“Conjuro-te,
perante Deus e Cristo Jesus”
“Conjuro-te,
perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela sua
manifestação e pelo seu reino: prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não,
corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina” (2Tm 4.1-2).
É preciso que observemos
cuidadosamente quão apropriadamente o apóstolo Paulo conecta a Escritura com o
ensino. Com isso entendemos que devemos refutar aqueles que, em sua arrogância,
se gabam de não mais precisarem de mestres, uma vez, que a leitura da Escritura
é plenamente suficiente. Mas quando Paulo fala da utilidade da Escritura (2Tm
3.16), ele conclui não só que todos devam lê-la, mas também que os mestres
devem administrá-la, que é o dever a eles imposto. E assim, visto que toda a
sabedoria está contida na Escritura, e que nem nós nem os mestres devemos
buscá-la em alguma outra fonte, aquele que ignora o auxílio da voz audível e se
contenta com a leitura silenciosa da Escritura, descobrirá quão errôneo é
desconsiderar aquela forma de aprender ordenada por Deus e Cristo.
Lembremo-nos, pois, disto: o fato de a leitura da Escritura ser recomendada a
todos não anula o ministério dos pastores; que, portanto, os crentes aprendam a
tirar proveito tanto da leitura quanto da exposição da Escritura, visto que não
foi em vão que Deus ordenou ambas as coisas.
Tanto aqui, quanto em outras questões de grande importância, Paulo acrescenta uma solene exortação, pondo diante de Timóteo Deus como Vingador e Cristo como Juiz, caso ele deixasse de exercer seu ofício de mestre. Como Deus ofereceu uma prova de quanto cuidado ele tem pela salvação de sua Igreja, não poupando seu Filho unigênito, assim ele não permitirá que fique impune a negligência dos pastores através de quem as almas que ele redimiu com um preço tão alto pereçam ou se tornem presa fácil de Satanás.
A razão porque Paulo faz
especial menção do juízo de Cristo consiste em que ele requererá de nós, que
somos seus representantes, a mais estrita conta de nossa má administração. E pela
expressão, “os vivos e os mortos”, ele aponta tanto para aqueles a quem ele
encontrar vivos em sua vinda como também aqueles que já estiverem mortos. Dessa
forma, ninguém escapará de seu juízo. Quando ele diz: “por sua manifestação e
por seu reino”, ambas as palavras tem o mesmo sentido, porque, ainda que agora
seu governo se estenda ao céu e à terra, todavia seu reino não se fez plenamente
manifesto; ao contrário, ele permanece à sombra da cruz e é violentamente resistido
por seus inimigos. Seu reino será verdadeiramente estabelecido quando ele tiver
vencido seus inimigos e transformado em nada todo poder contrário, e portanto
tiver publicamente exibido sua majestade.
Aleluia!
João Calvino (1509-1564).
*As Pastorais, Edições Paracletos.
*Visite a Igreja Presbiteriana Silva Jardim - Curitiba/PR.
Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário.
(41)3242-1115
Nenhum comentário:
Postar um comentário