"SER CRISTÃO É TER MENTE E CORAÇÃO DE CRISTO".



quarta-feira, 29 de março de 2023

“O RICO E O POBRE LÁZARO” – Parte II


“O RICO E O POBRE LÁZARO” – Parte II

“Aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos para o seio de Abraão; morreu também o rico e foi sepultado. No inferno, estando em tormentos, levantou os olhos e viu ao longe a Abraão e Lázaro no seu seio” (Lc 16.22,23).

Em segundo lugar, podemos notar que a morte virá a todas as classes de pessoas. 

Os que confiam no Senhor desfrutam do cuidado especial de Deus na hora da morte. O Senhor Jesus contou que, ao morrer o pobre Lázaro, ele foi “levado pelos anjos para o seio de Abraão”. Esta é uma afirmação repleta de alívio para a alma. Quando chegar a última hora dos que morrem no Senhor, eles serão levados pelos anjos para a morada dos justos, para o maravilhoso e eterno encontro dos santos. Findaram-se todas as suas necessidades, nada lhes falta; e, o melhor de tudo, eles estão com Cristo (Fp 1.23).

O Senhor Jesus também nos contou com bastante clareza que, depois de morto o rico estava no inferno, em tormentos, com o intenso desejo por água para refrescar a sua língua. Todos os seus deleites haviam acabado para sempre. Em toda a Bíblia, existem poucas passagens tão apavorantes como essa. E aquele que proferiu estas palavras, não esqueçamos, Ele é Fiel e Verdadeiro (Ap 19.11).

O lar celestial é uma realidade para os que confiam no Senhor. O castigo dos ímpios também é uma verdade que temos que sustentar. Desde o dia em que Satanás enganou Eva, quando disse: “É certo que não morrereis”, nunca faltou homens que negassem a verdade de Deus. Não se deixe enganar! “Buscai o SENHOR enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo, os seus pensamentos; converta-se ao SENHOR, que se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar” (Is 55.6,7).

J.C.Ryle (1816-1900).

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“O RICO E O POBRE LÁZARO” – Parte I


“O RICO E O POBRE LÁZARO” – Parte I

“Ora, havia certo homem rico que se vestia de púrpura e de linho finíssimo e que, todos os dias, se regalava esplendidamente. Havia também certo mendigo, chamado Lázaro, coberto de chagas, que jazia à porta daquele” (Lc 16.19,20).

Em um aspecto, esta parábola é singular nas Escrituras. É a única passagem da Bíblia que descreve a experiência do incrédulo após a morte. Por essa razão, assim como as demais, a parábola merece atenção especial.

Primeiramente, aprendemos que a condição de um homem neste mundo não é uma prova de seu estado aos olhos de Deus. O Senhor Jesus descreveu a condição desses dois homens. Um deles era muito rico; o outro, muito pobre. O rico, “todos os dias, se regalava esplendidamente”. O pobre era um “mendigo” que não tinha qualquer possessão. No entanto, o pobre possuía a graça de Deus, vivia pela fé e andava nas pisadas de Abraão. O rico era mundano, egoísta, estava morto em ofensas e pecados.

Nunca aceitemos a ideia de que os homens devem ser avaliados de acordo com a sua situação financeira e de que aquela pessoa que possui mais dinheiro deve receber a mais elevada consideração. Não existe na Bíblia qualquer fundamento para essa ideia. O ensino geral das Escrituras claramente se opõe. “Não foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento (1Co 1.26). “Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem o forte na sua força, nem o rico, nas suas riquezas; mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em me conhecer e saber que eu sou o SENHOR” (Jr 9.23,24). Riqueza não é uma indicação do favor de Deus, assim como a pobreza não é uma evidência do seu desprazer. Aqueles que Ele justifica e glorifica raramente possuem riquezas neste mundo. Se desejamos avaliar os homens da mesma maneira como Deus avalia, temos de fazê-lo de acordo com a graça que possuem.

Deus nos abençoe!

J.C.Ryle (1816-1900).

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quarta-feira, 22 de março de 2023

“NEM HAJA ALGUM IMPURO OU PROFANO” – Parte II


“NEM HAJA ALGUM IMPURO OU PROFANO” – Parte II

“...nem haja algum impuro ou profano, como foi Esaú, o qual, por um repasto, vendeu o seu direito de primogenitura” (Hb 12.16).

Como foi Esaú. Esse exemplo pode servir-nos como explicação do significado do termo profano, pois quando Esaú pôs mais valor numa única refeição do que em sua primogenitura, ele privou-se da bênção divina. Profanos, pois, são aqueles em quem o amor do mundo predomina e prevalece em tal medida que se esquecem do céu, tal como sucede com aqueles que são levados pela ambição, que vivem para o dinheiro e para as riquezas, entregam-se à glutonaria e se emaranham em todo gênero de deleites; e, em seus pensamentos e desejos, não dão qualquer espaço ao reino espiritual de Cristo; e, se o dão, talvez seja isso a última coisa em suas cogitações. Além do mais, tal exemplo é muitíssimo apropriado, porque quando o Senhor deseja manifestar a força do amor com que agracia seu povo, ele qualifica a todos quanto chamou à esperança da vida eterna de igreja dos primogênitos (v 23). Inestimável é a honra que ele nos agracia, comparada a toda a riqueza do mundo, a todas as suas vantagens, honras, deleites, bem como a tudo aquilo que comumente se imagina comunicar-nos uma vida feliz, na verdade não passa de um pobre repasto de lentilhas. Atribuir um alto valor às coisas que quase não valem nada é uma atitude que provém dos desejos depravados que cegam nossos olhos e nos fascinam. Portanto, se é nosso desejo possuir um lugar no santuário de Deus, então devemos aprender a desprezar tais iguarias, por meio das quais Satanás costuma enganar os réprobos.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564). 

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“NEM HAJA ALGUM IMPURO OU PROFANO” – Parte I


“NEM HAJA ALGUM IMPURO OU PROFANO” – Parte I

“...nem haja algum impuro ou profano, como foi Esaú, o qual, por um repasto, vendeu o seu direito de primogenitura” (Hb 12.16).

Assim como o apóstolo exortara os hebreus à santificação (v 14), também agora faz menção de um exemplo particular com o fim de convocá-los a que retrocedessem das contaminações a ela opostas, e diz que não houvesse ninguém que fosse impuro. Imediatamente avança para uma nota mais geral - “nem profano” -, termo que é apropriadamente contrastado com santidade. O Senhor nos chama precisamente com o propósito de fazer-nos santos, vivendo em sua obediência. Tal propósito se concretiza quando renunciamos o mundo. Todo aquele que se deleita em sua própria imundícia, de sorte que viva a revolver-se nela, profana a si próprio. Podemos ao mesmo tempo definir o profano em termos gerais, como aquele que não valoriza a graça de Deus suficientemente para buscá-la e assim rejeitar o mundo. Visto que os homens se fazem profanos de diversas maneiras, devemos tomar o maior cuidado para não facilitarmos a que Satanás nos macule com sua corrupção; e como não há genuína religião sem consagração, devemos progredir sempre no temor de Deus, na mortificação da carne e em toda a prática da piedade. Assim como somos profanos até que nos separemos do mundo, também recuamos da graça da santificação se porventura nos deleitarmos na imundícia do mundo.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

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segunda-feira, 20 de março de 2023

“COMO DIZ O ESPÍRITO SANTO”

 

“COMO DIZ O ESPÍRITO SANTO”

“Assim, pois, como diz o Espírito Santo: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração” (Hb 3.7,8).

O escritor da epístola aos Hebreus prossegue em sua exortação no sentido de que devem obedecer a Cristo. E para imprimir mais autoridade ao seu argumento, ele busca apoio no testemunho de Davi (Sl 95.7,8).

Como diz o Espírito Santo, é uma expressão eficaz para sensibilizar corações. É muitíssimo benéfico que nos acostumemos com essa forma de expressão, para que nos lembremos de que são as palavras de Deus e não as de homens que encontramos na Escritura Sagrada (2Pe 1.20,21)

Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração. Aqui temos indicado que nossa rebelião contra Deus não flui de qualquer outra fonte senão da intencional depravação em dificultar a entrada da graça de Deus. Temos por natureza um coração endurecido, e essa dureza nos é inerente do ventre materno, e somente Deus pode abrandá-lo e corrigi-lo. Se rejeitarmos a Voz de Deus, fazemo-lo movidos por nossa própria obstinação, e não por alguma influência externa. Todos nós somos nossas próprias testemunhas da veracidade desse fato. É por isso que o Espírito corretamente acusa todos os incrédulos de resistirem a Deus, bem como de serem eles os mestres e autores de sua própria obstinação, para que não venham a lançar culpa em algum outro. Daqui extrai-se a conclusão absurda de que existe em nós um livre poder para inclinar nossos próprios corações ao serviço de Deus. Antes, o oposto é que procede, a saber: que os homens é que, necessariamente, sempre endurecem seus corações, até que outro coração, de origem celestial, lhes seja propiciado. Como nossa inclinação é sempre para o mal, jamais cessaremos de resistir a Deus, até que sejamos transportados das trevas para a luz por sua poderosa mão.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

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quarta-feira, 15 de março de 2023

“NÃO ACHOU LUGAR DE ARREPENDIMENTO” – Parte II

“NÃO ACHOU LUGAR DE ARREPENDIMENTO” – Parte II

“Pois sabeis também que, posteriormente, querendo herdar a bênção, foi rejeitado, pois não achou lugar de arrependimento, embora, com lágrimas, o tivesse buscado” (Hb 12.17).

Continuando nossa meditação, suscita-se uma segunda pergunta, a saber: e se o pecador que é agraciado com o arrependimento não lucrar nada com ele? Tudo indica que o apóstolo está a insinuar isso quando diz que Esaú nada lucrou com seu arrependimento. Minha resposta toma por base o fato de que arrependimento, aqui, não é tomado no sentido de genuína conversão a Deus, mas só no sentido do terror com que Deus assusta os incrédulos depois de se entregarem por longo tempo às suas iniquidades. Nem é de estranhar dizer-se que tal terror é inútil, porquanto não caem em si nem passam a odiar seus vícios, mas são simplesmente torturados pelo senso do castigo. O mesmo se deve dizer no tocante às lágrimas. Sempre que um pecador chora seus pecados, o Senhor está pronto a perdoá-lo e a misericórdia divina nunca é buscada em vão, porquanto aquele que bate, a porta se lhe abre (Mt 7.8). Já que as lágrimas de Esaú eram lágrimas de um homem sem esperança, não foram derramadas diante do Senhor; por mais que os ímpios deplorem sua sorte, se queixem e lamentem, não batem à porta de Deus, porquanto esse ato só se pratica pela fé. Aliás, quanto mais dolorosamente sua consciência os acusa, mais lutarão contra Deus e lhe demonstrarão seu ódio. Desejam ter acesso à presença de Deus; visto, porém, que não encontram nada senão a ira divina, fugirão de sua presença. Assim, com frequência observamos que aqueles que jocosamente afirmam que terão suficiente chance de arrependimento, ao avizinhar-se a morte, quando de fato tal momento chega, clamam horrorizados em meio a cruel agonia diante do fato de não haver mais tempo de se obter misericórdia. Já se acham condenados à destruição, porque buscaram a Deus tarde demais.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

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“NÃO ACHOU LUGAR DE ARREPENDIMENTO” – Parte I


“NÃO ACHOU LUGAR DE ARREPENDIMENTO” – Parte I

“Pois sabeis também que, posteriormente, querendo herdar a bênção, foi rejeitado, pois não achou lugar de arrependimento, embora, com lágrimas, o tivesse buscado” (Hb 12.17).

Pois não achou lugar de arrependimento. Esta clausula significa que Esaú não ganhou nem obteve nada com o seu arrependimento por demais tardio, embora tenha, com temor, buscado a bênção que havia perdido por sua própria culpa. Visto que o apóstolo adverte que todos os que rejeitam a graça de Deus correm o mesmo risco, pode-se perguntar se não há esperança de perdão se a graça de Deus for recebida com desdém e seu reino rejeitado em prol do mundo. Respondo que o perdão não é vedado a tais pessoas de forma absoluta, mas são advertidas a tomar cuidado para que o mesmo não lhes suceda. Qualquer pessoa pode ver diariamente muitos exemplos da ira divina, pela qual Deus se vinga do menosprezo e dos escárnios dos profanos. Ao prometerem a si próprios que sempre verão um novo amanhã, Deus repentinamente os remove com uma inesperada forma de morte; quando dizem que o que ouvem acerca do juízo divino não passa de invenção, Deus então os persegue para que sejam forçados a enfrentá-lo como seu juiz; e os que têm suas consciências de todo mortas, logo depois sentirão terríveis agonias como retribuição de seu entorpecimento. Ainda que tal coisa não se dê com todos, todavia, como o perigo está sempre iminente, o apóstolo com razão adverte a todos a que estejam alerta.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

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terça-feira, 14 de março de 2023

“APÓSTOLO PELA VONTADE DE DEUS”


“APÓSTOLO PELA VONTADE DE DEUS”

“Paulo, chamado pela vontade de Deus para ser apóstolo de Jesus Cristo” (1Co 1.1).

Apóstolo – Ainda que essa palavra contenha um significado geral por meio de sua derivação, e além disso é às vezes tomada num sentido amplo, referindo-se a todos os ministros, indistintamente, não obstante pertencem a ela, como uma designação particular, os que foram separados pela comissão do Senhor com o fim de publicar o evangelho ao mundo inteiro. Mas era importante que Paulo fosse incluído em seu número, e isto por duas razões: primeiro, porque muito mais deferência era atribuída a eles do que aos demais ministros do evangelho; e, segundo, porque unicamente eles, estritamente falando, possuíam a autoridade de instruir todas as igrejas.

Pela vontade de Deus – Visto que o apóstolo está acostumado a reconhecer alegremente sua dívida para com Deus em virtude das muitas coisas boas que dele tem recebido, ele procede assim particularmente com referência ao seu apostolado, de modo que ele pode remover de si toda sombra de arrogância. E não há dúvida de que, como o chamado para salvação é de graça, o chamado para ofício de apóstolo é igualmente de graça, como Cristo ensina nestas palavras: “Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vos outros” (Jo 15.16). Ao mesmo tempo, contudo, Paulo deixa implícito que todos quantos tentam subverter o seu apostolado, ou de alguma forma opor-se a ele, se opõem à ordenação divina. Pois Paulo não se gloria futilmente, aqui, de seus títulos honoríficos, mas propositalmente defende seu apostolado de ser desacreditado de forma maliciosa. Porquanto, visto que sua autoridade teria sido suficientemente clara para os coríntios, não havia necessidade de se fazer menção da vontade de Deus especificamente, caso os homens injustos não estivessem tentando, por meios indiretos, impingir sua posição de honra outorgada por Deus.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

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“CHAMADO PARA SER APÓSTOLO”


“CHAMADO PARA SER APÓSTOLO”

“Paulo, chamado pela vontade de Deus para ser apóstolo de Jesus Cristo” (1Co 1.1).

Paulo inicia quase todas as suas cartas desta forma, com vista a granjear autoridade e aceitação de seu doutrinamento. Ele obtém autoridade para si mesmo na função, a ele imposta por Deus, de ser apóstolo de Cristo, enviado por Deus; [alcança] aceitação por meio do testemunho de seu próprio amor dedicado a todos aqueles para quem escreveu. Porque nos é mais fácil depositar fé em alguém que consideramos estar genuinamente bem disposto para conosco e fielmente cuidando de nossos interesses. Portanto, nesta saudação Paulo reivindica autoridade para si mesmo ao descrever-se como apóstolo de Cristo, verdadeiramente chamado por Deus, ou seja, separado pela vontade de Deus.

Duas coisas, porém, são requeridas daquele que será ouvido na igreja e que ocupará a posição de mestre: deve ser chamado por Deus para esse ofício, e deve ser fiel no cumprimento de seus deveres. Paulo alega, aqui, que ambas se aplicam a ele. Pelo título apóstolo, significa que ele cumpre os deveres de embaixador de Cristo, conscientemente, e proclama a genuína doutrina do evangelho. Mas para que ninguém assuma para si esta honra, de moto próprio, a menos que seja chamado para a mesma, ele acrescenta que não se lançou precipitadamente a ela, senão que fora por Deus designado a tomar posse dela.

Aprendamos, pois, a levar em consideração a ambos estes fatores quando quisermos saber a quem devemos ter como ministro de Cristo, ou seja: que seja ele chamado, e que seja fiel no cumprimento deste ofício. Visto que ninguém pode, por direito, arrogar para si a condição e ofício de ministro a não ser que seja chamado, assim não é bastante que uma pessoa seja chamada, caso não dê ela, também a satisfação de levar a bom termo o seu trabalho. O Senhor não escolhe ministros para serem ídolos mudos, nem para agirem ditatorialmente sob o pretexto de sua vocação, nem para fazerem de seus próprios caprichos sua lei. Ao contrário, a um só tempo Deus estabelece que tipo de homens devem ser, e os põe sob suas leis. Resumindo, ele os escolhe para o ministério a fim de que, em primeiro lugar, não sejam indolentes; e, em segundo lugar, que se mantenham dentro dos limites de seu ofício. Portanto, visto que o apostolado depende da vocação [divina], se alguém deseja ser considerado apóstolo, então deve provar que de fato o é, e fazer todo empenho para que os homens confiem nele e prestem atenção ao seu ensino. Pois já que Paulo conta com estas bases para reivindicar sua autoridade, seria insolência da parte de qualquer homem querer assumir tal posição sem elas!

Deus nossa abençoe!

João Calvino (1509-1564).

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segunda-feira, 13 de março de 2023

“PAASMORGEN VIERING”

“Celebração da manhã de Páscoa”

“Estando elas possuídas de temor, baixando os olhos para o chão, eles lhes falaram: Por que buscais entre os mortos ao que vive? Ele não está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos de como vos preveniu, estando ainda na Galileia” (Lc 24.5,6).


Deus nos abençoe!

domingo, 12 de março de 2023

sexta-feira, 10 de março de 2023

“SEM FÉ É IMPOSSÍVEL AGRADAR A DEUS” – Parte III


“SEM FÉ É IMPOSSÍVEL AGRADAR A DEUS” – Parte III

“De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam” (Hb 11.6).

De ambas essas cláusulas podemos agora concluir como e por que é impossível a alguém agradar a Deus sem o exercício da fé. Já que por natureza vivemos debaixo de sua maldição. Deus, com justa razão, nos trata com ira, e o antídoto não se encontra em nosso poder. Portanto, necessário se faz que Deus nos antecipe com sua graça, o que acontece quando descobrimos que Deus existe, de tal forma que nenhuma superstição corrupta nos desvie para outra direção; e, além disso quando somos assegurados da salvação que nos provém dele.

Se porventura alguém desejar um desenvolvimento mais completo desse argumento, então que leve em conta o seguinte ponto de partida: Que inútil será toda a nossa tentativa e experiência, a menos que olhemos para Deus. O único propósito de uma vida genuína é servir à glória divina, e tal coisa jamais sucederá a menos que o conhecimento dele nos abra o caminho. Tal coisa, porém, seria só uma parte da fé, o que nos seria de pouco proveito, a menos que a confiança lhe seja adicionada. A fé só será completa em todas as suas partes, para assegurar-nos o favor divino, quando sentimos inabalável confiança de que não o buscamos em vão, e assim nos assegurarmos de que dele nos vem a salvação. Nenhuma pessoa alimentará qualquer confiança de que Deus será o Galardoador de seus méritos, a menos que o orgulho a tenha embrutecido e se sinta cativada pelo seu pervertido amor-próprio. Portanto, essa confiança de que falamos não se apoia nas obras, nem na dignidade do próprio ser humano, mas tão-somente no favor divino. Visto que a graça de Deus se encontra fundamentada somente em Cristo, ele é o único a quem nossa fé deve contemplar.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

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“SEM FÉ É IMPOSSÍVEL AGRADAR A DEUS” – Parte II


“SEM FÉ É IMPOSSÍVEL AGRADAR A DEUS” – Parte II

“De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam” (Hb 11.6).

A segunda cláusula consiste nisto: que devemos estar plenamente persuadidos de que não se pode buscar a Deus em vão, convicção esta que inclui a esperança da salvação e a vida eterna. Ninguém terá seu coração preparado para buscar a Deus, a menos que perceba profundamente uma manifestação da divina munificência compelindo-o a esperar dele a salvação. Onde nenhuma salvação se evidencia, ou fugiremos de Deus, ou não o levaremos em consideração. Devemos ter sempre em mente que tal coisa tem de ser crida e não meramente imaginada, porquanto até mesmo os incrédulos podem às vezes alimentar tal noção; todavia, não se aproximam de Deus, visto que não podem contar com aquela fé genuína e sólida. Eis a segunda parte da fé, pela qual obtemos graça diante de Deus: quando nos sentimos seguros de que nossa salvação repousa nele.

Muitos são aqueles que pervertem insidiosamente esta cláusula, deduzindo dela os méritos das obras e a doutrina da salvação que delas provém. Eis o seu raciocínio: “Se agradamos a Deus pela fé, porque cremos que ele é o Galardoador, então segue-se que a fé leva em conta o mérito das obras”. Tal erro não poderia ser melhor refutado do que encarando a maneira de o buscar; pois todo aquele que se desvia desse caminho não pode ser considerado como que a buscar a Deus. A Escritura estipula que o caminho certo de se buscar a Deus consiste em que a pessoa que se vê prostrada, ferida, com a acusação de morte eterna e totalmente desesperada, deve fugir para Cristo como o único refúgio de salvação. Em parte alguma encontraremos que os méritos das obras devam nos conduzir a Deus com o fim de granjearmos seu favor. Aqueles que honestamente defendem esse princípio de se buscar a Deus não encontrarão nenhuma dificuldade, visto que o galardão refere-se não à dignidade ou ao prêmio das obras, mas à fé.

Isso liquida os frios arrazoados dos sofistas que dizem que agradamos a Deus através da fé por que merecemos quando nossa intenção é agradá-lo. A intenção do apóstolo é conduzir-nos muito mais alto, para que a própria consciência humana se convença de forma inabalável de que buscar a Deus não é um propósito fútil. Isso certamente sobrepuja muitíssimo a tudo quando podemos apreender para nós mesmos, especialmente quando alguém o aplica em termos pessoais. Que Deus é o Galardoador dos que o buscam é algo que não deve ser considerado em termos abstratos, mas cada um de nós, individualmente, deve aplicar a si mesmo as vantagens e os benefícios desta doutrina, para que saibamos que Deus tem cuidado de nós; que ele se preocupa tanto com nossa salvação que jamais se afastará de nós; que nossas orações são ouvidas por ele e que ele será sempre o nosso infalível Libertador. Visto que nenhuma dessas coisas nos vem senão por meio de Cristo, necessário se faz que nossa fé o tenha sempre em consideração e que repouse unicamente nele.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

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“SEM FÉ É IMPOSSÍVEL AGRADAR A DEUS” – Parte I


“SEM FÉ É IMPOSSÍVEL AGRADAR A DEUS” – Parte I

“De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam” (Hb 11.6).

A razão por que ninguém pode agradar a Deus sem o exercício da fé consiste nisto: ninguém jamais se aproxima de Deus se não crer que ele existe e estiver  convencido de que é o Galardoador dos que o buscam. Se o caminho para Deus só é aberto para a fé, segue-se que todos quantos se encontram fora da fé não podem agradar a Deus. A partir desse fato, o apóstolo mostra, em primeiro lugar, como a fé obtém o favor [divino] para nós, visto que ela é nossa mestra que nos orienta na adoração ao verdadeiro Deus; e, em segundo lugar, porque ela nos faz mais seguros da munificência divina, para que não nos pareça que o buscamos em vão.

A primeira vista, a exigência do apóstolo para crermos na existência de Deus não se nos afigura como uma questão de primeira grandeza. Se você, porém, fizer uma observação mais minuciosa, descobrirá que ela contém uma rica, profunda e sublime doutrina. Ainda que a existência de Deus seja uma doutrina que desfruta do consenso quase que universal e sem disputa, não obstante, a menos que o Senhor nos dê um sólido conhecimento de si mesmo, toda sorte de dúvidas nos assaltará para extinguir toda a nossa percepção do Ser divino. O intelecto humano é particularmente inclinado a esse gênero de vacuidade, de tal modo que se torna fácil esquecer-se de Deus. O apóstolo não está dizendo simplesmente que os homens devam ser persuadidos de que é possível a existência de algum gênero de deus, senão que ele está fazendo referência direta ao verdadeiro Deus. Repito, não será bastante que formulemos uma vaga ideia de Deus, senão que temos que discernir quem é o Deus verdadeiro.

Agora percebemos o que o apóstolo tencionava nesta cláusula. Ele afirma que não teremos acesso à presença de Deus, a menos que estejamos convencidos, nos mais profundos recessos de nossa alma, que Deus de fato existe, para que não sejamos levados de um lado para outro por toda sorte de opiniões. É evidente, à luz desse fato, que os homens cultuarão a Deus inutilmente, se porventura não observarem o modo correto; e que todas as religiões que não contêm o genuíno conhecimento de Deus são não só fúteis, mas também perniciosas, visto que todas aquelas que não sabem distinguir Deus dos ídolos estão sendo impedidas de se aproximarem dele. Não pode haver religião alguma onde não reine a verdade. Se um genuíno conhecimento de Deus habita os nossos corações, seguir-se-á inevitavelmente que seremos conduzidos a reverenciá-lo e a temê-lo. Não é possível ter um genuíno conhecimento de Deus exceto pelo prisma de sua majestade. É desse fator que nasce o desejo de servi-lo.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

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