"SER CRISTÃO É TER MENTE E CORAÇÃO DE CRISTO".



quinta-feira, 27 de outubro de 2022

“LUGARES ESCORREGADIOS”


“LUGARES ESCORREGADIOS”

“Certamente tu os puseste em lugares escorregadios; tu os precipitarás na destruição” (Sl 73.18).

O salmista, passando em revista seus conflitos, começa, se pudermos usar tal expressão, sentindo-se um novo homem; e fala com mente tranquila  e  compassada,  sendo,  por assim  dizer, elevado  a uma  torre  de vigia, donde obtém uma clara e distinta visão das coisas que antes lhe eram ocultas. A resolução do profeta Habacuque era de assumir tal posição, e, por seu exemplo, ele nos prescreve isso como um antídoto em meio às tribulações - “Pôr-me-ei em minha guarda”, diz ele, “e pôr-me-ei sobre  a torre”  (Hc 2.1). 

O salmista, pois, mostra quanta vantagem se pode derivar do acesso a Deus. Agora vejo, diz ele, como procedes em tua providência; pois, embora os ímpios continuem estáveis por um breve tempo, contudo estão, por assim dizer, empoleirados em lugares escorregadios, a fim de caírem antes que sejam precipitados na destruição. Ambos os verbos deste versículo estão no pretérito; mas o primeiro, os puseste em lugares escorregadios, deve ser entendido no tempo presente, como se houvesse dito: Deus, por um breve período, os põe em lugares altos, e, quando caem, sua queda pode ser extremamente pesada. É verdade que essa parece ser a porção tanto dos justos quanto dos ímpios; pois tudo neste mundo é escorregadio, incerto e mutável.  Visto, porém, que os crentes dependem do céu, ou, melhor, visto que o poder de Deus é o fundamento sobre o qual descansam, não se afirma deles que são postos em lugares escorregadios, não obstante a fragilidade e incerteza que caracterizam sua condição neste mundo. Que embora tremam ou mesmo caiam, o Senhor tem sua mão sob eles para sustê-los e fortalecê-los quando tremerem, e erguê-los quando estiverem prostrados.

A incerteza da condição dos ímpios, ou, como ele aqui o expressa, sua condição escorregadia, procede disto: que eles sentem prazer em contemplar seu próprio poder e grandeza, e se admiram por essa conta, tal como uma pessoa que teria de caminhar ociosamente sobre o gelo; e assim, por sua enfatuada presunção, se preparam para cair de ponta cabeça. Não devemos delinear em nossa imaginação a roda da fortuna, a qual, quando gira, enreda todas as coisas em total confusão; devemos, porém, admitir a verdade em relação à qual o profeta aqui chama a atenção, e a qual ele nos diz se faz conhecida de todos os santos no santuário, ou, seja, que há uma secreta e divina providência que administra todas as atividades do mundo.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

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Rua Elias Karan, 150..

quinta-feira, 20 de outubro de 2022

"MEDITA ESTAS COISAS" - IV


Nunca houve um santo sobre a face da terra que não tenha visto a si mesmo como um vil pecador - de modo que se você não sente que é um vil pecador, não é parecido com os santos.

As pessoas nunca são salvas antes de compreenderem que não podem salvar a si mesmas. Não há nada que nos afaste mais da salvação do que pensar que podemos salvar-nos a nós mesmos.

Não há valor nenhum numa profissão de fé cristã, se não for acompanhada pelo desejo de ser semelhante a Cristo, pelo desejo de livrar-se do pecado, pelo desejo de obter santidade positiva.

Não podemos estar cientes da nossa necessidade de redenção, sem o Espírito Santo; na verdade, não podemos crer sem a operação do Espírito Santo.

É importante lembrar também que nosso Senhor Jesus Cristo disse do Espírito: “Ele vai me glorificar”. O Espírito foi enviado particularmente para glorificar o Senhor Jesus Cristo, não a ele mesmo. O Senhor Jesus Cristo disse que foi enviado para glorificar o Pai, e assim o fez, apontou as pessoas para o Pai. Ele iria desaparecer e as pessoas não seriam capazes de encontrá-lo. Ele não busca glorificação pessoal. Ele veio para glorificar o Pai. E ele diz do Espírito: “O Espírito é enviado para me glorificar”. Então uma das maiores provas da obra do Espírito e especialmente do batismo com o Espírito Santo, é o desejo de glorificar o Senhor Jesus Cristo.

Deus nos abençoe!

Martiyn Lloyd-Jones (1899-1981).

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"MEDITA ESTAS COISAS" - III


Desde muitos anos, tenho a profunda convicção de que a santidade prática e a inteira autoconsagração a Deus não são suficientemente seguidas pelos crentes modernos. A política, ou a controvérsia, ou o espírito de partidarismo, ou o mundanismo têm corroído o cerne da piedade viva em muitos dentre nós. O assunto da santidade pessoal tem retrocedido lamentavelmente para o segundo plano. O padrão de vida tem-se tornado dolorosamente baixo em muitos círculos. Tem sido por demais negligenciada a imensa importância de ornar “em todas as coisas, a doutrina de Deus, nosso Salvador” (Tt 2.10), tornando-a bela e atraente mediante nossos hábitos diários e nosso temperamento. As pessoas do mundo queixam-se, com razão de que aqueles que são chamados de “religiosos” não são tão amáveis, altruístas e dotados de boa natureza como as outras pessoas que não professam ter religião. Contudo, a santificação, em seu devido lugar e proporção, é algo tão importante quanto a justificação. A sã doutrina protestante e evangélica será inútil, se não for acompanhada por uma vida santa. Ou pior do que inútil, será prejudicial. Será desprezada pelos homens sagazes e perspicazes deste mundo como algo irreal e vazio, o que faz com que a religião cristã seja lançada no opróbrio. “Purifiquemo-nos de toda a impureza, tanto da carne como do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus” (2Co 7.1).

A questão a ser considerada não é se você é um grande ou pequeno pecador, se você é eleito ou não, se você é convertido ou não. A questão é simplesmente essa: Você sente e odeia seus pecados? Você se sente pesado e oprimido? Você está disposto a colocar sua vida nas mãos de Deus? Se esse é o caso, então a porta se abrirá para você. Venha hoje. Por que você permanece aí fora?


Venha para Jesus: Ele não veio salvar o sábio aos seus próprios olhos, mas buscar o que estava perdido. Venha para o Cordeiro de Deus: Ele tira o pecado do mundo; e mesmo que seu coração seja cheio de iniquidade ele será mudado.


Deus nos abençoe!

J.C.Ryle (1816-1900).

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"MEDITA ESTAS COISAS" - II


Tudo o que dizemos será inútil, se não for confirmado pelo que fazemos.

Todos sabemos que "ações falam mais alto que palavras". Isso se aplica tanto ao domínio espiritual quanto ao natural. Imagine duas pessoas, uma parece andar humildemente perante Deus e os homens, viver uma vida que fala de um coração penitente e contrito; é submissa a Deus na aflição, mansa e gentil para com os outros homens. A outra fala sobre quão humilde é, como se sente condenada pelo pecado, como se prostra no pó perante Deus, etc; não obstante, se comporta como se fosse o cabeça de todos os cristãos da cidade! É mandona, importante perante ela mesma e não suporta crítica. Qual dessas duas dá a melhor demonstração de ser uma verdadeira cristã? Não é falando às pessoas sobre nós mesmos que demonstramos nosso cristianismo. Palavras custam pouco. É pela dispendiosa e desinteressada prática cristã que mostramos a autenticidade de nossa fé.

Estou supondo, é claro, que essa prática cristã existe numa pessoa que diz acreditar na fé cristã, pois o que estamos testando é a sinceridade daqueles que se dizem cristãos. Não iríamos - e não deveríamos - aceitar como cristão alguém que negue as doutrinas cristãs essenciais, não importa quão bom e santo ele pareça. Junto com a prática cristã, deve haver uma aceitação das verdades básicas do evangelho. Essas incluem crer que Jesus é o Messias, que morreu para satisfazer a justiça de Deus contra nossos pecados, e outras doutrinas dessa ordem. A prática cristã é a melhor prova da sinceridade e salvação daqueles que dizem acreditar nessas verdades, mas não prova coisa alguma sobre a salvação daqueles que as negam!

É possível ter grande conhecimento das doutrinas no intelecto e ainda assim não ter gosto pela beleza da santidade nessas doutrinas. A pessoa sabe intelectualmente em sua mente, mas não conhece espiritualmente em seu coração. Mero conhecimento doutrinário se assemelha a alguém que viu e tocou o mel. Conhecimento espiritual se assemelha a alguém que sentiu o gosto doce do mel em seus lábios. Este sabe muito mais sobre o mel do que aquele que somente olhou e tocou!


Deus nos abençoe!

Jonathan Edwards (1703-1758). 

*Visite a Igreja Presbiteriana do Brasil no bairro Fazendinha/Curitiba.
Rua Elias Karan, 150.

"MEDITA ESTAS COISAS" - I


Muitos ouvem a palavra pregada, mas poucos são salvos. “Muitos são chamados, mas poucos, escolhidos” (Mt 22.14). É a maior loucura do mundo deixar as considerações sobre o nosso estado eterno para algum tempo incerto no futuro que talvez nunca chegue.

Não pensem que devido se confessarem ser cristãos, e desfrutarem das bênçãos externas do evangelho, vocês necessariamente já pertencem a Cristo. Vocês podem se comparar com outros e achar que são melhores que alguns deles. Mas, se confiarem naquilo que são para sua salvação, ou naquilo que fazem, então decepcionarão suas almas para sempre (Mt 3.9).

Mas agora considerem o amor infinito de Cristo ao chamá-lo para vir a Ele e receber vida, perdão, graça, paz e salvação eterna. Há muitos encorajamentos dados nas Escrituras que servem bem aos perdidos, convictos pecadores. Jesus Cristo ainda se apresenta diante dos pecadores chamando-os, convidando-os e encorajando-os para que venham a Ele. Através da pregação dos ministros cristãos, Cristo diz: “Por que vocês querem morrer? Por que não têm pena de suas almas? Venham a Mim e Eu removerei todos os seus pecados, lamentos, temores e pesos. Eu darei descanso às suas almas”. Considerem a grandeza do Seu perdão, graça e amor ao chamá-los tão sinceramente para virem a Ele. Não deixem que o veneno da incredulidade, que inevitavelmente leva à ruína eterna, faça com que desprezem este santo convite para vir a Cristo.

Deus nos abençoe!

John Owen (1616-1683).

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Rua Elias Karan, 150.

“A VERDADEIRA RELIGIÃO E AS EMOÇÕES”


“A VERDADEIRA RELIGIÃO E AS EMOÇÕES”

"Amarás, pois, o SENHOR teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de toda a tua força" (Dt 6.5).

A religião requerida por Deus não consiste em desejos fracos, opacos e sem vida, elevando-nos somente um pouco acima da apatia. Em Sua Palavra, Deus insiste muito que sejamos sérios, espiritualmente dinâmicos e que nossos corações se envolvam vigorosamente no cristianismo. Esse envolvimento vivo, vigoroso do coração na verdadeira religião é o resultado da circuncisão espiritual, ou regeneração, a que pertencem as promessas de vida. "O SENHOR teu Deus circuncidará o teu coração, e o coração de tua descendência, para amares ao SENHOR teu Deus de todo o coração e de toda a tua alma, para que vivas" (Dt 30.6).

Se não formos sérios no nosso cristianismo, e nossas vontades não forem vigorosamente ativas, nada somos. Realidades espirituais são tão imensas, que nossos corações não respondem adequadamente a elas, a menos que ajam dinâmica e poderosamente. O exercício de nossa vontade não é tão necessário em nada mais quanto é nas coisas espirituais; em nenhuma outra coisa a indiferença é tão odiosa. A verdadeira religião é poderosa, e seu poder aparece primeiramente no coração. É por isso que as Escrituras chamam a verdadeira religião "o poder da piedade", distinguindo-a da aparência exterior que é somente sua forma - "tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder" (2Tm 3.5).

O Espírito Santo é o Espírito de poderosa e santa emoção, nos verdadeiros cristãos. E por isso que as Escrituras dizem que Deus nos deu um espírito "de poder, de amor e de moderação" (2Tm 1.5). Quando recebemos o Espírito Santo, dizem as Escrituras que somos batizados "com o Espírito Santo e com fogo". Esse "fogo" representa as santas emoções que o Espírito produz em nós, de modo que "nos ardia o coração" (Mt 3.11; Lc 24.32).

Deus, que nos criou, não só nos deu emoções, porém fê-las a própria causa de nossas ações. Não tomamos decisões ou agimos, exceto se o amor, o ódio, o desejo, o medo ou alguma outra emoção, nos influenciar. Isso se aplica tanto a assuntos seculares como aos espirituais. É por isso que muitas pessoas ouvem a Palavra de Deus falando-lhes sobre coisas infinitamente importantes - sobre Deus e Cristo, pecado e salvação, céu e inferno - e ainda assim não há mudança em sua atitude ou comportamento. A razão é simples: o que ouvem, não as afeta. Não toca suas emoções. De fato, proclamo ousadamente que nenhuma verdade espiritual jamais mudou a atitude ou a conduta de alguém, a não ser que tenha despertado suas emoções. Nenhum pecador jamais desejou ardentemente pela salvação, nenhum cristão jamais acordou do frio espiritual, a não ser que a verdade tenha afetado o seu coração. Esta é a medida da importância das emoções!

Deus nos abençoe!

Jonathan Edwards (1703-1758).

*A Genuína Experiência Espiritual, Editora PES.

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segunda-feira, 17 de outubro de 2022

“PERSEVERANÇA DOS SANTOS”


“PERSEVERANÇA DOS SANTOS”

Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Hb 7.25).

Está escrito: “É por eles que eu rogo; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus” (Jo 17.9). Este cuidado, esta intercessão especial do Senhor Jesus, é um dos grandes segredos da perseverança e segurança dos santos. “Com efeito, nos convinha um sumo sacerdote como este, santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores e feito mais alto do que os céus. Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Hb 7.25,26).

Se nós estamos firmes na fé, não é por causa da nossa própria força e responsabilidade, mas porque temos um intercessor Poderoso, Santo e Fiel. Quando Pedro caiu negando o nosso Senhor, mas posteriormente experimentando um profundo arrependimento e restauração, a razão para isso está nas palavras de Cristo: “Eu, porém, roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça” (Lc 22.32).

Podemos descansar nesta verdade. A intercessão de Cristo é suficiente para nos proteger deste mundo mal e nos fortalecer em nossas lutas contra todo o império e poder das trevas. Porém, este descanso não nos exime de observarmos cuidadosamente o que está escrito em Efésios 6.10-12. “Sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo; porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes”.

CFW.XVII.i,ii - “Da Perseverança dos Santos”.

“Aqueles a quem Deus aceitou em seu Amado, eficazmente chamados e santificados por seu Espírito, não podem decair do estado de graça, nem total, nem finalmente; mas, com toda certeza perseverarão nesse estado até ao fim e serão eternamente salvos”.

“Esta perseverança dos santos depende, não de seu próprio livre arbítrio, mas da imutabilidade do decreto da eleição, procedente do livre e imutável amor de Deus Pai, da eficácia do mérito e intercessão de Jesus Cristo; da habitação do Espírito e da semente divina neles; e da natureza do pacto da graça; e de tudo que gera sua exatidão e infalibilidade”.

Deus nos abençoe!

Pr. José Rodrigues Filho

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“É POR ELES QUE EU ROGO”

 


“É POR ELES QUE EU ROGO”

“É por eles que eu rogo; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus” (Jo 17.9).

No versículo nove, Jesus diz algo dos discípulos que os coloca numa posição diferenciada do mundo incrédulo. Cristo intercede por eles de forma especial. Ele disse: “É por eles que eu rogo; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus”. O ensino contido aqui pode ser, e é muitas vezes mal interpretado por aqueles que têm despertado dentro de si sentimentos de rancor ao anunciar ou ouvir que Deus estabeleceu e notou determinada diferença entre os homens. Todos nós concordamos que Deus nunca utilizou de igual complacência e favor ao lidar com o bem e o mal, com o justo e o perverso, com a santidade e a impiedade, com a justiça e a injustiça (Gn 6.1-9; Gn 18.16-33). Portanto, na intercessão de Cristo em favor dos seus discípulos há harmonia e bom senso. “É por eles que eu rogo; não rogo pelo mundo”. Os discípulos seriam odiados pelo mundo, rejeitados, perseguidos, maltratados e mortos por causa de Cristo e do seu evangelho. “Mas vem a hora em que todo o que vos matar julgará com isso tributar culto a Deus” (João 16.2,3).

Naturalmente, assim como outras verdades, essa também requer um esclarecimento mais adequado. É verdade que Deus ama todos os pecadores e os chama à salvação; entretanto, também é verdade que Ele ama de maneira especial todos aqueles que em Cristo Jesus foram colocados em um novo estado, numa nova posição. Estes foram transportados das trevas para a luz, estes são aqueles lavados no sangue do Cordeiro, estes são os escolhidos, chamados eficazmente, justificados mediante a fé em Cristo e glorificados pelo poder de Deus (Rm 8.30).

É verdade que a redenção em Cristo Jesus é suficiente para todo o mundo, que ela é oferecida gratuitamente a todos os homens; mas também é verdade que essa redenção é eficaz somente para aqueles que creem.  “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus” (Jo 3.16-18).

Deus nos abençoe!

Pr. José Rodrigues Filho

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terça-feira, 11 de outubro de 2022

OS PAIS ECLESIÁSTICOS E A DOUTRINA DA JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ


OS PAIS ECLESIÁSTICOS E A DOUTRINA DA JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ

“Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5.1).

A doutrina da justificação somente pela fé em Cristo pode ser encontrada em alguns dos escritos do primeiro período da história da Igreja. Entendemos que esses registros deixados pelos chamados "Pais Eclesiásticos" não foram inspirados. Contudo, eles nos oferecem o correto ensino transmitido à Igreja pelos santos Apóstolos.

Clemente de Roma (talvez o mesmo mencionado em Filipenses 4.3), em sua carta aos Coríntios, diz: “Nós também, sendo chamados mediante a sua vontade em Cristo, não somos justificados por nós mesmos, nem por nossa própria sabedoria, ou entendimento, ou piedade, ou obras que temos feito com pureza de coração, porém pela fé...”.

Policarpo (falecido em 155 dC), um discípulo de João, escreveu: “Eu sei que mediante a graça você é salvo, não por obras, mas sim, pela vontade de Deus em Jesus Cristo.” (Epístola aos Filipenses).

Justino Mártir (falecido em 165 dC), escreveu: “Não mais pelo sangue de bodes e de carneiros, nem pelas cinzas de uma novilha... são os pecados purificados, e sim, pela fé, mediante o sangue de Cristo e de Sua morte, que por essa razão morreu.” (Diálogo com Trifa). (Hb 9.13).

Quando o imperador romano Constantino (falecido em 337 dC) tornou o cristianismo uma religião oficialmente reconhecida, e não mais uma fé perseguida, algumas heresias surgiram e feriram outras doutrinas básicas da fé cristã. Ao combater essas heresias e reafirmar a impotência pecaminosa da natureza humana, a necessidade de salvação pela graça e a expiação eficaz oferecida por Cristo, os fiéis remanescentes defendiam os fundamentos apostólicos da doutrina da justificação somente pela fé em Cristo.

Irineu (falecido no princípio do 3º século), discípulo de Policarpo, escreveu: “...através da obediência de um homem, que primeiro nasceu da Virgem, para que muitos pudessem ser justificados e receber a salvação”.

Orígenes, o grande professor, pensador e escritor do cristianismo (falecido em 253 dC), disse o seguinte: “Pela fé, sem as obras da lei, o ladrão na cruz foi justificado; porque... o Senhor não indagou a respeito de suas obras anteriores, nem aguardava a realização de qualquer obra depois de crer; antes... Ele o tomou para si mesmo como companheiro, justificado somente na base de sua confissão.”

Cipriano (falecido 258 dC), bispo na Igreja da África do Norte, escreveu: “Quando Abraão creu em Deus, isso lhe foi imputado para justiça, portanto, cada um que crê em Deus e vive pela fé, será considerado como uma pessoa justa”.

Basílio, bispo de Capadócia (falecido em 370 dC), deixou essas palavras: “O verdadeiro e perfeito gloriar-se em Deus é isto: quando o homem não se exalta por causa da sua própria justiça; é quando ele sabe por si mesmo que carece da verdadeira justiça e que a justificação é somente pela fé em Cristo”.

Atanásio, bispo de Alexandria (falecido em 373 dC), escreveu: “Nem por esses (isto é, esforços humanos), mas, à semelhança de Abraão, o homem é justificado pela fé”.

Ambrósio, bispo de Milão (falecido em 397 dC), famoso como grande pregador, nos deixou essas palavras: “Para o homem ímpio, para o homem que crê em Cristo, a sua fé lhe é imputada para justiça, sem as obras da lei, como também aconteceu com Abraão”.

Jerônimo, o grande tradutor da Bíblia para o latim (falecido em 420 dC), escreveu: “Quando um homem ímpio é convertido, Deus o justifica somente por meio da fé, não por causa de obras que na realidade, ele não possuía”.

João Crisóstomo, talvez o maior pregador de todos os “pais eclesiásticos (falecido 407 dC), e que viveu por muitos anos em Constantinopla. Dele nós temos: “Então, o que é que Deus fez? Ele fez com que um homem Justo (Cristo) se fizesse pecado (como Paulo afirma), para que Ele pudesse justificar pecadores... quando nós somos justificados, é pela justiça de Deus, não por obras... mas pela graça, pela qual todo o pecado desaparece” (2Co 5.21).

Agostinho, bispo de Hipona (falecido em 420 dC), disse: “A graça é algo doado; o salário é algo pago... é chamada graça porque ela é concedida gratuitamente. Você não comprou por nenhum mérito pessoal o que tem recebido. Portanto, em primeiro lugar, o pecador recebe a graça para que sejam perdoados os seus pecados... na pessoa justificada, as boas obras vêm depois; elas não precedem a graça, a fim de que a pessoa seja justificada... as boas obras que seguem a justificação manifestam o que o homem tem recebido”.

Anselmo, de Cantuária (falecido 1109 dC), um grande teólogo, e talvez mais conhecido por causa de seu estudo sobre a expiação do pecado por Cristo, escreveu: “Você acredita que não pode ser salvo, senão pela morte de Cristo?” Então, vá e,... ponha toda a sua confiança unicamente em Sua morte. Se Deus lhe disser: “Você é um pecador”, então responda: “Coloco a morte de nosso Senhor Jesus Cristo entre mim e o meu pecado”.

Bernardo de Claraval, considerado como o último dos Pais eclesiásticos (falecido em 1153 dC), deixou essas palavras: “Acaso a nossa justiça não seria apenas uma injustiça e imperfeição? Então, o que será dos nossos pecados, quando a nossa justiça não é suficiente para defender-se a si mesma? Vamos, portanto, com toda humildade, refugiar-nos na misericórdia, porque ela somente pode salvar as nossas almas... qualquer um que tenha fome e sede de justiça, que creia nAquele que “justifica o ímpio”, e assim sendo justificados somente pela fé, terá paz com Deus.

Estes testemunhos evidenciam que a doutrina da justificação somente pela fé em Cristo não foi uma invenção de Martinho Lutero. Os reformadores apenas redescobriram o que o próprio Deus nos ensina em Sua Palavra. Eis o soberbo! Sua alma não é reta nele; mas o justo viverá pela sua fé” (Hc 2.4). “Visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé” (Rm 1.17).

“A doutrina da justificação somente pela fé em Cristo é o teste pelo qual descobrimos se uma igreja é fiel ou infiel, sadia ou enferma”. Martinho Lutero (1483-1546).

Pr. José Rodrigues Filho

*Declarado Inocente, James Buchanan, Editora PES.

*Visite a Igreja Presbiteriana do Brasil no bairro Fazendinha/Curitiba.
Rua Elias Karan, 150.