“Paulo, chamado pela vontade de Deus para ser apóstolo
de Jesus Cristo” (1Co 1.1).
Apóstolo – Ainda que essa palavra contenha
um significado geral por meio de sua derivação, e além disso é às vezes tomada
num sentido amplo, referindo-se a todos os ministros, indistintamente, não
obstante pertencem a ela, como uma designação particular, os que foram
separados pela comissão do Senhor com o fim de publicar o evangelho ao mundo
inteiro. Mas era importante que Paulo fosse incluído em seu número, e isto por
duas razões: primeiro, porque muito mais deferência era atribuída a eles do que
aos demais ministros do evangelho; e, segundo, porque unicamente eles,
estritamente falando, possuíam a autoridade de instruir todas as igrejas.
Pela vontade de Deus – Visto que o apóstolo
está acostumado a reconhecer alegremente sua dívida para com Deus em virtude
das muitas coisas boas que dele tem recebido, ele procede assim particularmente
com referência ao seu apostolado, de modo que ele pode remover de si toda
sombra de arrogância. E não há dúvida de que, como o chamado para salvação é de
graça, o chamado para ofício de apóstolo é igualmente de graça, como Cristo
ensina nestas palavras: “Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo
contrário, eu vos escolhi a vos outros” (Jo 15.16). Ao mesmo tempo, contudo,
Paulo deixa implícito que todos quantos tentam subverter o seu apostolado, ou
de alguma forma opor-se a ele, se opõem à ordenação divina. Pois Paulo não se
gloria futilmente, aqui, de seus títulos honoríficos, mas propositalmente
defende seu apostolado de ser desacreditado de forma maliciosa. Porquanto,
visto que sua autoridade teria sido suficientemente clara para os coríntios,
não havia necessidade de se fazer menção da vontade de Deus especificamente,
caso os homens injustos não estivessem tentando, por meios indiretos, impingir
sua posição de honra outorgada por Deus.
Deus nos abençoe!
João Calvino (1509-1564).
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