"SER CRISTÃO É TER MENTE E CORAÇÃO DE CRISTO".



sexta-feira, 10 de março de 2023

“SEM FÉ É IMPOSSÍVEL AGRADAR A DEUS” – Parte II


“SEM FÉ É IMPOSSÍVEL AGRADAR A DEUS” – Parte II

“De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam” (Hb 11.6).

A segunda cláusula consiste nisto: que devemos estar plenamente persuadidos de que não se pode buscar a Deus em vão, convicção esta que inclui a esperança da salvação e a vida eterna. Ninguém terá seu coração preparado para buscar a Deus, a menos que perceba profundamente uma manifestação da divina munificência compelindo-o a esperar dele a salvação. Onde nenhuma salvação se evidencia, ou fugiremos de Deus, ou não o levaremos em consideração. Devemos ter sempre em mente que tal coisa tem de ser crida e não meramente imaginada, porquanto até mesmo os incrédulos podem às vezes alimentar tal noção; todavia, não se aproximam de Deus, visto que não podem contar com aquela fé genuína e sólida. Eis a segunda parte da fé, pela qual obtemos graça diante de Deus: quando nos sentimos seguros de que nossa salvação repousa nele.

Muitos são aqueles que pervertem insidiosamente esta cláusula, deduzindo dela os méritos das obras e a doutrina da salvação que delas provém. Eis o seu raciocínio: “Se agradamos a Deus pela fé, porque cremos que ele é o Galardoador, então segue-se que a fé leva em conta o mérito das obras”. Tal erro não poderia ser melhor refutado do que encarando a maneira de o buscar; pois todo aquele que se desvia desse caminho não pode ser considerado como que a buscar a Deus. A Escritura estipula que o caminho certo de se buscar a Deus consiste em que a pessoa que se vê prostrada, ferida, com a acusação de morte eterna e totalmente desesperada, deve fugir para Cristo como o único refúgio de salvação. Em parte alguma encontraremos que os méritos das obras devam nos conduzir a Deus com o fim de granjearmos seu favor. Aqueles que honestamente defendem esse princípio de se buscar a Deus não encontrarão nenhuma dificuldade, visto que o galardão refere-se não à dignidade ou ao prêmio das obras, mas à fé.

Isso liquida os frios arrazoados dos sofistas que dizem que agradamos a Deus através da fé por que merecemos quando nossa intenção é agradá-lo. A intenção do apóstolo é conduzir-nos muito mais alto, para que a própria consciência humana se convença de forma inabalável de que buscar a Deus não é um propósito fútil. Isso certamente sobrepuja muitíssimo a tudo quando podemos apreender para nós mesmos, especialmente quando alguém o aplica em termos pessoais. Que Deus é o Galardoador dos que o buscam é algo que não deve ser considerado em termos abstratos, mas cada um de nós, individualmente, deve aplicar a si mesmo as vantagens e os benefícios desta doutrina, para que saibamos que Deus tem cuidado de nós; que ele se preocupa tanto com nossa salvação que jamais se afastará de nós; que nossas orações são ouvidas por ele e que ele será sempre o nosso infalível Libertador. Visto que nenhuma dessas coisas nos vem senão por meio de Cristo, necessário se faz que nossa fé o tenha sempre em consideração e que repouse unicamente nele.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

*Visite a Igreja Presbiteriana Silva Jardim - Curitiba/PR.
Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário.

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