"SER CRISTÃO É TER MENTE E CORAÇÃO DE CRISTO".



quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

“O RESPLENDOR DA GLÓRIA”

“O RESPLENDOR DA GLÓRIA”

“Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas” (Hb 1.3).

Essa expressão, “o resplendor da glória”, tem referência em parte à natureza divina de Cristo, e em parte ao seu revestir-se de nossa carne. O que é descrito como “o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser” pertence propriamente dito à sua divindade; o restante tem referência à sua natureza humana. Tudo, porém, se acha registrado com o fim de proclamar a dignidade de Cristo. Justamente por isso, o Filho é denominado “o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser”. Ambos os termos pertencem à linguagem comum. Em questões tão imensas e tão profundas nada se pode dizer senão por meio de analogia extraída das coisas pertencentes à esfera do concreto. Também não há necessidade de discutirmos com demasiada sutileza como o Filho que é de uma mesma essência com o Pai, é a glória fulgurante de seu esplendor. Devemos admitir que há certa medida de impropriedade no que é extraído das coisas terrenas e aplicado à majestade oculta de Deus. Ao mesmo tempo, as coisas que são perceptíveis pelos nossos sentidos são apropriadamente aplicadas a Deus, para que possamos discernir o que deve ser encontrado em Cristo e quais os benefícios que isso nos traz. Deve-se também observar que esse não é um ensino de fúteis especulações, e, sim, a exposição de uma inabalável doutrina de fé. Devemos, portanto, aplicar esses títulos de Cristo para o nosso próprio benefício, visto que tem relação direta conosco. Quando você ouve que o Filho é a glória da glória do Pai, tenha em mente que a glória do Pai lhe é invisível até que ela resplandeça em Cristo. E essa é a razão por que ele é chamado a própria imagem da substância divina, porque a majestade do Pai é oculta, até que ela se revele como uma expressão da própria imagem divina. Perceba que a intenção do apóstolo em seu argumento não era descrever a semelhança do Pai com o Filho dentro da Deidade, mas sim, edificar de maneira frutífera nossa fé, a fim de sabermos que Deus não nos é revelado de outra maneira senão em Cristo. O fulgor da substância de Deus é tão forte que fere nossos olhos, até que ela se projete na Pessoa de Cristo. Segue-se disso que somos cegos para a luz de Deus, a menos que ela nos ilumine em Cristo. Eis aqui, deveras, algo muito sutil, para que nos apercebamos da excelência de Cristo por meio de um genuíno senso de fé e por meio de nossa experiência pessoal. Devemos ter similar entendimento dessa imagem: Deus, em si e por si mesmo, nos será incompreensível, até que sua forma nos seja revelada no Filho.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

*Visite a Igreja Presbiteriana Silva Jardim - Curitiba/PR.
Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário.

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