“A capacidade
de realizar boas obras de modo algum emana dos crentes, mas inteiramente do
Espírito de Cristo. E para que possam ser capacitados para isso, além das
graças que já receberam, é indispensável que haja uma real influência do
Espírito Santo a operar neles tanto o querer quanto o realizar, segundo seu
beneplácito; contudo, não devem, por isso, tornar-se negligentes como se não
tivessem a obrigação de realizar qualquer dever senão pelo impulso especial do
Espírito; ao contrário disso, devem ser diligentes em dinamizar a graça de Deus
que está neles” (CFW - cap. XVI, seção III).
Jo 15.4-6; Ez 36.26,27; Fp 2.13, 4.13; 2Co 3.5;
Fp 2.12; Hb 6.11,12; 2Pe 1.3,5,10,11; Is 64.7; 2Tm 1.6; At 26.6,7; Jd 20,21.
Na regeneração
o Espírito Santo implanta um princípio ou hábito santo e permanente na alma, o
qual dá prosseguimento constante do gérmen ou semente da qual todas as
graciosas inclinações e santos exercícios procedem. No tocante à implantação
desse princípio santo e permanente, pelo Espírito Santo, a alma é passiva. No
instante, porém, em que essa nova disposição ou tendência moral é implantada na
alma, como fato lógico o caráter moral de seus exercícios é transformado, e a
alma se torna ativa em boas obras, como antes estivera ativa para o mal. Mas,
como também vimos no capítulo xiii, a santificação é uma obra da livre graça de Deus, na qual ele
continua graciosamente a sustentar, a nutrir e a orientar o exercício do hábito
permanente da graça que foi implantada na regeneração. O homem regenerado
depende da contínua habitação, do impulso, e do sustento e capacitação do poder
do Espírito Santo, em cada ato de obediência no exercício da graça; não
obstante, como os atos de obediência para a realização do que o Espírito Santo
o impele e capacita são seus próprios atos, segue-se que ele, enquanto busca a
diretriz e o apoio da graça, deve obviamente cooperar com ela, agindo, como
todo agente livre, sob a influência dos motivos e o senso de responsabilidade
pessoal. Daí, esta seção assevera: -
1 – Que a
capacidade do cristão para realizar boas obras não é de forma alguma dele
próprio, mas totalmente do Espírito de Cristo.
2 – Que para
isso, além da graça implantada na regeneração, há necessidade de uma contínua
influência do Espírito Santo em todas as faculdades da alma renovada, pela qual
o cristão é capacitado a querer e a agir segundo seu beneplácito.
3 – Que esta
doutrina da dependência absoluta da alma não deve ser pervertida, dando ocasião
a indolência, nem diminuir em qualquer grau nosso senso de obrigação pessoal. A
vontade de Deus nos é exibida objetivamente na Palavra escrita. O dever em
relação à obediência voluntária obriga nossas consciências. O Espírito Santo
não opera independentemente da Palavra, e, sim, através da Palavra; nem realiza
ele a obra à parte de nossas faculdades constitucionais da razão, da
consciência e da vontade, mas através delas. Daí, segue-se que jamais
honraremos o Espírito Santo, esperando por seus impulsos especiais; ao
contrário, nos entregamos a ele e com ele cooperamos quando, enquanto buscamos
sua orientação e assistência, usamos todos os meios de graça e todas as nossas
melhores energias, sendo e fazendo tudo quanto a lei de Deus requer de nós.
Deus aprova não é aquele que fica a esperar
pela graça, mas sempre aquele que busca a graça e pratica sua Palavra (Lc 11.9-13; Tg 1.22,23).
Deus nos abençoe!
A.A.Hodge (1823-1886).
*Confissão de Fé de Westminster Comentada, Ed. Os
Puritanos.
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