“NÃO ACHOU LUGAR DE ARREPENDIMENTO” – Parte I
“Pois sabeis também que, posteriormente, querendo herdar a bênção, foi
rejeitado, pois não achou lugar de arrependimento, embora, com lágrimas, o
tivesse buscado” (Hb 12.17).
Pois não achou lugar de arrependimento. Esta clausula significa que Esaú não ganhou
nem obteve nada com o seu arrependimento por demais tardio, embora tenha, com temor,
buscado a bênção que havia perdido por sua própria culpa. Visto que o apóstolo
adverte que todos os que rejeitam a graça de Deus correm o mesmo risco, pode-se
perguntar se não há esperança de perdão se a graça de Deus for recebida com
desdém e seu reino rejeitado em prol do mundo. Respondo que o perdão não é vedado
a tais pessoas de forma absoluta, mas são advertidas a tomar cuidado para que o
mesmo não lhes suceda. Qualquer pessoa pode ver diariamente muitos exemplos da
ira divina, pela qual Deus se vinga do menosprezo e dos escárnios dos profanos.
Ao prometerem a si próprios que sempre verão um novo amanhã, Deus
repentinamente os remove com uma inesperada forma de morte;
quando dizem que o que ouvem acerca do juízo divino não passa de invenção, Deus então os persegue para que sejam forçados a enfrentá-lo como seu
juiz; e os que têm suas consciências de todo mortas, logo depois sentirão
terríveis agonias como retribuição de seu entorpecimento. Ainda que tal coisa
não se dê com todos, todavia, como o perigo está sempre iminente, o apóstolo
com razão adverte a todos a que estejam alerta.
Deus nos abençoe!
João Calvino (1509-1564).
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