“O GOVERNO MORAL DE DEUS”
“Deus o desamparou, para prová-lo e fazê-lo conhecer tudo o que lhe
estava no coração” (2Cr 32.31).
*Confissão de Fé de
Westminster, Cap. V – Doutrina da Providência.
Seção V – O
sapientíssimo, justíssimo e graciosíssimo Deus com frequência deixa, por algum
tempo, seus próprios filhos à mercê de multiformes tentações e da corrupção de
seus próprios corações, com o fim de castigá-los pelos seus pecados anteriores,
ou levá-los a descobrirem a força oculta da corrupção e fraudulência de seus
corações, a fim de serem humilhados, e a fim de reanimá-los para uma
dependência mais íntima e constante do apoio dele e fazê-los mais vigilantes
contra toda e qualquer ocasião futura de pecar, e para vários outros fins
justos e santos.
Ref. 2Cr 32.25-26,31; 2Sm 24.1; 2Cr 12.7-9; Sl 73;
Sl 77.1,10,12; Mc 14.66-72; Jo 21.15-17.
Seção VI – Quanto
àqueles homens perversos e ímpios a quem Deus, como justo Juiz, cega e endurece
em razão dos pecados anteriores, deles não só subtrai sua graça e pela qual
poderiam ter sido iluminados em seus entendimentos e operado em seus corações,
mas às vezes também elimina os dons que possuíam, e os expõe a objetos que, por
sua corrupção, tornam ocasião de pecado; por outro lado, os entrega às suas
próprias concupiscências e às tentações do mundo e ao poder de Satanás; e assim
sucede que eles se endurecem, mesmo diante daqueles meios que Deus usa para o
abrandamento dos outros.
Ref. Rm 1.24-25,28;11.7,8;
Dt 29.4; Mt 13.12;25.29; Dt 2.30; 2Rs 8.12-13; Sl 81.11-12; 2Ts 2.10-12; Ex
7.3;8.15,32; 2Co 2.15,16; Is 8.14; 1Pe 2.7,8; Is 6.9,10; At 28.26,27.
Seção VII – Visto
que a providência de Deus, em geral, se estende as todas as criaturas, assim,
de uma maneira muito especial, ele cuida de sua Igreja e tudo dispõe para o bem
dela.
Ref. 1Tm 4.10; Am 9.8-9; Rm 8.28; Is 43.3-5,14.
O governo moral de
Deus sobre todos os homens, e especialmente seu governo sobre sua Igreja,
inclui também, além de uma providência externa, ordenando as circunstâncias
externas de indivíduos, uma providência espiritual interna, consistindo das
influências de seu Espírito em seus corações. Como “graça comum”, essa
influência espiritual se estende a todos os homens sem exceção, ainda que em
vários graus de poder, restringindo a corrupção de sua natureza e impregnando
seus corações e consciências com as verdades reveladas na luz da natureza ou da
revelação; e ela é ou exercida ou judicialmente retida por Deus em seu soberano
beneplácito. Como “eficaz” e “graça salvífica”, essa influência espiritual se
estende só aos eleitos, e é exercida sobre eles em termos e em graus tais como
Deus determinou desde o princípio.
Por essa razão, no
caminho da disciplina, para seu próprio bem, visando a mortificar seus pecados
e a corroborar suas graças, Deus com frequência sábia e graciosamente, ainda
que não finalmente, por certo tempo e em certo grau, retém suas influências
espirituais de seus próprios filhos, e “os entrega a multiformes tentações e corrupções
de seus próprios corações”.
Por essa razão
também Deus às vezes, como justo castigo a seus pecados, judicialmente remove
os freios de seu Espírito e, consequentemente, todos os dons superficiais que
sua presença tenha porventura conferido, dos homens ímpios, e assim os deixa
entregues à influência de tentações, ao irrestrito controle de suas
concupiscências e ao poder de Satanás. E por essa razão sucede que as verdades
do evangelho e as ordenanças da Igreja, que são um aroma de vida para aqueles
que são graciosamente abençoados, se tornam aroma de morte e de crescente
condenação para aqueles que, por seus pecados, foram entregues a si próprios.
Deus nos abençoe!
A.A.Hodge
(1823-1886).
* Confissão de Fé de Westminster Comentada, Editora Os Puritanos
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