"SER CRISTÃO É TER MENTE E CORAÇÃO DE CRISTO".



domingo, 25 de junho de 2023

“SEJA A VOSSA VIDA SEM AVAREZA”

SEJA A VOSSA VIDA SEM AVAREZA”

“Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos com as coisas que tendes; porque ele tem dito: De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei. Assim, afirmemos confiantemente: O Senhor é o meu auxílio, não temerei; que me poderá fazer o homem?” (Hb 13.5,6).

Com o proposito de corrigir a ganância, o autor de Hebreus correta e sabiamente nos incita a vivermos contentes com o que possuímos. Ao vivermos contentes com que o Senhor já nos presenteou - seja muito, seja pouco -, estamos revelando o genuíno desprendimento do dinheiro ou, pelo menos, a boa intenção no correto e moderado uso dele. Pois raramente sucede que o avarento se satisfaça com alguma coisa, senão que, ao contrário, os que não se satisfazem com uma porção moderada, sempre buscarão mais, mesmo quando desfrutem das mais opulentas riquezas. Essa é a doutrina que o apóstolo Paulo diz ter aprendido, ou seja: que aprendera a viver em abundância, bem como a enfrentar necessidades (Fp 4.12). A pessoa que aprende a restringir seus desejos a fim de descansar feliz com sua porção, na verdade conseguiu banir de seu coração o amor ao dinheiro.

Vemos que o servo de Deus cita, aqui, dois fragmentos de testemunho: “De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei”. Quanto ao primeiro, creio que foi inferido do ensino comum da Escritura, embora ele diga que o Senhor, em outra parte, promete que jamais falhará em relação a nós. De tal promessa ele infere o que se acha expresso no Salmo 118.6, “O Senhor está comigo; não temerei. Que me poderá fazer o homem?”, ou seja: que possuímos uma forte base para subjugar o medo quando nos sentimos seguros do auxílio divino. É indubitável que a ausência de fé constitui a fonte da avareza. Qualquer que alimente a firme convicção de que jamais será esquecido pelo Senhor não viverá em nociva perplexidade, visto que sua dependência está radicada na providência divina. Portanto, ao desejar o apóstolo curar-nos da doença da avareza, com propriedade nos lembra das promessas divinas, pelas quais ele testifica que Deus estará sempre presente conosco. Daqui ele conclui que, enquanto tivermos um Ajudador tão solícito, não deve existir motivo algum para medo.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

*Visite a Igreja Presbiteriana Silva Jardim - Curitiba/PR.
Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário. 

terça-feira, 13 de junho de 2023

JEZUS OVERWINNAAR: HET CONCERT

Jesus Vitorioso: O Concerto


Deus nos abençoe!

“OS ELEITOS DE DEUS E A CONVERSÃO”


“OS ELEITOS DE DEUS E A CONVERSÃO”

“Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” (Rm 8.29).

Quaisquer que sejam os propósitos de Deus, os quais são secretos, estou certo de que suas promessas são fiéis. “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou” (Rm 8.26-30).

Com que desespero os rebeldes argumentam: “Se eu sou eleito, serei salvo; não importa o que eu faça. Caso contrário, estarei perdido, faça o que fizer”. Pecador perverso, você começa onde deveria terminar. A Palavra não está longe de você? O que ela diz? “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados” (At 3.19). “Crê no Senhor Jesus e serás salvo” (At 16.31). “Porque, se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte; mas, se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo, certamente, vivereis” (Rm 8.13). O que pode ser mais claro? Não fique discutindo sobre a eleição, mas disponha-se a arrepender-se e a crer. Clame a Deus pela graça da conversão. As coisas reveladas lhe pertencem; ocupe-se com elas. Como já bem disse alguém: “Aqueles que não se alimentam da carne da Palavra ficarão sufocados com os ossos”. Quaisquer que sejam os propósitos do céu, estou certo de que se eu me arrepender e crer, serei salvo; e se não me arrepender, serei condenado. Isto não é um chão seguro para você?

Mais particularmente, esta mudança de conversão entende-se ao homem na sua totalidade. Uma pessoa carnal pode ter alguns fragmentos de boa moralidade, mas jamais será completamente boa. A conversão não é o simples reparo de um velho edifício; mas ela o derruba por completo e edifica uma nova estrutura. Não se trata de um remendo de santidade; mas, no caso do verdadeiro convertido, a santidade é tecida em todas as suas capacidades, princípios e práticas. O cristão autêntico é, por assim dizer, uma nova estrutura, desde os alicerces até o telhado. Ele é um novo homem, uma nova criatura; todas as coisas se tornaram novas (2Co 5.17). A conversão é uma obra profunda, é uma obra do coração. Ela produz um novo homem num novo mundo. Ela se estende ao homem inteiro: à mente, aos membros e a todos os aspectos da sua vida.

Deus nos abençoe!

Joseph Alleine (1634-1668).

*Visite a Igreja Presbiteriana Silva Jardim - Curitiba/PR.
Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário. 

sexta-feira, 9 de junho de 2023

“MAS FOSTES SANTIFICADOS”


“MAS FOSTES SANTIFICADOS”

“Tais fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus” (1Co 6.11).

Os membros, estes que antes eram instrumentos do pecado, agora se tornaram instrumentos santos no templo vivo de Cristo. Aquele que antes desonrava o seu corpo, agora possui o seu vaso em santificação e honra, em temperança, em castidade, em sobriedade, e o dedica ao Senhor.

O olho, que antes era irrequieto, dissoluto, arrogante, cobiçoso, é agora empregado, como o de Maria, em chorar pelos seus pecados, em contemplar a Deus através das Suas obras, em ler a Sua Palavra ou procurar motivos de misericórdia e oportunidades para o Seu serviço.

O ouvido, que antes estava aberto à voz de Satanás, e que só se deleitava com coisas imundas ou conversas vãs e com a risada dos tolos, encontra-se agora conquistado por Cristo e aberto aos Seus mensageiros. Ele diz: “Fala, Senhor, porque o teu servo ouve”. Ele espera por Suas palavras como pela chuva e tem mais prazer nelas do que no alimento (Jó 23.12), mais do que no mel e do que no licor dos favos (Sl 19.10).

A cabeça, que estava cheia de desígnios mundanos, está agora cheia de outros assuntos e aplica-se ao estudo da vontade de Deus; e o homem usa sua cabeça não tanto para obter lucro, mas para cumprir o seu dever. Os pensamentos e preocupações que enchem sua cabeça são, principalmente, como poderá agradar a Deus e fugir do pecado.

Seu coração, que era um poço de imundícia, tornou-se agora um altar de incenso onde o fogo do amor divino é mantido sempre aceso, do qual o sacrifício diário de oração e louvor, do doce aroma de desejos santos, exaltações e intercessões se elevam continuamente.

A boca tornou-se uma fonte de vida; sua língua é como prata escolhida e seus lábios alimentam a muitos. O sal temperou seu discurso e tirou a corrupção (Cl 4.6) e limpou o homem das conversas imundas, frívolas, jactanciosas, injuriosas, mentirosas, blasfemadoras, caluniadoras que outrora saiam como relâmpagos do inferno que havia em seu coração (Tg 3.6). A garganta, que era sepulcro aberto, agora exala o doce hálito da oração e do discurso santo e o homem fala uma outra língua, na linguagem da Canaã celestial, e jamais se sente tão bem como quando fala de Deus, de Cristo e dos assuntos referentes ao outro mundo. Sua boca produz sabedoria; sua língua se tornou a trombeta prateada de louvor ao seu Criador.

Nessas coisas, contudo, você encontrará o hipócrita tristemente deficiente. Ele fala, talvez, como um anjo, mas tem um olhar cobiçoso ou o lucro da injustiça em sua mão. Sua mão é branca, mas seu coração está cheio de imundícia (Mt 23.27), cheio de cobiças não dominadas, um forno cheio de concupiscência, uma fábrica de orgulho – a sede da malícia. Talvez, como a estátua de Nabucodonosor, ele tenha uma cabeça de ouro – uma grande quantidade de conhecimento – mas ela tem pés de barro; suas afeições são mundanas, ocupa-se de coisas terrenas, seu caminho e andar são sensuais e carnais.

Deus nos abençoe!

Joseph Alleine (1634-1668).

*Visite a Igreja Presbiteriana Silva Jardim - Curitiba/PR.
Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário. 

“O AUTOR DA CONVERSÃO”


“O AUTOR DA CONVERSÃO”

“O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito” (Jo 3.6).

O autor da conversão é o Espírito de Deus e, portanto, ela é chamada de “santificação do Espírito” (2Ts 2.13). Isto não exclui as outras pessoas da Trindade, pois o apóstolo nos ensina que devemos bendizer o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, “que segundo a sua muita misericórdia nos regenerou para uma viva esperança” (1Pe 1.3). E Cristo é mencionado como aquele que concede “a Israel o arrependimento” (At 5.31). Contudo, esta obra é atribuída principalmente ao Espírito Santo, e por isso é dito que somos “nascidos do Espírito” (Jo 3.5,6).

Portanto, a conversão é algo que supera o poder humano. Somos “nascidos, não do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (Jo 1.13). Vocês jamais devem pensar que podem converter-se a si mesmos. Se tiverem de ser convertidos para a salvação, abandonem qualquer esperança de fazê-lo segundo a sua própria força. É uma ressurreição dos mortos (Ef 2.1), uma nova criação (Gl 6.15), uma obra de absoluta onipotência (Ef 1.19). Isto tudo não está fora do alcance humano? Se não têm nada mais do que aquilo que receberam na ocasião do primeiro nascimento – uma boa natureza, um temperamento humilde, etc. – estão longe da verdadeira conversão.

Na regeneração Deus implanta em Seus eleitos uma nova natureza conduzindo-os a conversão. O termo conversão é empregado geralmente para exprimir os primeiros exercícios dessa nova natureza. É a suspensão de velhas formas de viver para o início de uma nova vida. "E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas" (2Co 5.17).

Deus nos abençoe!

Joseph Alleine (1634-1668).

*Visite a Igreja Presbiteriana Silva Jardim - Curitiba/PR.
Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário. 

quarta-feira, 7 de junho de 2023

CHEIO DO ESPÍRITO: Diferença entre Atos 2.4 e Efésios 5.18

 

CHEIO DO ESPÍRITO: A Diferença entre Atos 2.4 e Efésios 5.18

“Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem” (At 2.4).

“E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18).

Em Atos capítulo 1 versículo 5, lemos que o nosso Senhor disse aos discípulos que eles seriam “batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias”. Então, em Atos 2, obtemos o cumprimento desta promessa. O interessante é que Atos 2, onde nos é dado um relato de como os primeiros discípulos e apóstolos foram batizados com o Espírito Santo, o termo ‘batismo” não é usado; somos informados que “todos foram cheios do Espírito Santo”, e esse é o termo que geralmente é usado depois.

Isso tende a levar à confusão – as pessoas chegam à conclusão de que, toda vez que você se deparar com a frase “cheio do Espírito”, necessariamente terá que significar exatamente a mesma coisa. E é assim que muitas pessoas ficam totalmente confusas com o que lemos em Efésios 5.18: “E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito”. Agora veja isto, os discípulos ficaram cheios do Espírito no Dia de Pentecostes. Assim, essas pessoas tendem a cair no erro e na confusão de imaginar que essas coisas são idênticas.

O problema aqui é uma falha de entender o ensino do Novo Testamento sobre a obra e o modo de operação do Espírito Santo. Ele cumpre várias funções; elas incluem convicção e, particularmente, a regeneração. Mas ele também faz o trabalho de nos santificar: é o Espírito quem nos santifica através da verdade. Além disso, ele tem um grande papel nos assuntos da segurança, da certeza e, com isso do testemunho, do testificar, do mistério e da obra. Ora, as funções do Espírito Santo devem ser diferenciadas, caso contrário, haverá confusão interminável.

Assim, parece-me (e sempre foi reconhecido pelos grandes tratamentos clássicos deste assunto na doutrina da pessoa e da obra do Espírito Santo) que seu trabalho pode ser dividido da seguinte forma: sua obra regular e sua obra excepcional – ou se você preferir em uma linguagem diferente, sua obra indireta e sua obra direta.

Agora esta divisão na obra e operação do Espírito Santo é de grande importância. Talvez eu possa ilustrar isso de novo para você falando sobre avivamentos religiosos. O Espírito Santo está na igreja hoje e ele faz uma obra regular nela, embora estes sejam os dias das pequenas coisas. Mas não devemos desprezar esses dias porque, afinal de contas, o que está acontecendo é a obra do Espírito Santo. É isso que quero dizer com sua obra regular. Mas no momento em que você começa a ver os avivamentos religiosos, notamos que estes se sobressaem na história da igreja. Eles ainda são a obra do Espírito Santo, ele é ainda o operador, mas agindo de uma maneira excepcional e incomum.

Ou, considerando minha outra classificação, que é, talvez, para nosso propósito imediato, a mais importante das duas – o Espírito Santo normalmente trabalha através de meios. É isso que tenho em mente quando digo que sua obra é “indireta”. É o Espírito Santo quem nos deu a Palavra, e seu ministério regular, seu trabalho ordinário (se alguém pode usar tal termo em relação ao Espírito Santo) é lidar conosco através das Escrituras. Ele ilumina a mente, nos dá compreensão, abre as Escrituras para nós, usa o mestre ou o pregador, e assim por diante. Agora, mesmo que essa obra seja mais ou menos indireta, é simples e claro – esse é o centro de toda essa doutrina do batismo com o Espírito Santo – que o Espírito também trabalha e opera de maneira direta.

Eu quero tentar mostrar-lhes, portanto, que a maneira de evitar esta confusão de assumir que cada vez que você encontrar a expressão “cheio do Espírito” significa exatamente a mesma coisa, é observar o contexto e ver o que o escritor está falando. Em Efésios 5.18, como eu quero mostrar a você, ele está lidando com a santificação, e isso é mais ou menos sua obra regular, e, portanto, não tem nada a ver diretamente com toda essa questão de ser capaz de definir o que se entende por batismo com o Espírito Santo. Eu quero sugerir que um homem pode ser cheio do Espírito de maneira regular, nos termos de Efésios 5.18, e ainda não ser batizado com o Espírito de forma excepcional, direta e incomum, como vemos em Atos 2.

Deus nos abençoe!

Pr. Martyn Lloyd-Jones

*Extraído do livro “O batismo e os dons do Espírito: Poder e renovação segundo as Escrituras” – Martyn.Lloyd-Jones, Carisma Editora.

*Visite a Igreja Presbiteriana Silva Jardim - Curitiba/PR.
Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário.