“NEM HAJA ALGUM IMPURO OU PROFANO” – Parte II
“...nem haja algum impuro ou profano, como foi Esaú, o qual, por um
repasto, vendeu o seu direito de primogenitura” (Hb 12.16).
Como foi Esaú. Esse exemplo pode servir-nos como explicação do
significado do termo profano, pois quando Esaú pôs mais valor numa única
refeição do que em sua primogenitura, ele privou-se da bênção divina. Profanos,
pois, são aqueles em quem o amor do mundo predomina e prevalece em tal medida
que se esquecem do céu, tal como sucede com aqueles que são levados pela ambição,
que vivem para o dinheiro e para as riquezas, entregam-se à glutonaria e se
emaranham em todo gênero de deleites; e, em seus pensamentos e desejos, não dão
qualquer espaço ao reino espiritual de Cristo; e, se o dão, talvez seja isso a
última coisa em suas cogitações. Além do mais, tal exemplo é muitíssimo
apropriado, porque quando o Senhor deseja manifestar a força do amor com que
agracia seu povo, ele qualifica a todos quanto chamou à esperança da vida
eterna de igreja dos primogênitos (v 23).
Inestimável é a honra que ele nos agracia, comparada a toda a riqueza do mundo,
a todas as suas vantagens, honras, deleites, bem como a tudo aquilo que
comumente se imagina comunicar-nos uma vida feliz, na verdade não passa de um
pobre repasto de lentilhas. Atribuir um alto valor às coisas que quase não
valem nada é uma atitude que provém dos desejos depravados que cegam nossos
olhos e nos fascinam. Portanto, se é nosso desejo possuir um lugar no santuário
de Deus, então devemos aprender a desprezar tais iguarias, por meio das quais
Satanás costuma enganar os réprobos.
Deus nos abençoe!
João Calvino (1509-1564).
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