"SER CRISTÃO É TER MENTE E CORAÇÃO DE CRISTO".



terça-feira, 31 de outubro de 2017

A Reforma Protestante em 5 Pontos


A REFORMA PROTESTANTE EM 5 PONTOS
“Ecclesia reformata, semper reformanda est” – “Igreja reformada, sempre se reformando”. Este lema da igreja reformada continua vivo e pertinente. Medite sobre os cinco princípios que nortearam o movimento do Espírito denominado de Reforma Protestante.
(1) SOLA SCRIPTURA
“Toda escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (1Tm 3.16,17).
Durante a Idade Média a Igreja Cristã perdeu de vista o único referencial autoritativo para questões de fé e prática - a Escritura Sagrada. A tradição, a palavra do Papa, as decisões dos Concílios, a razão e os sentimentos se introduziram como “concorrentes”. A Reforma do século XVI resgatou o princípio que somente a Palavra de Deus pode decidir sobre o que deve ser crido e como a vida cristã deve ser vivida. Diante do tribunal que exigia sua retratação, Lutero disse: “Minha consciência está alicerçada pela Palavra de Deus”.
(2) SOLA GRATIA
“Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.8,9).
“Graça é o favor divino, imerecido, que elege, redime, regenera e preserva o pecador para promovê-lo ao céu”. Com o passar dos séculos, a Igreja cristã introduziu na sua compreensão de salvação a ideia do mérito, desviando-se do padrão apostólico original. Na teologia medieval, formulada por Tomás de Aquino, a natureza humana passou a ser considerada potencialmente boa, rompendo-se radicalmente com o conceito bíblico, também defendido por Agostinho, de que o homem nasce com o coração corrompido. “Como está escrito: Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer” (Rm 3.10-13).

(3) SOLA FIDE

“[…] visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé” (Rm 1.17).

A justificação somente pela fé foi a grande redescoberta que proporcionou a conversão de Martinho Lutero. Por muitos anos, desde que se tornara monge agostiniano, sua alma permanecia sem paz, uma vez que a doutrina oficial da Igreja dizia que a salvação era alcançada através das obras. A Reforma começou com a negação radical dessa ideia antibíblica, quando Lutero fixou suas 95 teses na porta da Igreja do castelo de Wittemberg como uma reação à infame venda de indulgências – certificado emitido pelo Papa e vendido para quem desejasse ter seus pecados perdoados. “O homem não é justificado por obras da lei e sim mediante a fé em Cristo Jesus” (Gl 2.16). Esse foi o entendimento e o ensino claro dos apóstolos sobre o único meio através do qual o pecador pode ser salvo – mediante a fé.

(4) SOLUS CHRISTUS

“E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (At 4.12).
O único Mediador entre Deus e os homens é Jesus Cristo. “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (1Tm 2.5). “Nenhum trabalho nosso – ou de qualquer outra pessoa ou santo – tem essa mesma honra”. Na era medieval, a Igreja se distanciou desse padrão introduzindo os sacerdotes, os santos, a própria Igreja e a Virgem Maria como mediadores concorrentes de Jesus Cristo. A Reforma enxergou com clareza esse desvio e o corrigiu, retornando ao padrão apostólico. Ninguém pode usurpar o lugar exclusivo de Jesus Cristo na salvação dos homens – Só Ele conseguiu viver sem pecar contra Lei de Deus e só Ele morreu como um inocente no lugar de pecadores culpados. Ele é o “Cordeiro de Deus” (Jo 1.36).
(5) SOLI DEO GLÓRIA
“Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra cousa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus” (1Co 10.31).

Dentre os cinco pontos cardeais da Reforma esse é o que estabelece toda glória a Deus. A era medieval corrompeu aos poucos esse padrão apostólico, transformando a fé cristã numa religião centrada no homem e não em Deus. A doutrina exaltava o homem, o culto era antropocêntrico, a Igreja transformou-se numa agência política e o sacerdócio era mais profano do que sagrado. O espetáculo da idolatria reinante na cristandade medieval era a mais gritante evidência de que o interesse pela glória de Deus havia sido abandonado. Toda glória é devida a Deus, uma vez que a salvação é efetuada exclusivamente segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor da glória de sua graça” (Ef 1.5,6). A teologia de João Calvino enfatiza compreensivelmente a soberania divina pela simples razão de tributar toda glória a Deus. Soli Deo Glória.

Pr. João Eiró

*Visite a Igreja Presbiteriana da Cidade Nova
Conj. Cidade Nova VI, entre Trav. WE-70 e WE-71
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Telefone: (91) 3263-9786 / (91) 98121-0845

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Venha para o Pai

Venha para o Pai
“Respondeu Jesus: Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai a não ser por mim” (Jo 14.6).

O que significa vir ao Pai? Significa simplesmente vir da morte para a vida, do pecado e da condenação para a inocência e piedade, da miséria e da aflição para a alegria e a bênção eternas. Cristo está dizendo: “Ninguém deve tentar vir para o Pai por um caminho diferente de mim. Somente eu sou o caminho, a verdade e a vida”. De uma maneira clara e poderosa, Cristo descarta e desaprova todo ensino de que a salvação possa ser obtida por obras. Ele nega completamente que podemos chegar ao céu por outro caminho, pois diz: “Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim”. Não tem outro jeito. A salvação só pode ser obtida pela fé que se agarra a Cristo. Nenhum trabalho nosso – ou de qualquer outra pessoa ou santo – tem essa mesma honra. Por outro lado, não podemos pensar que não é necessário fazermos boas obras. Precisamos primeiro vir a Cristo para receber a misericórdia de Deus e a vida eterna. Depois disso, devemos fazer boas obras e demonstrar amor. Essa distinção precisa ficar clara. Nunca podemos considerar a maneira como vivemos ou as obras que fazemos suficientemente poderosas para nos levar ao Pai. Mesmo que todos me abandonem e me deixem prostrado em ruínas, ainda terei um tesouro eterno que nunca pode me trair. Esse tesouro não é resultado de minhas próprias obras ou esforços. O tesouro é Cristo – o caminho, a verdade e a vida. Somente por meio de Cristo vou até o Pai. Eu me segurarei a essa verdade, viverei por ela e morrerei por ela.

Martinho Lutero (1483-1546).

* “Somente a Fé” -  Martinho Lutero - Editado por J.C.Calvin, Editora Ultimato.

*Visite a Igreja Presbiteriana da Silva Jardim - Curitiba/PR
Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário
(41)3242-8375

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Vivendo Por Meio de Cristo

Vivendo Por Meio de Cristo
Pois da mesma forma como em Adão todos morrem, em Cristo todos serão vivificados” (1Co 15.22).

Paulo está falando aqui somente sobre os cristãos. Ele quer ensiná-los e confortá-los a respeito de serem vivificados em Cristo. Apesar de que os não cristãos também ressuscitarão dos mortos, a ressurreição não será um conforto nem alegria para eles, porque estes serão levantados para julgamento, e não para a vida. Essa não é uma mensagem confortadora nem feliz para o mundo. Os ímpios não querem ouvi-la. Era assim que eu me sentia quando queria ser um monge santo e tentava ser piedoso. Eu preferia ouvir sobre todos os demônios no inferno a ouvir sobre o dia do julgamento. Meus cabelos ficavam em pé só de pensar nisso. O mundo todo odeia pensar em ter de deixar essa vida. As pessoas não querem morrer e ficam horrorizadas quando falamos da morte e do período da morte. Além disso, todos nós estamos presos a baboseira da nossa própria santidade e pensamos que, por meio das nossas próprias vidas e das nossas obras, poderemos aplacar o julgamento de Deus e ganhar um lugar no céu. Tudo o que conseguimos com isso é nos tornarmos piores e mais hostis em relação ao dia do julgamento. Não direi coisa alguma sobre o grande número de pessoas que procuram todo o seu prazer e conforto aqui nesta vida, que menosprezam a Palavra de Deus e que não dão um centavo sequer para Deus e seu reino. Não é de se surpreender que tais pessoas se irritem ao ouvirem sobre a ressurreição. Mas, para nós, essa mensagem é puro conforto e alegria, porque ouvimos que o nosso maior tesouro já está no céu. Somente uma pequena parte permanece na terra, a qual Cristo ressuscitará e atrairá para si mesmo com a mesma facilidade que se desperta alguém do sono.

Martinho Lutero (1483-1546).

* “Somente a Fé” -  Martinho Lutero - Editado por J.C.Calvin, Editora Ultimato.

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sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Sinais da Fé

Sinais da Fé
“Uma vez que vocês chamam Pai aquele que julga imparcialmente as obras de cada um, portem-se com temor durante a jornada terrena de vocês” (1Pe 1.17).

Nós ensinamos que Deus nos salva somente pela fé, independentemente das nossas obras. Por que, então, Pedro diz que Deus julga as obras de cada pessoa? Eis a razão: O que temos ensinado – que somente a fé nos justifica diante de Deus – é uma verdade inquestionável, pois está tão clara nas Escrituras que ninguém pode negar. O que o apóstolo diz aqui – que Deus julga de acordo com as obras – também é verdade. Devemos sempre nos lembrar de que, onde não há fé, não pode haver boas obras e, por sua vez, onde não há boas obras, não há fé. Portanto, devemos manter a fé e as obras conectadas. Toda a vida cristã é incorporada por ambas. A maneira como vivemos é importante, pois Deus nos julgará de acordo com ela. Mesmo que Deus nos julgue de acordo com as nossas obras, ainda é verdade que elas são apenas os frutos da fé. É assim que verificamos se temos fé ou não. Logo, Deus nos julgará com base no fato de termos acreditado ou não. Da mesma maneira, a única forma de julgar os mentirosos é por meio de suas palavras. Porém, continua sendo óbvio que eles não se tornam mentirosos por meio de suas palavras, mas que eles já eram mentirosos antes de cometerem uma única mentira. Pois a mentira chega à sua boca vinda do coração. As obras são os frutos e os sinais da fé. Deus julga as pessoas de acordo com esses frutos, os quais brotam da fé de maneira que revelam publicamente se temos fé em nossos corações ou não. Deus não nos julgará ao nos perguntar se somos chamados de cristãos ou se fomos batizados. Ele perguntará a cada um de nós: “Se você é um cristão, então me diga: onde estão os frutos que demonstram a sua fé?”

Martinho Lutero (1483-1546).

* “Somente a Fé” -  Martinho Lutero - Editado por J.C.Calvin, Editora Ultimato.

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terça-feira, 17 de outubro de 2017

A Fé se revela no Amor

A Fé se revela no Amor
“Este é o meu mandamento: amem-se uns aos outros” (Jo 15.17).

Nesta passagem, Cristo repete o mandamento de amar uns aos outros. Pelo amor, os cristãos se mantêm unidos e é o amor a marca dos verdadeiros cristãos. Jesus enfatizou esse mandamento porque sabia quantos falsos cristãos surgiriam – quantos louvariam a fé com palavras bonitas e com um grande espetáculo, mas não viveriam suas palavras. Assim como o santo nome de Deus é desonrado e usado para o mal e assim como o Cristianismo, a igreja e tudo o que é santo são utilizados de forma errônea e má, assim também a fé, o amor e as boas obras serão utilizados para promover um espetáculo falso e para sustentar máscaras. Pois o Diabo não deseja ser tão assustador como é normalmente pintado, mas, antes, deseja brilhar nas finas roupagens da Palavra de Deus, da igreja cristã, da fé e do amor. Cristo nos ensina que não é suficiente louvar a fé e a ele mesmo. Precisamos também produzir frutos. Pois onde esses frutos não forem evidentes, ou onde aparecer o oposto dos frutos, Cristo certamente não estará presente. Nesse caso, existirá apenas um falso nome. Essa é a razão pela qual devemos dizer a esses tipos de pessoas: “Eu ouço esse nome lindo e glorioso, que é nobre e digno de honra. Mas e quanto a você?” Da mesma forma o espírito maligno disse aos filhos de Ceva: “Jesus, eu conheço, Paulo, eu sei quem é; mas vocês, quem são?” (At 19.15). No entanto, alguns poderão questionar: “Não é a fé que nos justifica e nos salva, e não as obras?” Sim, isso é verdade. Mas onde está a sua fé? Como ela é demonstrada? A fé nunca deve ser inútil, surda, morta ou decadente. Antes, deve ser uma árvore viva e cheia de frutos. Essa é a diferença entre a fé genuína e a fé falsa. Se existe a fé verdadeira, ela se mostrará na vida da pessoa.

Martinho Lutero (1483-1546).

* “Somente a Fé” -  Martinho Lutero - Editado por J.C.Calvin, Editora Ultimato.

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sábado, 14 de outubro de 2017

Vivendo em Cristo

Vivendo em Cristo
“Filhinhos, agora permaneçam nele para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança e não sejamos envergonhados diante dele na sua vinda” (1Jo 2.28).

O que você deve fazer quando pensamentos de morte o amedrontam e a sua consciência o aborrece? Continue a viver em Cristo. Você precisa acreditar que não pode realizar coisa alguma por meio das suas próprias obras e que a única forma é por meio da justiça de Cristo. João 6.29 diz que a obra de Deus é “crer naquele que ele enviou”. Assim, quando Natã corrigiu Davi e este confessou seu pecado, Natã replicou: “O Senhor perdoou o seu pecado. Você não morrerá” (2Sm 12.13). Davi simplesmente vivia na graça. Ele nem mesmo pensava em tentar satisfazer a Deus com suas obras. Quando Natã disse: “O Senhor perdoou o seu pecado”, ele estava proclamando a mensagem da graça. E Davi acreditou nela. Depois que Adão pecou, ele não podia fazer coisa alguma que o trouxesse a um estado de graça. Mas Deus disse que um dos seus descendentes esmagaria a cabeça da serpente (Gn 3.15). Foi por causa dessa promessa que Adão viveu. Por ter acreditado nessa palavra, ele foi salvo e justificado sem quaisquer obras. A nossa natureza luta ardentemente contra a ideia de sermos salvos sem nossas obras e tenta nos enganar com uma grandiosa ilusão da nossa própria justiça. Assim, podemos nos encontrar atraídos a uma vida que apenas parece ser justa. Ou porque sabemos que não somos justos, podemos ser amedrontados pela morte ou pelo pecado. Portanto, precisamos aprender que não temos nada a fazer em relação a qualquer forma de nos tornarmos justos, exceto por meio de Cristo.

Martinho Lutero (1483-1546).

* “Somente a Fé” -  Martinho Lutero - Editado por J.C.Calvin, Editora Ultimato.

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sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Fé somente em Cristo

Pr. Valdir Steuernagel

Fé somente em Cristo
“Assim, nós também cremos em Cristo Jesus para sermos justificados pela fé em Cristo, e não pela prática da Lei, porque pela prática da Lei ninguém será justificado” (Gl 2.16).

Nós somos justificados por meio da fé em Cristo, e não por nossos próprios esforços. Não devemos deixar que ninguém nos confunda dizendo que a fé justifica as pessoas somente quando o amor e as boas obras são acrescentadas a ela. Se as pessoas ouvirem que elas devem crer em Cristo e que apenas a fé não justifica, a menos que o amor seja acrescentado a ela, elas cairão da fé imediatamente e pensarão: “Se a fé sem o amor não justifica, então a fé é vazia e inútil. Somente o amor justifica. Pois se a fé não é formada e realçada pelo amor, então nada é”. Para provar seus comentários nocivos, meus oponentes citam 1Coríntios 13.1,2: “Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor [...] nada serei”. Eles pensam que esses versículos são como uma parede impenetrável. Mas não compreendem os ensinamentos de Paulo. Nós devemos evitar esses comentários como se eles fossem veneno do inferno. Em vez disso, devemos concluir como Paulo que somos justificados somente pela fé, e não por meio da fé formada pelo amor. Assim, não devemos atribuir o poder da justificação a algo formado em nós que nos faz agradáveis a Deus. Devemos atribuí-lo à fé, a qual aceita a Cristo, o Salvador, e o mantém em nosso coração. Essa fé nos justifica, independentemente e anteriormente ao amor. Reconhecemos que também devemos ensinar sobre as boas obras e o amor. Mas somente os ensinamos na hora e no lugar apropriados – quando se trata de como devemos viver, e não de como somos justificados. A pergunta aqui é a seguinte: Como nos tornamos justificados e recebemos a vida eterna? Respondemos com Paulo que somos declarados justos somente por meio da fé em Cristo, e não por nossos próprios esforços.

Martinho Lutero (1483-1546).

* “Somente a Fé” -  Martinho Lutero - Editado por J.C.Calvin, Editora Ultimato.

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terça-feira, 3 de outubro de 2017

As 95 Teses de Martinho Lutero


As 95 Teses de Martinho Lutero

Em 31 de outubro de 1517, movido pelo Espírito Santo, Martinho Lutero afixou na porta da capela de Wittemberg 95 teses, o propósito era discutir e esclarecer a verdade sobre penitência, indulgências e salvação pela fé. Esse ato marcou o início da Reforma Protestante.

Movido pelo amor e pelo empenho em prol do esclarecimento da verdade discutir-se-á em Wittemberg, sob a presidência do Rev. padre Martinho Lutero, o que segue. Aqueles que não puderem estar presentes para tratarem o assunto verbalmente conosco, o poderão fazer por escrito. Em nome de nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.

1ª Tese
Dizendo nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo: Arrependei-vos..., certamente quer que toda a vida dos seus crentes na terra seja contínuo arrependimento.

2ª Tese
E esta expressão não pode e não deve ser interpretada como referindo-se ao sacramento da penitência, isto é, à confissão e satisfação, a cargo do ofício dos sacerdotes.

3ª Tese
Todavia não quer que apenas se entenda o arrependimento interno; o arrependimento interno nem mesmo é arrependimento quando não produz toda sorte de modificações da carne.

4ª Tese
Assim sendo, o arrependimento e o pesar, isto é, a verdadeira penitência, perdura enquanto o homem se desagradar de si mesmo, a saber, até a entrada desta para a vida eterna.

5ª Tese
O papa não quer e não pode dispensar outras penas, além das que impôs ao seu alvitre ou em acordo com os cânones, que são estatutos papais.

6ª Tese
O papa não pode perdoar divida senão declarar e confirmar aquilo que Já foi perdoado por Deus; ou então faz nos casos que lhe foram reservados. Nestes casos, se desprezados, a dívida deixaria de ser em absoluto anulada ou perdoada.

7ª Tese
Deus a ninguém perdoa a dívida sem que ao mesmo tempo o subordine, em sincera humildade, ao sacerdote, seu vigário.

8ª Tese
Canones poenitendiales, que não as ordenanças de prescrição da maneira em que se deve confessar e expiar, apenas aio impostas aos vivos, e, de acordo com as mesmas ordenanças, não dizem respeito aos moribundos.

9ª Tese
Eis porque o Espírito Santo nos faz bem mediante o papa, excluído este de todos os seus decretos ou direitos o artigo da morte e da necessidade suprema.

10ª Tese
Procedem desajuizadamente e mal os sacerdotes que reservam e impõem aos moribundos poenitentias canonicas ou penitências para o purgatório a fim de ali serem cumpridas.

11ª Tese
Este joio, que é o de se transformar a penitência e satisfação, previstas pelos cânones ou estatutos, em penitência ou penas do purgatório, foi semeado quando os bispos se achavam dormindo.

12ª Tese
Outrora canonicae poenae, ou sejam penitência e satisfação por pecadores cometidos eram impostos, não depois, mas antes da absolvição, com a finalidade de provar a sinceridade do arrependimento e do pesar.

13ª Tese
Os moribundos tudo satisfazem com a sua morte e estão mortos para o direito canônico, sendo, portanto, dispensados, com justiça, de sua imposição.

14ª Tese
Piedade ou amor imperfeitos da parte daquele que se acha às portas da morte necessariamente resultam em grande temor; logo, quanto menor o amor, tanto maior o temor.

15ª Tese
Este temor e espanto em si tão só, sem falar de outras cousas, bastam para causar o tormento e o horror do purgatório, pois que se avizinham da angústia do desespero.

16ª Tese
Inferno, purgatório e céu parecem ser tão diferentes quanto o são um do outro o desespero completo, incompleto ou quase desespero e certeza.

17ª Tese
Parece que assim como no purgatório diminuem a angústia e o espanto das almas, nelas também deve crescer e aumentar o amor.

18ª Tese
Bem assim parece não ter sido provado, nem por boas ações e nem pela Escritura, que as almas no purgatório se encontram fora da possibilidade do mérito ou do crescimento no amor.

19ª Tese
Ainda parece não ter sido provado que todas as almas do purgatório tenham certeza de sua salvação e não receiem por ela, não obstante nós termos absoluta certeza disto.

20ª Tese
Por isso o papa não quer dizer e nem compreende com as palavras “perdão plenário de todas as penas” que todo o tormento é perdoado, mas as penas por ele impostas.

21ª Tese
Eis porque erram os apregoadores de indulgências ao afirmarem ser o homem perdoado de todas as penas e salvo mediante a indulgência do papa.

22ª Tese
Pensa com efeito, o papa nenhuma pena dispensa às almas no purgatório das que segundo os cânones da Igreja deviam ter expiado e pago na presente vida.

23ª Tese
Verdade é que se houver qualquer perdão plenário das penas, este apenas será dado aos mais perfeitos, que são muito poucos.

24ª Tese
Assim sendo, a maioria do povo é ludibriada com as pomposas promessas do indistinto perdão, impressionando-se o homem singelo com as penas pagas.

25ª Tese
Exatamente o mesmo poder geral, que o papa tem sobre o purgatório, qualquer bispo e cura d'almas o tem no seu bispado e na sua paróquia, quer de modo especial e quer para com os seus em particular.

26ª Tese
O papa faz muito bem em não conceder às almas o perdão em virtude do poder das chaves (ao qual não possui), mas pela ajuda ou em forma de intercessão.

27ª Tese
Pregam futilidades humanas quantos alegam que no momento em que a moeda soa ao cair na caixa a alma se vai do purgatório.

28ª Tese
Certo é que no momento em que a moeda soa na caixa vêm o lucro e o amor ao dinheiro cresce e aumenta; a ajuda, porém, ou a intercessão da Igreja tão só correspondem à vontade e ao agrado de Deus.

29ª Tese
E quem sabe, se todas as almas do purgatório querem ser libertadas, quando há quem diga o que sucedeu com Santo Severino e Pascoal.

30ª Tese
Ninguém tem certeza da suficiência do seu arrependimento e pesar verdadeiros; muito menos certeza pode ter de haver alcançado pleno perdão dos seus pecados.

31ª Tese
Tão raro como existe alguém que possui arrependimento e, pesar verdadeiros, tão raro também é aquele que verdadeiramente alcança indulgência, sendo bem poucos os que se encontram.

32ª Tese
Irão para o diabo juntamente com os seus mestres aqueles que julgam obter certeza de sua salvação mediante breves de indulgência.

33ª Tese
Há que acautelasse muito e ter cuidado daqueles que dizem: A indulgência do papa é a mais sublime e mais preciosa graça ou dadiva de Deus, pela qual o homem é reconciliado com Deus.

34ª Tese
Tanto assim que a graça da indulgência apenas se refere à pena satisfatória estipulada por homens.

35ª Tese
Ensinam de maneira ímpia quantos alegam que aqueles que querem livrar almas do purgatório ou adquirir breves de confissão não necessitam de arrependimento e pesar.

36ª Tese
Todo e qualquer cristão que se arrepende verdadeiramente dos seus pecados, sente pesar por ter pecado, tem pleno perdão da pena e da dívida, perdão esse que lhe pertence mesmo sem breve de indulgência.

37ª Tese
Todo e qualquer cristão verdadeiro, vivo ou morto, é participante de todos os bens de Cristo e da Igreja, dádiva de Deus, mesmo sem breve de indulgência.

38ª Tese
Entretanto se não deve desprezar o perdão e a distribuição por parte do papa. Pois, conforme declarei, o seu perdão constitui uma declaração do perdão divino.

39ª Tese
É extremamente difícil, mesmo para os mais doutos teólogos, exaltar diante do povo ao mesmo tempo a grande riqueza da indulgência e ao contrário o verdadeiro arrependimento e pesar.

40ª Tese
O verdadeiro arrependimento e pesar buscam e amam o castigo: mas a profusão da indulgência livra das penas e faz com que se as aborreça, pelo menos quando há oportunidade para isso.

41ª Tese
É necessário pregar cautelosamente sobre a indulgência papal para que o homem singelo não julgue erroneamente ser a indulgência preferível às demais obras de caridade ou melhor do que elas.

42ª Tese
Deve-se ensinar aos cristãos, não ser pensamento e opinião do papa que a aquisição de indulgência de alguma maneira possa ser comparada com qualquer obra de caridade.

43ª Tese
Deve-se ensinar aos cristãos proceder melhor quem dá aos pobres ou empresta aos necessitados do que os que compram indulgências.

44ª Tese
E que pela obra de caridade cresce o amor ao próximo e o homem torna-se mais piedoso; pelas indulgências, porém, não se torna melhor senão mais seguro e livre da pena.

45ª Tese
Deve-se ensinar aos cristãos que aquele que vê seu próximo padecer necessidade e a despeito disto gasta dinheiro com indulgências, não adquire indulgências do papa, mas provoca a ira de Deus.

46ª Tese
Deve-se ensinar aos cristãos que, se não tiverem fartura, fiquem com o necessário para a casa e de maneira nenhuma o esbanjem com indulgências.

47ª Tese
Deve-se ensinar aos cristãos, ser a compra de indulgências livre e não ordenada.

48ª Tese
Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa precisa conceder mais indulgências, mais necessita de uma oração fervorosa do que de dinheiro.

49ª Tese
Deve-se ensinar aos cristãos, serem muito boas as indulgências do papa enquanto o homem não confiar nelas; mas muito prejudiciais quando, em consequência delas, se perde o temor de Deus.

50ª Tese
Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa tivesse conhecimento da traficância dos apregoadores de indulgências, preferiria ver a catedral de São Pedro ser reduzida a cinzas a ser edificada com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas.

51ª Tese
Deve-se ensinar aos cristãos que o papa, por dever seu, preferiria distribuir o seu dinheiro aos que em geral são despojados do dinheiro pelos apregoadores de indulgências, vendendo, se necessário fosse, a própria catedral de São Pedro.

52º Tese
Comete-se injustiça contra a Palavra de Deus quando, no mesmo sermão, se consagra tanto ou mais tempo à indulgência do que à pregação da Palavra do Senhor.

53ª Tese
São inimigos de Cristo e do papa quantos por causa da prédica de indulgências proíbem a Palavra de Deus nas demais igrejas.

54ª Tese
Esperar ser salvo mediante breves de indulgência é vaidade e mentira, mesmo se o comissário de indulgências, mesmo se o próprio papa oferecesse sua alma como garantia.

55ª Tese
A intenção do papa não pode ser outra do que celebrar a indulgência, que é a causa menor, com um sino, uma pompa e uma cerimônia, enquanto o Evangelho, que é o essencial, importa ser anunciado mediante cem sinos, centenas de pompas e solenidades.

56ª Tese
Os tesouros da Igreja, dos quais o papa tira e distribui as indulgências, não são bastante mencionados e nem suficientemente conhecido na Igreja de Cristo.

57ª Tese
Que não são bens temporais, é evidente, porquanto muitos pregadores a estes não distribuem com facilidade, antes os ajuntam.

58ª Tese
Tão pouco são os merecimentos de Cristo e dos santos, porquanto estes sempre são eficientes e, independentemente do papa, operam salvação do homem interior e a cruz, a morte e o inferno para o homem exterior.

59ª Tese
São Lourenço aos pobres chamava tesouros da Igreja, mas no sentido em que a palavra era usada na sua época.

60ª Tese
Afirmamos com boa razão, sem temeridade ou leviandade, que estes tesouros são as chaves da Igreja, a ela dado pelo merecimento de Cristo.

61ª Tese
Evidente é que para o perdão de penas e para a absolvição em determinados casos o poder do papa por si só basta.

62ª Tese
O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus.

63ª Tese
Este tesouro, porém, é muito desprezado e odiado, porquanto faz com que os primeiros sejam os últimos.

64ª Tese
Enquanto isso o tesouro das indulgências é sabiamente o mais apreciado, porquanto faz com que os últimos sejam os primeiros.

65ª Tese
Por essa razão os tesouros evangélicos outrora foram as redes com que se apanhavam os ricos e abastados.

66ª Tese
Os tesouros das indulgências, porém, são as redes com que hoje se apanham as riquezas dos homens.

67ª Tese
As indulgências apregoadas pelos seus vendedores como a mais sublime graça decerto assim são consideradas porque lhes trazem grandes proventos.

68ª Tese
Nem por isso semelhante indigência não deixa de ser a mais intima graça comparada com a graça de Deus e a piedade da cruz.

69ª Tese
Os bispos e os sacerdotes são obrigados a receber os comissários das indulgências apostólicas com toda a reverência.

70ª Tese
Entretanto têm muito maior dever de conservar abertos olhos e ouvidos, para que estes comissários, em vez de cumprirem as ordens recebidas do papa, não preguem os seus próprios sonhos.

71ª Tese
Aquele, porém, que se insurgir contra as palavras insolentes e arrogantes dos apregoadores de indulgências, seja abençoado.

72ª Tese
Quem levanta a sua voz contra a verdade das indulgências papais é excomungado e maldito.

73ª Tese
Da mesma maneira em que o papa usa de justiça ao fulminar com a excomunhão aos que em prejuízo do comércio de indulgências procedem astuciosamente.

74ª Tese
Muito mais deseja atingir com o desfavor e a excomunhão àqueles que, sob o pretexto de indulgência, prejudiquem a santa caridade e a verdade pela sua maneira de agir.

75ª Tese
Considerar as indulgências do papa tão poderosas, a ponto de poderem absolver alguém dos pecados, mesmo que (cousa impossível) tivesse desonrado a mãe de Deus, significa ser demente.

78 ª Tese
Bem ao contrario, afirmamos que a indulgência do papa nem mesmo o menor pecado venial pode anular o que diz respeito à culpa que constitui.

77ª Tese
Dizer que mesmo São Pedro, se agora fosse papa, não poderia dispensar maior indulgência, significa blasfemar São Pedro e o papa.

78ª Tese
Em contrário dizemos que o atual papa, e todos os que o sucederam, é detentor de muito maior indulgência, isto é, o Evangelho, as virtudes o dom de curar, etc., de acordo com o que diz 1Coríntios 12.

79ª Tese
Afirmar ter a cruz de indulgências adornada com as armas do papa e colocada na igreja tanto valor como a própria cruz de Cristo, é blasfêmia.

80ª Tese
Os bispos, padres e teólogos que consentem em semelhante linguagem diante do povo, terão de prestar contas deste procedimento.

81ª Tese
Semelhante pregação, a enaltecer atrevida e insolentemente a Indulgência, faz com que mesmo a homens doutos é difícil proteger a devida reverência ao papa contra a maledicência e as fortes objeções dos leigos.

82 ª Tese
Eis um exemplo: Por que o papa não tira duma só vez todas as almas do purgatório, movido por santíssima caridade e em face da mais premente necessidade das almas, que seria justíssimo motivo para tanto, quando em troca de vil dinheiro para a construção da catedral de São Pedro, livra um sem número de almas, logo por motivo bastante insignificante?

83ª Tese
Outrossim: Por que continuam as exéquias e missas de ano em sufrágio das almas dos defuntos e não se devolve o dinheiro recebido para o mesmo fim ou não se permite os doadores busquem de novo os benefícios ou pretendas oferecidos em favor dos mortos, visto ser injusto continuar a rezar pelos já resgatados?

84ª Tese
Ainda: Que nova piedade de Deus e do papa é esta, que permite a um ímpio e inimigo resgatar uma alma piedosa e agradável a Deus por amor ao dinheiro e não resgatar esta mesma alma piedosa e querida de sua grande necessidade por livre amor e sem paga?

85ª Tese
Ainda: Por que os cânones de penitencia, que, de fato, faz muito caducaram e morreram pelo desuso, tornam a ser resgatados mediante dinheiro em forma de indulgência como se continuassem bem vivos e em vigor?

86ª Tese
Ainda: Por que o papa, cuja fortuna hoje é mais principesca do que a de qualquer Credo, não prefere edificar a catedral de São Pedro de seu próprio bolso em vez de o fazer com o dinheiro de fiéis pobres?

87ª Tese
Ainda: Quê ou que parte concede o papa do dinheiro proveniente de indulgências aos que pela penitência completa assiste o direito à indulgência plenária?

88ª Tese
Afinal: Que maior bem poderia receber a Igreja, se o papa, como já o faz, cem vezes ao dia, concedesse a cada fiel semelhante dispensa e participação da indulgência a título gratuito.

89ª Tese
Visto o papa visar mais a salvação das almas do que o dinheiro, por que revoga os breves de indulgência outrora por ele concedidos, aos quais atribuía as mesmas virtudes?

90ª Tese
Refutar estes argumentos sagazes dos leigos pelo uso da força e não mediante argumentos da lógica, significa entregar a Igreja e o papa a zombaria dos inimigos e desgraçar os cristãos.

91ª Tese
Se a Indulgência fosse apregoada segundo o espírito e sentido do papa, aqueles receios seriam facilmente desfeitos, nem mesmo teriam surgido.

92ª Tese
Fora, pois, com todos estes profetas que dizem ao povo de Cristo: Paz! Paz! e não há Paz.

93ª Tese
Abençoados sejam, porém, todos os profetas que dizem à grei de Cristo: Cruz! Cruz! e não há Cruz.

94ª Tese
Admoestem-se os cristãos a que se empenhem em seguir sua Cabeça Cristo através do padecimento, morte e inferno.

95ª Tese
E, assim, esperem mais entrar no Reino dos céus através de muitas tribulações do que facilitados diante de consolações infundadas.


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