"SER CRISTÃO É TER MENTE E CORAÇÃO DE CRISTO".



quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Deus Ordena aos Homens que Creiam

Deus Ordena aos Homens que Creiam
“Declarai e apresentai as vossas razões. Que tomem conselho uns com os outros. Quem fez ouvir isto desde a antiguidade? Quem desde aquele tempo o anunciou? Porventura, não o fiz eu, o SENHOR? Pois não há outro Deus, senão eu, Deus justo e Salvador não há além de mim. Olhai para mim e sede salvos” (Is 45.21,22).

A ninguém jamais se ordena que creia naquilo que não lhes foi revelado, ou pela luz da natureza, ou pela Palavra inspirada. “Os atributos invisíveis de Deus, assim como seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis; porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato” (Rm 1.20-21). A ninguém jamais se ordena que creia numa verdade meramente especulativa. As verdades da religião apoiam-se no testemunho de Deus. Este é reforçado por provas morais, e a fé nessas verdades envolve conhecimento moral e espiritual delas e satisfação nelas. Provas morais só podem ser devidamente apreciadas por quem possui sensibilidade moral; e a insensibilidade moral que leva à cegueira quanto à distinção entre o bem e o mal, é ela mesma um estado de depravação externa. As Escrituras, pois, luminosas pela sua própria luz evidencial, apresentam a verdade a todos a quem chega o seu conhecimento, e exigem que eles aceitem a verdade ao receberem o testemunho de Deus. Se alguém sentir que a evidência não é conclusiva pra ele, a causa não pode deixar de ser a cegueira pecaminosa do seu espírito. Por isso o Senhor Jesus Cristo diz: “Não quereis vir a mim para terdes vida” (Jo 5.40). E a incredulidade é sempre lançada à culpa do “coração mau”. “Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo; pelo contrário, exortai-vos mutuamente cada dia, durante o tempo que se chama Hoje, a fim de que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado” (Hb 3.12). Assim, pois, como diz o Espírito Santo: Hoje, se ouvirdes a voz do Bom Pastor, não endureçais o vosso coração. Medita nestas coisas!

Rev. José Oliveira Filho

*Esboços de Teologia, A.A.Hodge, Editora PES

*Visite a Igreja Presbiteriana do Brasil no Champagnat
Rua Desembargador Otávio do Amaral, 885 – Curitiba/PR
(41) 3023-5896

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Fé, um ato da Inteligência e da Vontade

Fé, um ato da Inteligência e da Vontade
“Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim” (Jo 5.39).

A alma possui duas faculdades principais - o entendimento e a vontade - a Escritura costuma mencionar em alguns casos estas duas coisas separadamente, quando propõe expressar o poder e a natureza da alma. O termo alma pode ser empregado no sentido da sede das afeições. E quando nos deparamos com a menção ao espírito, entendemos isto como denotando a razão ou inteligência. Assim sendo, levantamos a seguinte questão: Até onde a fé é um ato da inteligência, e até onde é um ato da vontade? Há em nós a capacidade de saber, conhecer e amar, desejar e decidir, e estes diversos atos da alma reúnem-se sobre o mesmo objeto. Nós não podemos amar, nem desejar, nem escolher aquilo que não conhecemos, nem podemos conhecer um objeto como bom ou verdadeiro sem que haja alguma afeição da vontade para com ele. O assentimento dado a uma verdade especulativa pode ser simplesmente um ato da inteligência; mas a crença numa verdade moral, num testemunho, em promessas, é necessariamente um ato complexo, abrangendo a vontade bem como a inteligência. “Qual a razão porque não compreendeis a minha linguagem? É porque sois incapazes de ouvir a minha palavra” (Jo 8.43). A inteligência apreende a verdade a crer, e avalia a validade das provas; mas a disposição para crer no testemunho, ou nas provas morais, tem sua base na vontade. A real confiança numa promessa é um ato da vontade, e não somente um juízo da inteligência sobre a fé que a promessa merece. Há uma relação exata entre o juízo moral e os afetos, e a vontade, como a sede dos afetos morais, determina os juízos morais. Por isso, assim como o homem é responsável por sua vontade, também o é por sua fé. “Inclinai os ouvidos e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei uma aliança perpétua, que consiste nas fiéis misericórdias prometidas a Davi” (Is 55.3). Até onde a fé inclui em si um ato de “cognição”, ela é evidentemente um ato da inteligência. Entretanto até onde inclui em si “assentimento” e “confiança”, envolve também as faculdades espontâneas e ativas da alma – “a vontade” – e nos seus exercícios superiores envolve muitas vezes a própria volição proposital. “Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim. Contudo, não quereis vir a mim para terdes vida” (Jo 5.39,40). Medita nestas coisas!

Rev. José Oliveira Filho

*1Tessalonicenses – Comentários de João Calvino
*Esboços de Teologia, A.A.Hodge, Editora PES

*Visite a Igreja Presbiteriana do Brasil no Champagnat
Rua Desembargador Otávio do Amaral, 885 – Curitiba/PR
(41) 3023-5896

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

“SANTIFICADOS NO ESPÍRITO, ALMA E CORPO”


“SANTIFICADOS NO ESPÍRITO, ALMA E CORPO”

“E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Tes 5.23).

Sem sombra de dúvida, a doutrina é disseminada em vão, a menos que Deus a implante em nossas mentes. O apóstolo Paulo, concordemente, sabendo que toda a doutrina é inútil enquanto Deus não a grava, por assim dizer, com o seu próprio dedo em nossos corações, suplica a Deus que santifique os tessalonicenses.

Sabemos, porém, que, sob o termo santificação, está inclusa toda a renovação do homem. É verdade que os tessalonicenses haviam sido em parte renovados, mas Paulo deseja que Deus aperfeiçoe o que resta. A partir disto inferimos que devemos, durante toda a nossa vida, fazer progresso na busca da santidade. Mas, se é o papel de Deus renovar todo o homem, não resta nada para o livre arbítrio. Pois, se fosse o nosso papel cooperar com Deus, Paulo teria falado assim: “Que Deus ajude ou promova a vossa santificação”. Mas, quando diz: vos santifique em tudo, ele o torna o Autor exclusivo de toda a obra.

E todo o vosso espírito. Isto é acrescentado como explicação, para que saibamos que a santificação de todo o homem é quando ele se conserva íntegro, ou puro, e incontaminado, em espírito, alma e corpo, até o dia de Cristo. Como, porém, tão completa integridade nunca será satisfeita nesta vida, convém que certo progresso em pureza seja feito diariamente, e algo seja removido de nossas contaminações enquanto vivemos no mundo.

Contudo, devemos notar esta divisão das partes constituintes do homem; pois, em alguns casos, é dito que o homem consiste simplesmente de corpo e alma; e, neste caso, o termo alma denota o espírito imortal, que reside no corpo como em uma habitação. Porém, como a alma possui duas faculdades principais – o entendimento e a vontade – a Escritura costuma mencionar em alguns casos estas duas coisas separadamente, quando propõe expressar o poder e a natureza da alma; mas, neste caso, o termo alma é empregado no sentido das sede das afeições, de modo que é a parte que se opõe ao espírito. Por isso, quando nos deparamos aqui com a menção ao espírito, entendamos isto como e notando a razão ou inteligência, assim como, por outro lado, o termo alma significa a vontade e todas as afeições.

Sei que muitos explicam as palavras de Paulo de outro modo, pois são da opinião de que, pelo termo alma, faz-se referência ao movimento vital, e, pelo espírito, àquela parte do homem que foi renovada; mas, neste caso, a oração de Paulo seria absurda. Ademais, é em outro sentido, conforme disse, que o termo costuma ser utilizado na Escritura. Quando Isaías diz: “Com minha alma te desejei de noite, e com o meu espírito, madrugarei a buscar-te” (Is 26:9), ninguém duvida de que ele fala do seu entendimento e afeição, e assim enumera dois aspectos da alma. Estes dois termos estão associados nos Salmos no mesmo sentido. Isto, também, corresponde melhor à declaração de Paulo. Pois como todo o homem é íntegro, exceto quando seus pensamentos são puros e santos, quando todas as suas afeições são retas e propriamente reguladas, quando, enfim, o próprio corpo mostra seus esforços e serviços apenas em boas obras? Pois a faculdade do entendimento é considerada pelos filósofos, por assim dizer, como se fosse uma mestra: as afeições ocupam um lugar médio no controle; o corpo presta obediência. Agora vemos bem como tudo corresponde. Pois nesse caso o homem é puro e íntegro quando não pensa nada em sua mente, não deseja nada em seu coração, não faz nada com o seu corpo, exceto o que é aprovado por Deus. Porém, como deste modo Paulo confia a Deus a guarda de todo o homem, e de todas as suas partes, devemos inferir a partir disto que estamos expostos a inúmeros perigos, a menos que sejamos protegidos pela sua guarda.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

*Visite a Igreja Presbiteriana da Silva Jardim - Curitiba/PR
Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário
(41)3242-8375