“Assim, pois, como diz o Espírito Santo:
Hoje, se ouvirdes a sua voz, não
endureçais o vosso coração” (Hb 3.7,8).
O escritor da epístola aos Hebreus prossegue
em sua exortação no sentido de que devem obedecer a Cristo. E para imprimir
mais autoridade ao seu argumento, ele busca apoio no testemunho de Davi (Sl
95.7,8).
Como
diz o Espírito Santo, é uma expressão eficaz para sensibilizar
corações. É muitíssimo benéfico que nos acostumemos com essa forma de
expressão, para que nos lembremos de que são as palavras de Deus e não as de
homens que encontramos na Escritura Sagrada (2Pe 1.20,21)
Hoje, se ouvirdes a sua voz, não
endureçais o vosso coração.
Aqui temos indicado que nossa rebelião contra Deus não flui de qualquer outra
fonte senão da intencional depravação em dificultar a entrada da graça de Deus.
Temos por natureza um coração endurecido, e essa dureza nos é inerente do
ventre materno, e somente Deus pode abrandá-lo e corrigi-lo. Se rejeitarmos a
Voz de Deus, fazemo-lo movidos por nossa própria obstinação, e não por alguma
influência externa. Todos nós somos nossas próprias testemunhas da veracidade
desse fato. É por isso que o Espírito corretamente acusa todos os incrédulos de
resistirem a Deus, bem como de serem eles os mestres e autores de sua própria obstinação,
para que não venham a lançar culpa em algum outro. Daqui extrai-se a conclusão
absurda de que existe em nós um livre poder para inclinar nossos próprios
corações ao serviço de Deus. Antes, o oposto é que procede, a saber: que os
homens é que, necessariamente, sempre endurecem seus corações, até que outro
coração, de origem celestial, lhes seja propiciado. Como nossa inclinação é
sempre para o mal, jamais cessaremos de resistir a Deus, até que sejamos transportados
das trevas para a luz por sua poderosa mão.
Deus nos abençoe!
João Calvino (1509-1564).
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