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quinta-feira, 11 de abril de 2024

“CHEIO DO ESPÍRITO”: Diferença entre Atos 2.4 e Efésios 5.18


“CHEIO DO ESPÍRITO”: Diferença entre Atos 2.4 e Efésios 5.18

“Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem” (At 2.4). “E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18).

Em Atos capítulo 1 versículo 5, lemos que o nosso Senhor disse aos discípulos que eles seriam “batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias”. Então, em Atos 2, obtemos o cumprimento desta promessa. O interessante é que Atos 2, onde nos é dado um relato de como os primeiros discípulos e apóstolos foram batizados com o Espírito Santo, o termo “batismo” não é usado; somos informados que “todos foram cheios do Espírito Santo”, e esse é o termo que geralmente é usado depois.

Isso tende a levar à confusão – as pessoas chegam à conclusão de que, toda vez que você se deparar com a frase “cheio do Espírito”, necessariamente terá que significar exatamente a mesma coisa. E é assim que muitas pessoas ficam totalmente confusas com o que lemos em Efésios 5.18: “E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito”. Agora veja isto, os discípulos ficaram cheios do Espírito no Dia de Pentecostes. Assim, essas pessoas tendem a cair no erro e na confusão de imaginar que essas coisas são idênticas.

O problema aqui é uma falha de entender o ensino do Novo Testamento sobre a obra e o modo de operação do Espírito Santo. Ele cumpre várias funções; elas incluem convicção e, particularmente, a regeneração. Mas ele também faz o trabalho de nos santificar: é o Espírito quem nos santifica através da verdade. Além disso, ele tem um grande papel nos assuntos da segurança, da certeza e, com isso do testemunho, do testificar, do mistério e da obra. Ora, as funções do Espírito Santo devem ser diferenciadas, caso contrário, haverá confusão interminável.

Assim, parece-me (e sempre foi reconhecido pelos grandes tratamentos clássicos deste assunto na doutrina da pessoa e da obra do Espírito Santo) que seu trabalho pode ser dividido da seguinte forma: sua obra regular e sua obra excepcional – ou se você preferir em uma linguagem diferente, sua obra indireta e sua obra direta.

Agora esta divisão na obra e operação do Espírito Santo é de grande importância. Talvez eu possa ilustrar isso de novo para você falando sobre avivamentos religiosos. O Espírito Santo está na igreja hoje e ele faz uma obra regular nela, embora estes sejam os dias das pequenas coisas. Mas não devemos desprezar esses dias porque, afinal de contas, o que está acontecendo é a obra do Espírito Santo. É isso que quero dizer com sua obra regular. Mas no momento em que você começa a ver os avivamentos religiosos, notamos que estes se sobressaem na história da igreja. Eles ainda são a obra do Espírito Santo, ele é ainda o operador, mas agindo de uma maneira excepcional e incomum.

Ou, considerando minha outra classificação, que é, talvez, para nosso propósito imediato, a mais importante das duas – o Espírito Santo normalmente trabalha através de meios. É isso que tenho em mente quando digo que sua obra é “indireta”. É o Espírito Santo quem nos deu a Palavra, e seu ministério regular, seu trabalho ordinário (se alguém pode usar tal termo em relação ao Espírito Santo) é lidar conosco através das Escrituras. Ele ilumina a mente, nos dá compreensão, abre as Escrituras para nós, usa o mestre ou o pregador, e assim por diante. Agora, mesmo que essa obra seja mais ou menos indireta, é simples e claro – esse é o centro de toda essa doutrina do batismo com o Espírito Santo – que o Espírito também trabalha e opera de maneira direta.

Eu quero tentar mostrar-lhes, portanto, que a maneira de evitar esta confusão de assumir que cada vez que você encontrar a expressão “cheio do Espírito” significa exatamente a mesma coisa, é observar o contexto e ver o que o escritor está falando. Em Efésios 5.18, como eu quero mostrar a você, ele está lidando com a santificação, e isso é mais ou menos sua obra regular, e, portanto, não tem nada a ver diretamente com toda essa questão de ser capaz de definir o que se entende por batismo com o Espírito Santo. Eu quero sugerir que um homem pode ser cheio do Espírito de maneira regular, nos termos de Efésios 5.18, e ainda não ser batizado com o Espírito de forma excepcional, direta e incomum, como vemos em Atos 2.

Deus nos abençoe!

Pr. Martyn Lloyd-Jones

*Extraído do livro “O batismo e os dons do Espírito: Poder e renovação segundo as Escrituras” –  Carisma Editora.

*Visite a Igreja Presbiteriana Silva Jardim - Curitiba(PR).

Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário.

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