmo seja auxiliado pela língua. Há aqui uma influência recíproca. Como o coração, em contrapartida, deve seguir antes das palavras e aquecê-las, assim a língua, por sua vez, ajuda e cura a falta de fervor e torpor do coração. Os verdadeiros crentes de fato podem com frequência orar não só ansiosamente, mas também fervorosamente, ainda que não saia de seus lábios um único vocábulo. Entretanto, sem dúvida o profeta pela expressão clamar tem em mente a veemência com que a tristeza nos constrange a gritar.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

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domingo, 25 de maio de 2025

“AMAI O SENHOR, VÓS TODOS OS SEUS SANTOS”


“AMAI O SENHOR, VÓS TODOS OS SEUS SANTOS”

“Amai o SENHOR, vós todos os seus santos. O SENHOR preserva os fiéis, mas retribui com largueza ao soberbo” (Sl 31.23).

Em minha opinião, o salmista Davi, neste ponto, não exorta os santos a temerem e a reverenciarem a Deus, como muitos pensam, senão que os encoraja a confiarem nele; ou, noutros termos, a se devotarem totalmente a ele, pondo nele toda sua esperança e se entregando inteiramente a ele, não se permitindo buscar a nenhum outro. Donde procede que nossos próprios planos nos deleitem tanto, senão porque não nos deleitamos em Deus tanto quanto deveríamos e porque nossas aflições não abrem caminho para ele? Este amor de Deus, portanto, envolve nele todos os desejos do coração. Por natureza, todos os homens desejam profundamente viver num estado de prosperidade e felicidade; mas enquanto a maioria vive fascinada pelos encantos do mundo, e preferem suas mentiras e imposturas, raramente um em cem põe seu coração em Deus. A razão que imediatamente se segue confirma esta interpretação; pois o salmista inspirado incentiva os humildes a amarem a Deus, porque ele preserva, os fiéis, como se desejasse que repousassem satisfeitos sob a guarda divina e reconhecessem que nela encontrariam suficiente socorro. No ínterim, ele os admoesta a conservar uma boa consciência e a cultivar a retidão, visto que Deus promete preservar somente aqueles que são íntegros e fiéis. Em contrapartida, ele declara que Deus sobejamente premia os soberbos, a fim de que, quando observarmos que eles, por algum tempo, prosperam com demasiado êxito, uma indigna emulação não nos seduza a imitá-los, e que sua insolência e o ultraje que cometem, enquanto acreditam que são livres para fazerem o que lhes apeteça, não esmigalhemos nem angustiemos nossos espíritos. Isto equivale ao seguinte: Embora os ímpios se gabem, enquanto prosseguem impunemente em sua perversidade, e os crentes são acossados com muitos temores, enfrentando os muitos perigos, que se devotem a Deus e nutram confiança em sua graça, porquanto ele sempre defenderá os fiéis e retribuirá os soberbos segundo seu merecimento.  

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

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“SEDE FORTES, E REVIGORE-SE O VOSSO CORAÇÃO”


“SEDE FORTES, E REVIGORE-SE O VOSSO CORAÇÃO”

“Sede fortes, e revigore-se o vosso coração, vós todos que esperais no SENHOR” (Sl 31.24).

Esta exortação deve ser entendida da mesma forma que a precedente; pois a firmeza que o salmista aqui recomenda está fundada no amor de Deus do qual ele já falou, quando, renunciando todos os encantos do mundo, abraçamos de todo nosso coração a defesa e a proteção que Deus nos promete. Tampouco sua exortação se destina a encorajar a firmeza desnecessariamente; porque, quando alguém começa a confiar em Deus, o mesmo deve pôr-se de prontidão e armar-se para suportar muitos assaltos de Satanás. Então, antes devemos calmamente entregar-nos à proteção e tutela de Deus, bem como diligenciar-nos por ter experiência de sua munificência permeando toda nossa mente. Em segundo lugar, assim munido com firme prontidão e inquebrantável força, nos sentimos preparados para enfrentar diariamente novos conflitos. Não obstante, como nenhum homem é capaz de, por si só, enfrentar tais conflitos, Davi nos exorta a esperarmos e pedirmos a Deus o espírito de força moral, questão esta particularmente digna de nossa atenção. Pois daqui somos instruídos que, quando o Espírito de Deus nos sintoniza com nosso dever, ele examina não o que cada pessoa é capaz de fazer, nem avalia os serviços dos homens pela própria força deles, mas nos estimula, antes, a orarmos e a implorarmos para que Deus corrija nossos defeitos, visto que ele é o único que pode fazer isto.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

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quarta-feira, 21 de maio de 2025

"O FILHO PERDIDO"

"O FILHO PERDIDO"

“Ele se indignou e não queria entrar; saindo, porém, o pai, procurava conciliá-lo. Mas ele respondeu a seu pai: Há tantos anos que te sirvo sem jamais transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito sequer para alegrar-me com os meus amigos; vindo, porém, esse teu filho, que desperdiçou os teus bens com meretrizes, tu mandaste matar para ele o novilho cevado. Então, lhe respondeu o pai: Meu filho, tu sempre estás comigo; tudo o que é meu é teu. Entretanto, era preciso que nos regozijássemos e nos alegrássemos, porque esse teu irmão estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado” (Lc 15.28-32).


Deus nos abençoe!

segunda-feira, 19 de maio de 2025

“O SENHOR É A MINHA ROCHA”


“O SENHOR É A MINHA ROCHA”

“O SENHOR é a minha rocha, a minha cidadela, o meu libertador; o meu Deus, o meu rochedo em que me refugio; o meu escudo, a força da minha salvação, o meu baluarte” (Sl 18.2).

Sabemos quão difícil é para os homens conservar suas mentes e corações firmados em Deus. Igualmente ponderam que não é suficiente tê-lo como seu Deus, e consequentemente estão sempre buscando apoio e socorro em outra parte; ou, ante a primeira tentação que os assalte, aquela confiança que puseram nele se desvanece. Davi, pois, atribuindo a Deus vários métodos de salvar seu povo, confessa que, visto ter Deus por seu protetor e defensor, ele se sente eficazmente fortificado contra todo e qualquer perigo e assalto; como se quisesse dizer: Aqueles a quem Deus tenciona socorrer e defender são não apenas salvos de um tipo de perigo, mas são, por assim dizer, cercados de todos os lados por trincheiras inexpugnáveis, de tal modo que, ainda que milhares de mortes se lhes interponham o caminho, não devem temer nem mesmo o seu mais formidável cortejo! Vemos, pois, que o propósito de Davi, aqui, não é apenas celebrar os louvores de Deus, em sinal de gratidão, mas também visava a fortificar nossas mentes com uma fé estável e imperturbável, de modo que, sejam quais forem as aflições que nos sobrevenham, podemos sempre contar com os recursos divinos e estar sempre persuadidos de que ele tem virtude e poder para assistir-nos de diferentes formas, segundo os diferentes métodos que os ímpios engendram para fazer-nos dano. Davi, como já observei, tampouco insiste demasiadamente sobre este ponto, nem expressa a mesma coisa em termos diferentes sem motivo. Deus pode socorrer-nos de alguma outra forma, e, no entanto, sempre que uma nova tempestade surge no horizonte, somos imediatamente assustados com terrores, como se jamais houvéssemos experimentado qualquer vestígio de seu auxílio. E aqueles que, envolvidos em alguma dificuldade, esperam proteção e socorro da parte dele, mas que, subsequentemente, restringem seu poder, considerando-o limitado em outros aspectos, agem como alguém que, para travar batalha, se considera tão seguro quanto o seu próprio coração, visto possuir um peitoral e um escudo para defendê-lo, no entanto teme por sua própria cabeça, por estar sem o capacete. Davi, pois, aqui supre os fiéis com uma armadura completa, para que possam sentir que não correm nenhum risco de ser feridos, uma vez estejam protegidos pelo poder de Deus.

Que esse é o objetivo que ele tem em vista faz-se evidente à luz da declaração que ele faz de sua confiança em Deus: confiarei em ti. Portanto, aprendamos de seu exemplo a aplicar ao nosso próprio uso esses títulos que são aqui atribuídos a Deus, bem como a aplicá-los como um antídoto contra todas as perplexidades e angústias que porventura nos assaltem; ou, melhor, que eles sejam profundamente impressos em nossa memória, para que sejamos capazes de finalmente repelir para longe todo e qualquer temor que porventura Satanás insinue à nossa mente. Faço essa exortação, não só porque trememos ante as calamidades que porventura no momento nos assaltam, mas também porque infundadamente conjuramos em nossa própria mente as perigosas imaginações como algo do futuro, e assim, desnecessariamente, nos inquietamos com as meras criações imaginárias. No cântico, como registrado em 2Samuel 22.3, em vez das palavras: Meu Deus, minha rocha, temos: Deus de minha rocha. E depois da palavra refúgio, temos: minha fortaleza, meu salvador, tu me preservarás da violência-, palavras que fazem a oração mais completa, o significado, porém, permanecendo o mesmo.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

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“E HABITAREI NA CASA DO SENHOR”


“E HABITAREI NA CASA DO SENHOR”

“Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na Casa do SENHOR para todo o sempre” (Sl 23.6).

Com esta frase conclusiva Davi manifestamente mostra que não delimitava seus pensamentos aos prazeres e confortos terrenos; senão que o alvo no qual ele mira está fixo no céu, e alcançá-lo era seu grande objetivo em todas as coisas. É como se quisesse dizer: Não vivo com o mero propósito de viver, mas para exercitar-me no temor e no serviço de Deus, e progredir diariamente em todos os aspectos da genuína piedade. Ele traça uma manifesta distinção entre si mesmo e os homens ímpios, os quais se deleitam tão-somente em encher seus ventres com luxuosas iguarias. E não só isso, mas também notifica que viver para Deus é, em seu conceito, de tão grande importância, que avaliava todos os confortos de sua carne só na proporção em que serviam para capacitá-lo a viver para Deus. Francamente afirma que a razão por que ele contemplava todos os benefícios que Deus lhe conferira era para que pudesse habitar na casa do SENHOR. Donde se segue que, quando se privava do desfruto dessa bênção, ele não levava em conta as demais coisas; como se dissesse: Não terei nenhum prazer nos confortos terrenos, a menos que ao mesmo tempo eu pertença ao rebanho de Deus, como igualmente escreve em outro lugar: “Bem-aventurado o povo ao qual assim sucede; bem-aventurado o povo cujo Deus é o SENHOR” [SI144.15]. Por que ele deseja tão intensamente frequentar o templo, senão para oferecer sacrifícios juntamente com seus irmãos adoradores, e cultivar, por meio de outros exercícios da religião, a meditação sobre a vida celestial? Portanto, é indubitável que a mente de Davi, pelo auxílio da prosperidade temporal de que desfrutava se elevava na esperança da herança eterna. Desse fato concluímos que, brutos são aqueles que se propõem qualquer felicidade, menos aquela que emana da intimidade com Deus.

Deus nos abençoe!

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“BONDADE E MISERICÓRDIA CERTAMENTE ME SEGUIRÃO”


“BONDADE E MISERICÓRDIA CERTAMENTE ME SEGUIRÃO”

“Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na Casa do SENHOR para todo o sempre” (Sl 23.6).

Havendo Davi relatado as bênçãos que Deus derramara sobre ele, agora expressa sua convicta persuasão da continuação delas até ao fim de sua vida. Mas, donde procedia tal confiança, pela qual se assegura de que a beneficência e misericórdia de Deus o acompanhariam para sempre, se não procedia da promessa pela qual Deus costumava sazonar as bênçãos que derramava sobre os verdadeiros crentes, para que não as devorassem inconsideradamente sem sentir por elas qualquer sabor ou apetite? Ao dizer a si próprio que, mesmo em meio às trevas da morte, manteria seus olhos postos na providência divina, testificava sobejamente que não dependia das coisas exteriores, nem media a graça de Deus segundo o juízo da carne, senão que, ainda quando a assistência de todos os quadrantes da terra lhe falhasse, sua fé continuaria firmada na palavra de Deus. Portanto, embora a experiência o orientasse a esperar o bem, todavia esse bem estava principalmente na promessa pela qual Deus confirma seu povo com respeito ao futuro do qual dependia. Se se objeta ser presunção alguém prometer a si próprio uma contínua trajetória de prosperidade neste mundo de incertezas e mudanças, respondo que Davi não falava desta forma com o propósito de impor a Deus uma lei; senão que esperava pelo exercício da beneficência divina para com ele segundo a condição deste mundo o permitisse, com o que ele estaria contente. Ele não diz: Meu cálice estará sempre cheio, ou: Minha cabeça será sempre perfumada com óleo; mas, em termos gerais, ele nutre a esperança de que, visto que a bondade divina jamais falha, Deus lhe seria favorável até ao fim.

Deus nos abençoe!

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sábado, 17 de maio de 2025

“REFRIGERA-ME A ALMA”


“REFRIGERA-ME A ALMA”

“Refrigera-me a alma. Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome” (Sl 23.3).

Visto ser o dever de um bom pastor nutrir suas ovelhas, e quando adoecem ou se enfraquecem, assisti-las e defendê-las, Davi declara que essa era a forma em que ele era tratado por Deus. A restauração da alma , segundo nossa tradução, ou a conversão da alma, segundo literalmente traduzido, contém a mesma essência que dizer: tornar-se novo, ou restabelecido, como já ficou afirmado no Salmo 19, versículo 7. “A lei do Senhor é perfeita e restaura a alma”. Por veredas da justiça ele quer dizer veredas acessíveis e planas? Visto que ainda prossegue com sua metáfora, seria fora de propósito entender isso como uma referência à direção do Espírito. Ele afirmara um pouco antes que Deus liberalmente o supre com tudo quando se requer para a manutenção da presente vida, e agora acrescenta que é defendido por ele de toda preocupação. O equivalente do que se diz aqui é o seguinte: Deus em nenhum aspecto deixa carente o seu povo, visto que o sustenta com seu poder, o revigora e o vivifica, e desvia dele tudo quanto é prejudicial, para que ele possa andar por veredas confortáveis, planas e em retidão. Entretanto, para que não lhe fosse atribuído nada propriamente digno ou meritório, Davi apresenta a bondade de Deus como sendo a causa de tão grande liberalidade, declarando que Deus lhe havia concedido todas as coisas por amor de seu próprio nome. Certamente, ao escolher-nos para que fôssemos suas ovelhas, e ao executar em nosso favor as funções de um pastor, tal coisa se constitui numa bênção que procede inteiramente de sua livre e soberana benevolência.

Deus nos abençoe!

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sexta-feira, 16 de maio de 2025

“AINDA QUE EU ANDE PELO VALE DA SOMBRA DA MORTE”


“AINDA QUE EU ANDE PELO VALE DA SOMBRA DA MORTE”

Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; o teu bordão e o teu cajado me consolam” (Sl 23.4).

Os verdadeiros crentes, ainda que habitem seguros sob a proteção de Deus, estão, não obstante, expostos a muitos perigos, ou, melhor, são passíveis de todo gênero de aflições que sobrevêm à humanidade em comum, para que eles possam melhor sentir o quanto necessitam da proteção divina. Davi, pois, neste ponto, expressamente declara que, se alguma adversidade lhe sobreviesse, ele se protegeria na providência divina. E assim ele não promete a si mesmo buscar apoio nos prazeres contínuos [e terrenos], senão que se fortifica, através do socorro divino, corajosamente a fim de suportar as diversas calamidades que porventura o visitassem. Prosseguindo sua metáfora, ele compara o cuidado que Deus assume ao governar os verdadeiros crentes com o bordão e o cajado do pastor, declarando que está satisfeito com isso como sobejamente satisfatório à proteção de sua vida. Como uma ovelha, quando vagueia e atravessa um vale escuro, é preservada imune dos ataques das feras selvagens e de outras formas de males, tão-somente mediante a presença do pastor, assim Davi ora declara que enquanto estiver exposto a algum perigo, contará com suficiente defesa e proteção, estando sob o cuidado pastoral de Deus.

E assim vemos como, em sua prosperidade, ele nunca esquecia que era um ser humano, mas, mesmo assim, oportunamente meditava sobre as adversidades que mais tarde poderiam lhe sobrevir. E com toda certeza, a razão por que nos sentimos tão terrificados quando Deus se agrada em exercitar-nos com a cruz é porque toda pessoa, para que durma profunda e tranquilamente, se abriga totalmente na segurança carnal. Mas há uma grande diferença entre esse sono do estúpido e o repouso que a fé produz. Visto que Deus prova a fé pela adversidade, segue-se que ninguém realmente confia em Deus, senão aquele que se arma com invencível constância para resistir todos os medos com que é assaltado. Contudo Davi não quis dizer que estava destituído de todo medo, mas apenas que o superaria para então prosseguir sem medo sempre que seu pastor o guiasse. Isso transparece mais claramente à luz do contexto. Ele diz, em primeiro lugar, não temerei mal algum; mas imediatamente acrescenta a razão disso, ou seja, publicamente reconhece que busca um antídoto contra seu medo ao contemplar e ao ter seus olhos fixos na vara de seu pastor: Porque o teu bordão e o teu cajado me consolam. Que necessidade teria ele dessa consolação, não fosse o fato de sentir-se inquieto e agitado pelo medo? Deve, pois, ter-se em mente que, quando Davi refletiu sobre as adversidades que poderiam lhe sobrevir, tornou-se vitorioso sobre o medo e as tentações, e não de outra forma senão lançando-se sob a proteção divina. Isso ele havia também afirmado antes, embora um tanto obscuramente, nestas palavras: Porque tu estás comigo. Isso subentende que ele fora afligido com o medo. Não houvera sido esse o caso, com que propósito desejaria ele a presença de Deus? Além disso, não é só contra as calamidades comuns e ordinárias da vida que ele opõe a proteção divina, mas também contra aqueles que distraem e confundem as mentes humanas com as trevas da morte. Por sombra da morte, uma palavra composta, é como se dissesse: sombra mortal. Davi, neste ponto, faz uma alusão aos recessos ou covas escuras de animais selvagens, das quais, se alguém se aproxima, é subitamente dominado, logo na entrada, pela preocupação e pelo medo da morte. Ora, visto que, na pessoa de seu unigénito Filho, Deus tem se revelado como nosso Pastor, muito mais claramente do que o fez nos tempos antigos a nossos pais que viveram sob o regime da lei, não haveremos rendido suficiente honra ao seu protetor cuidado, caso não ergamos nossos olhos para mirá-lo e conservá-los fixos nele, pisoteando todos os temores e terrores sob a planta de nossos pés.

Deus nos abençoe!

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quinta-feira, 15 de maio de 2025

“O SENHOR É O MEU PASTOR” - Parte 2


“O SENHOR É O MEU PASTOR” - Parte 2

“O SENHOR É O MEU PASTOR, NADA ME FALTARÁ” (Sl 23.1).

Sob a similitude de um pastor, Davi enaltece o cuidado com que Deus, em sua providência, havia exercido para com ele. Sua linguagem implica que Deus não tinha menos cuidado para com ele do que um pastor tinha para com as ovelhas que eram postas em sua responsabilidade. Deus, na Escritura, frequentemente toma sobre si o nome e assume o caráter de um pastor, e isso de forma alguma é o emblema de um frágil amor por nós. Visto ser essa uma despretensiosa e familiar forma de expressão, Aquele que se digna descer tão baixo por nossa causa, com certeza nutre uma afeição singularmente forte para conosco. Portanto, não é de admirar que, quando nos convida para si com tal mansidão e familiaridade, não nos deixamos ser atraídos ou fascinados por ele para que descansemos em segurança e paz sob sua guarda. É preciso, porém, observar-se que Deus só é pastor em relação àqueles que, tocados com o senso de sua própria fragilidade e pobreza, sentem-se dependentes de sua proteção, e que espontaneamente habita seu redil e se deixa governar por ele. Davi, que excedia tanto em poder quanto em riquezas, não obstante confessa francamente não passar de uma pobre ovelha, com o intuito de fazer de Deus o seu pastor. Quem há, pois, entre nós que se eximiria de tal necessidade, visto que nossa própria fragilidade sobejamente revela que seríamos mais que miseráveis caso não vivêssemos sob a proteção deste pastor? Tenhamos em mente, pois, que nossa felicidade consiste nisto: que sua mão se estende para governar-nos, a fim de que vivamos sob sua sombra, e para que sua providência mantenha-se insone e preserve nosso bem estar. Portanto, ainda que tenhamos abundância de todas as coisas excelentes e temporais, no entanto asseguremo-nos de que não podemos ser realmente felizes a menos que Deus se digne de incluir-nos no rol de seu rebanho. Além disso, só atribuímos a Deus o ofício de Pastor com a devida e legítima honra, quando nos persuadimos de que sua exclusiva providência é suficiente para suprir todas as nossas necessidades.

Deus nos abençoe!

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“O SENHOR É O MEU PASTOR” - Parte 1


“O SENHOR É O MEU PASTOR” - Parte 1

“O SENHOR É O MEU PASTOR, NADA ME FALTARÁ” (Sl 23.1).

Embora Deus, por meio de seus benefícios, amavelmente nos atraia a si, como que por meio do sabor de sua doçura paternal, no entanto não há nada em que mais facilmente caímos do que na fraqueza de esquecê-lo, quando desfrutamos de paz e conforto. Sim, a prosperidade não só intoxica a tantos, guiando-os para além de todos os limites de sua jovialidade, mas também engendra insolência, que os faz soberbamente erguer-se e pôr-se contra Deus. Consequentemente, é difícil que haja uma centésima parte dos que desfrutam em abundância das coisas excelentes de Deus e que conservem seu temor e vivam no exercício da humildade e temperança, as quais são perenemente recomendáveis. Por essa razão, devemos notar o mais cuidadosamente possível o exemplo que é aqui posto diante de nós por Davi, o qual, levado à dignidade de soberano poder, se cerca do esplendor de riquezas e honras, da posse da mais exuberante abundância de excelentes coisas temporais e em meio a prazeres principescos, não só testifica que era alvo da atenção divina, mas, evocando a memória dos benefícios que Deus lhe conferira, faz deles degraus pelos quais pudesse subir para mais perto dele. Por esse meio ele não só refreia a depravação de sua carne, mas também se estimula à gratidão com mais intensa solicitude, bem como a outros exercícios da piedade, como transparece da frase conclusiva do Salmo, onde diz: “E habitarei na casa do SENHOR para todo o sempre”. De modo semelhante, no Salmo 18, o qual foi composto num período de sua vida quando era aplaudido de todos os lados, chamando a si mesmo de servo de Deus, demonstrava humildade e simplicidade de coração a que atingira, e, ao mesmo tempo, publicamente testificava sua gratidão, aplicando-se à celebração dos louvores divinos.

Deus nos abençoe!

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sábado, 10 de maio de 2025

“JESUS CRISTO, O PÃO DA VIDA”

“JESUS CRISTO, O PÃO DA VIDA”

“Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede. Porém eu já vos disse que, embora me tenhais visto, não credes. Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora [...]. Eu sou o pão da vida" (Jo 6.35-37,48).

Deus nos abençoe!

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quarta-feira, 7 de maio de 2025

"TESOUROS"

“TESOUROS”

“Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam; porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mt 6:19-21).


Deus nos abençoe!

domingo, 4 de maio de 2025

ELINE BAKKER - WEES VERHOOGD (LIVE)

ELINE BAKKER - WEES VERHOOGD (LIVE)

"Seja Exaltado"

"Teu louvor estará em nossos lábios,

Estará e permanecerá em nossos lábios, Jesus.

Nossos corações serão completamente Teus,

Será e permanecerá completamente Teu, Jesus".

Deus nos abençoe!

sábado, 3 de maio de 2025

O APÓSTOLO LADRÃO

O APÓSTOLO LADRÃO

“Então, Maria, tomando uma libra de bálsamo de nardo puro, mui precioso, ungiu os pés de Jesus e os enxugou com os seus cabelos; e encheu-se toda a casa com o perfume do bálsamo. Mas Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, o que estava para traí-lo, disse: Por que não se vendeu este perfume por trezentos denários e não se deu aos pobres? Isto disse ele, não porque tivesse cuidado dos pobres; mas porque era ladrão e, tendo a bolsa, tirava o que nela se lançava” (Jo 12:3.6).


Deus nos abençoe!

sexta-feira, 2 de maio de 2025

“A DESTRUIÇÃO DO PODER DE SATANÁS”


“A DESTRUIÇÃO DO PODER DE SATANÁS”

“E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado” (Jo 19.30).

4. Aqui vemos a destruição do poder de Satanás.

Veja-o pela fé. A cruz foi o presságio de morte do poder do diabo. Às aparências humanas parecia o momento de seu maior triunfo, todavia, na realidade foi a hora de sua derrota definitiva. Em virtude da cruz o Salvador declarou, “Agora é o juízo deste mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo” (Jo 12.31). É verdade que Satanás não foi ainda acorrentado e lançado no abismo, entretanto, a sentença foi dada (ainda que não executada); seu fim é certo; e seu poder já está quebrado no que diz respeito aos crentes.

Para o cristão, o diabo é um inimigo vencido. Ele foi derrotado por Cristo na cruz — “para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo” (Hb 2.14). Os crentes já foram tirados “da potestade das trevas” e transportados para o reino do Filho do amor de Deus (Cl 1.13). Satanás, então, deve ser tratado como um inimigo derrotado. Ele não mais tem qualquer reivindicação legítima sobre nós. Outrora éramos seus “cativos” por lei, mas Cristo nos livrou. Outrora andávamos “segundo o príncipe das potestades do ar”; mas agora temos de seguir o exemplo que Cristo nos deixou. Outrora Satanás “operava em nós”; mas agora Deus é quem opera em nós tanto o querer quanto o efetuar, segundo sua boa vontade. Tudo o que temos de fazer é “resistir ao diabo”, e a promessa é que “ele fugirá de vós” (Tg 4.7).

“Está consumado”. Aqui estava a resposta triunfante à cólera do homem e à inimizade de Satanás. Ela conta a perfeita obra que vai de encontro ao pecado no lugar do julgamento. Tudo estava completado exatamente como Deus queria tê-lo, como os profetas haviam predito, como o cerimonial do Antigo Testamento prefigurava, como a santidade divina requeria, e como os pecadores necessitavam. Quão contundentemente apropriado é que esse sexto brado do Salvador na cruz seja encontrado no evangelho de João — o evangelho que mostra a glória da deidade de Cristo! Ele aqui não encomenda sua obra à aprovação divina, mas sela-a com o seu próprio imprimatur, atestando-a como completa, e dando-lhe a todo-suficiente sanção de sua própria aprovação. Nenhum outro além do Filho de Deus diz “ESTÁ consumado” — quem pois ousa duvidar ou questionar?

“Está consumado”. Leitor, você crê nisso? ou está tentando adicionar algo de si mesmo à obra completa de Cristo para assegurar o favor de Deus? Tudo o que você tem que fazer é aceitar o perdão que ele adquiriu. Deus está satisfeito com a obra de Cristo, por que você não está? Pecador, no momento em que você crer no testemunho de Deus sobre seu Filho amado, nesse momento todo pecado que você cometeu é apagado, e você fica em posição aceitável em Cristo! Ó, não gostaria você de possuir a certeza de que não há nada entre sua alma e Deus? Não gostaria você de saber que todo pecado foi expiado e posto de lado? Então, creia no que a palavra de Deus diz acerca da morte de Cristo. Não descanse em seus sentimentos e experiências, mas na palavra escrita. Há apenas um caminho para se encontrar paz, e isso é mediante a fé no sangue derramado do Cordeiro de Deus.

Deus nos abençoe!

Arthur W. Pink (1886-1952).

*Faça-nos uma oferta (Pix 083.620.762-91).

*Visite a Igreja Presbiteriana do Brasil - Curitiba(PR).

“O CUMPRIMENTO DAS EXIGÊNCIAS DA LEI”


“O CUMPRIMENTO DAS EXIGÊNCIAS DA LEI”

“E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado” (Jo 19.30).

3. Aqui vemos o cumprimento das exigências da lei.

“A lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom” (Rm 7.12). Como poderia ela ser menos que isso, já que o próprio Deus a tinha ideado e dado! A culpa não estava na lei, mas no homem que, sendo depravado e pecador, não a podia guardar. Todavia, aquela lei tem que ser guardada, e guardada por um homem, de modo que a lei pudesse ser honrada e exaltada, e justificado aquele que a deu. Por conseguinte, lemos: “Porquanto o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne; para que a justiça da lei se cumprisse em (não “por”) nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o espírito” (Rm 8.3,4). A “enfermidade” aqui é aquela do homem caído. O envio do Filho de Deus na semelhança da carne do pecado (grego, corretamente traduzido pela versão Almeida Revista e Corrigida) refere-se à Encarnação: como lemos em uma outra versão, “Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei” (Gl 4.4,5 ARA). Sim, o Salvador nasceu “sob a lei”, nasceu sob ela para que pudesse guardá-la perfeitamente em pensamento, palavra e obras. “Não cuideis que vim destruir a lei, ou os profetas: não vim abrogar, mas cumprir” (Mt 5.17); essa foi sua pretensão.

Mas não apenas o Salvador guardou os preceitos da lei, ele também sofreu sua pena e suportou sua maldição. Nós a tínhamos quebrado e, tomando nosso lugar, ele deve receber sua justa sentença. Tendo recebido sua pena e sofrido sua maldição, as exigências da lei são completamente atendidas e a justiça é satisfeita. Por conseguinte, está escrito a respeito dos crentes: “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós” (Gl 3.13). E outra vez: “Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê” (Rm 10.4). E outra vez ainda: “Pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça” (Rm 6.14).

“Livres da lei, Ó feliz condição!

Jesus abençoa e há remissão.

Amaldiçoados pela lei e mortos pela queda,

A graça nos redimiu de uma vez por todas”.

 

Deus nos abençoe!

Arthur W. Pink (1886-1952).

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quinta-feira, 1 de maio de 2025

“O FIM DE NOSSOS PECADOS”


“O FIM DE NOSSOS PECADOS”

“E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado” (Jo 19.30).

2. Vemos aqui o fim de nossos pecados.

Os pecados do crente — todos os seus — foram transferidos ao Salvador. Como diz a Escritura: “O SENHOR fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos” (Is 53.6). Se Deus pois lançou minhas iniquidades sobre Cristo, não mais estão elas sobre mim. Há pecado em mim, pois a velha natureza adâmica permanece no crente até a morte ou até o retorno de Cristo, caso ele venha antes que eu morra, porém, não há mais pecado algum sobre mim. Tal distinção entre pecado EM e pecado SOBRE é uma distinção vital, e deve haver pouca dificuldade em sua apreensão. Se eu dissesse que o juiz deu a sentença sobre um criminoso, e que esse está agora sob sentença de morte, todos entenderiam o que eu quis dizer. Da mesma forma, todos fora de Cristo tem a sentença da condenação divina que repousa sobre si. Porém, quando um pecador crê no Senhor, recebe-o como seu Senhor e Salvador, ele não mais está “sob condenação” — o pecado não mais está sobre si, ou seja, a culpa, a condenação, a pena do pecado, não mais está sobre ele. E por quê? Porque Cristo levou nossos pecados em seu próprio corpo sobre o madeiro (1Pe 2.24). A culpa, a condenação e a pena de nossos pecados foram transferidas ao nosso substituto. Em consequência, porque meus pecados foram transferidos a Cristo, eles não mais estão sobre mim.

Essa preciosa verdade foi contundentemente ilustrada nos tempos do Antigo Testamento em conexão com o Dia Anual da Expiação em Israel. Naquele dia, Arão, o sumo-sacerdote (um tipo de Cristo), dava satisfação a Deus pelos pecados que Israel cometera durante o ano anterior. A maneira como isso era feito está descrita em Levítico 16. Dois bodes eram tomados e apresentados diante de Deus à porta do tabernáculo; isso era antes que qualquer coisa fosse feita com eles; isso representava Cristo apresentando-se a Deus, oferecendo para entrar neste mundo, e ser o Salvador dos pecadores. Um dos bodes era então escolhido e morto, e seu sangue era levado para dentro do tabernáculo, no interior do véu, no Santo dos Santos e, ali, era espargido perante e sobre o propiciatório — prefigurando a Cristo oferecendo-se como um sacrifício a Deus, para satisfazer às exigências de sua justiça e aos requerimentos de sua santidade.

Lemos então que Arão saía do tabernáculo e punha ambas as mãos sobre a cabeça do segundo bode (vivo) — significando um ato de identificação pelo qual ele, o representante de toda a nação, identificava o povo com o animal, reconhecendo que seu destino era o que seus pecados mereciam, e que, hoje, corresponde às mãos da fé, segurando Cristo e identificando a nós mesmos consigo em sua morte. Tendo posto suas mãos na cabeça do bode vivo, Arão agora confessava sobre ele “todas as iniquidades dos filhos de Israel, e todas as suas transgressões, segundo todos os seus pecados, e os porá sobre a cabeça do bode” (Lv 16.21). Desse modo, os pecados de Israel eram transferidos ao seu substituto. Finalmente se nos diz: “Assim aquele bode levará sobre si todas as iniquidades deles à terra solitária; e enviará o bode ao deserto” (Lv 16.22). O bode que carregava os pecados de Israel era introduzido num ermo inabitado, e o povo de Deus não mais via, nem ele nem seus pecados! Tipificando, isso era Cristo introduzindo nossos pecados em uma terra desolada onde Deus não estava, e ali dando um fim a eles. A cruz de Cristo, pois, é o túmulo de nossos pecados!

Deus nos abençoe!

Arthur W. Pink (1886-1952).

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*Visite a Igreja Presbiteriana do Brasil - Curitiba(PR).