“Porventura,
procuro eu, agora, o favor dos homens ou o de Deus? Ou procuro agradar a
homens? Se agradasse a homens, não seria servo de Cristo” (Gl 1.10).
Neste texto
o apóstolo Paulo está falando, não do tema de sua pregação, mas do propósito de
sua própria mente, o qual se preocupa com Deus antes que com os homens. O
ensino também, é verdade, corresponde à disposição do mestre. Pois quando a
corrupção da doutrina é um produto da ambição, da avareza ou de outros desejos
depravados, então uma consciência honesta motiva a conservação da verdade pura.
E assim o apóstolo afirma que sua doutrina é integra, uma vez que ela não se
acomoda a homens. Homens ambiciosos, ou seja, aqueles que granjeiam o favor humano,
não podem servir a Cristo. Paulo se dirige a si mesmo, em particular, quando
diz que espontaneamente renunciara o favor dos homens a fim de permanecer firme
ao lado de Cristo; e compara o estado anterior de sua vida com o presente.
Paulo era tido na mais elevada estima, por toda parte recebia grandes aplausos.
E por isso, caso quisesse agradar aos homens, não teria necessidade de mudar
seu estado. Daqui podemos deduzir o ensino geral: aqueles que
determinam servir a Cristo fielmente devem ousadamente desprezar o favor dos
homens. A palavra homens, aqui, tem
um sentido restrito. Porque os ministros de Cristo não devem se expor
deliberadamente buscando ofender os homens. Mas há diferentes classes de
homens. Aqueles a quem Cristo está agradando são homens a quem devemos envidar
todo esforço para agradar em Cristo. Ao passo que, os que querem que a
verdadeira doutrina ceda lugar aos seus propósitos pessoais, a esses em
hipótese alguma devemos agradar. E os pastores piedosos e íntegros terão sempre
que manter essa luta de desconsiderar as ofensas daqueles que querem desfrutar
de vantagem em tudo. Pois a Igreja terá sempre em seu seio pessoas hipócritas e
perversas, as quais preferem suas próprias cobiças à Palavra de Deus. E mesmo
as pessoas boas, quer por alguma ignorância quer por alguma fraqueza, são às
vezes tentadas pelo diabo a ficar iradas com as fiéis advertências de seu
pastor. É nosso dever, pois, não ficar alarmados por quaisquer gêneros de
ofensas, contanto, naturalmente, que não desviemos de Cristo nossas débeis mentes.
*Epístola aos Gálatas, João Calvino, Editora Paracletos
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