“OUVE, SENHOR, A MINHA SÚPLICA”
“Ouve, SENHOR, a minha súplica, e cheguem a
ti os meus clamores” (Sl 102.1).
Essa solicitude mostra, uma vez mais, que
essas palavras não foram escritas para serem pronunciadas pelo displicente e
leviano, o que não poderia ser feito sem grosseiramente insultar a Deus. Ao
falar assim, os judeus cativos davam testemunho da severa e cruciante angústia
que suportavam, bem como do ardente desejo de obter algum alívio com que eram
inflamados. Ninguém podia pronunciar essas palavras com os lábios sem profanar
o nome de Deus, a menos que, ao mesmo tempo, agisse com um sincero e ardente afeto
do coração. Devemos particularmente atentar para a circunstância para a qual já
chamamos a atenção, ou, seja: que somos assim incitados pelo Espírito Santo ao
dever da oração em favor do bem-estar comum da Igreja. Enquanto cada pessoa
toma suficiente cuidado em prol de seus próprios interesses individuais,
raramente encontramos um em uma centena que se sinta afetado pelas calamidades
da Igreja. Temos, pois, mais necessidade de estímulos, mesmo quando vemos o
profeta aqui empenhado com um acúmulo de palavras a corrigir nossa fraqueza e
indolência. Admito que o coração deve mover e dirigir a língua à oração; mas,
como amiúde sucede de o mesmo debilitar-se ou de cumprir seu dever de uma
maneira lenta e apática, requer-se que o mesmo seja auxiliado pela língua. Há
aqui uma influência recíproca. Como o coração, em contrapartida, deve seguir
antes das palavras e aquecê-las, assim a língua, por sua vez, ajuda e cura a
falta de fervor e torpor do coração. Os verdadeiros crentes de fato podem com
frequência orar não só ansiosamente, mas também fervorosamente, ainda que não
saia de seus lábios um único vocábulo. Entretanto, sem dúvida o profeta pela
expressão clamar tem em mente a veemência com que a tristeza
nos constrange a gritar.
Deus nos abençoe!
João Calvino (1509-1564).
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