"SER CRISTÃO É TER MENTE E CORAÇÃO DE CRISTO".



quarta-feira, 30 de abril de 2025

“A PALAVRA DE VITÓRIA”


“A PALAVRA DE VITÓRIA”

“E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado” (Jo 19.30).

Nossos dois últimos estudos se ocuparam com a tragédia da cruz; porém, voltamo-nos agora para o seu triunfo. Nestas palavras, “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” ouvimos o brado de desolação do Salvador; em “Tenho sede”, escutamos seu clamor de lamentação; agora, chega aos nossos ouvidos seu brado de júbilo — “Está consumado”. Das palavras da vítima voltamo-nos agora às palavras do conquistador. Um provérbio diz que toda nuvem tem seu interior prateado: deu-se assim com a mais escura de todas as nuvens. A cruz de Cristo tem dois grandes lados: ela mostrou a grande profundidade de sua humilhação, mas também assinalou o objetivo da Encarnação, e mais, falou da consumação de sua missão, e forma ela a base de nossa salvação.

“Está consumado”. Os antigos gregos orgulhavam-se de serem capazes de dizer muita coisa falando pouco — “dar um mar de assunto em uma gota de linguagem” era tido como a perfeição em oratória. O que eles buscavam é encontrado aqui. “Está consumado”, no original, é apenas uma palavra, todavia, nessa palavra está contido o evangelho de Deus; nessa palavra está contido o fundamento da segurança do crente; nessa palavra é descoberta a essência de todo gozo, bem como o próprio espírito de toda consolação divina.

“Está consumado”. Isso não foi o grito de desespero de um mártir desamparado; não foi uma expressão de satisfação pelo término de seus sofrimentos haver então chegado; não foi o último suspiro de uma vida que se findava. Não, antes foi a declaração da parte do divino Redentor de que tudo pelo qual ele viera do céu à terra para fazer, estava agora feito; que tudo que era necessário para revelar o completo caráter de Deus agora se tinha concluído; que tudo que era requerido pela lei antes que os pecadores pudessem ser salvos tinha agora sido realizado: que o preço da nossa escravidão foi pago para a nossa redenção.

“Está consumado”. O grande propósito divino na história do homem era agora efetuado — efetuado de jure tanto quanto ainda o será de facto. Desde o princípio, a intenção de Deus foi sempre uma e indivisível. Foi declarada aos homens de várias maneiras: em símbolo e tipo, por misteriosos sinais e por claras sugestões, mediante predição messiânica e mediante declaração didática. Esse seu propósito pode ser assim resumido: mostrar sua graça e engrandecer seu Filho criando filhos a sua própria imagem e glória. E na cruz o fundamento que foi posto era para que isso se tornasse possível e real.

“Está consumado”. O que está consumado? A resposta a tal questão é uma resposta mui abundante de significado, ainda que vários excelentes expositores procurem limitar o escopo de tais palavras e confiná-las estritamente a uma única aplicação. É-nos dito que foram consumadas as profecias que diziam respeito aos sofrimentos do Salvador, e que ele se referia apenas a isso. Admite-se de pronto que a referência imediata era às predições messiânicas, todavia, pensamos que há razões boas e suficientes para não confinar as palavras de nosso Senhor a elas. Sim, para nós parece certo que Cristo se referia especialmente à sua obra sacrificial, pois toda escritura acerca de seu sofrimento e vergonha não estava cumprida. Ainda restava entregar seu espírito nas mãos do Pai (Sl 31.5); ainda restava o “traspassar” com a lança (Zc 12.10: e repare que a palavra utilizada para o traspassar de suas mãos e pés — o ato de crucificação — no Sl 22.16 é diferente); ainda restava serem seus ossos preservados sem quebra (Sl 34.20), e o enterro no sepulcro do homem rico (Is 53.9).

“Está consumado”. O que estava consumado? Respondemos, sua obra sacrificial. É verdade que havia ainda o ato da própria morte, que era necessária para fazer a expiação. Porém, como se dá frequentemente no Evangelho de João — onde se encontra nosso texto — (cf. Jo 12.23,31; 13.31; 16.5; 17.4), o Senhor fala aqui antecipadamente da conclusão de sua obra. Além disso, deve ser lembrado que as três horas de trevas já haviam passado, o terrível cálice já havia sido sorvido até à última gota, seu precioso sangue já tinha sido vertido, a ira divina derramada já havia sido suportada; e esses são os principais elementos para se fazer a propiciação. A obra sacrificial do Salvador, então, estava completada, com exceção apenas do ato de morte que se seguiu imediatamente.

Deus nos abençoe!

Arthur W. Pink (1886-1952).

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quarta-feira, 23 de abril de 2025

“A EXPRESSÃO DE UMA NECESSIDADE UNIVERSAL”

“A EXPRESSÃO DE UMA NECESSIDADE UNIVERSAL”

“Sabendo Jesus que já todas as coisas estavam terminadas, para que a Escritura se cumprisse, disse: Tenho sede” (Jo 19.28).

“TENHO SEDE”

3. Vemos aqui a expressão de uma necessidade universal.

Quer o homem natural, o mundano, articule-o ou não, seu clamor é, “Tenho sede”. Porque esse desejo consumidor para adquirir bens? Por que esse desejo ardente pelas honras e aplausos do mundo? Por que essa corrida louca por prazer, indo de uma forma a outra dele com diligência persistente e incansável? Por que essa busca ávida por sabedoria — essa investigação científica, esse empenho da filosofia, esse saque aos manuscritos dos antigos, e essa experimentação incessante dos homens modernos? Por que essa loucura por aquilo que é novo? Por quê? Porque há uma voz de dor na alma. Porque há algo remanescente no homem natural que não está satisfeito. Isso é verdadeiro tanto para o milionário quanto para o camponês do interior que nunca esteve fora dos limites de sua terra: viajando de um extremo a outro da terra e fazendo-o outra vez, não consegue descobrir o segredo da paz. Sobre tudo o que as cisternas deste mundo fornecem está escrito nas letras da verdade inefável: “Qualquer que beber desta água tornará a ter sede” (Jo 4.13). Assim se dá com o homem ou a mulher religiosos: queremos dizer, os religiosos sem Cristo. Quantos há que vão pelo fatigante ciclo das ações religiosas, e nada encontram que satisfaça suas profundas necessidades! Eles são membros de uma denominação evangélica, frequentam a igreja com regularidade, contribuem com seus recursos para o sustento do pastor, leem suas Bíblias ocasionalmente, e algumas vezes oram, ou, se usam um “livro de orações”, dizem-nas toda noite. E contudo, afinal de contas, se eles são honestos, seu clamor ainda é, “Tenho sede”.

A sede é uma sede espiritual; eis o porquê das coisas naturais não poder matá-la. Desconhecido deles mesmos, sua alma “tem sede de Deus” (Sl 42.2). Deus nos fez, e só ele pode nos satisfazer. Disse o Senhor Jesus: “Aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede” (Jo 4.14). Apenas Cristo pode saciar a nossa sede. Apenas ele pode satisfazer a profunda necessidade dos nossos corações. Apenas ele pode comunicar aquela paz de que o mundo nada sabe e nem a pode conceder ou tirar. Ó leitor, uma vez mais eu me dirijo a tua consciência. Como está ela contigo? Descobriste que tudo debaixo do sol é somente vaidade e aflição de espírito? Descobriste que as coisas terrenas são incapazes de satisfazer a seu coração? É o brado de sua alma, “Tenho sede”? Então, não são boas notícias ouvir que há alguém que pode satisfazer a ti? Dissemos alguém, não um credo, não uma forma de religião, mas uma pessoa — uma pessoa viva, divina. Ele é o que diz: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mt 11.28). Atente então a esse doce convite. Venha a ele agora, assim como estás. Venha em fé, crendo que ele te receberá, e então cantarás:

Vim a Jesus como estava,

Farto, cansado, e triste;

Nele encontrei um lugar de descanso,

E ele me tornou alegre.

Ó, venha a Cristo. Não se detenha. Você tem “sede”? Então você é aquele que está buscando: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos” (Mt 5.6).

Leitor não salvo, não rejeite o Salvador, pois se você morrer em seus pecados seu clamor para todo o sempre será, “Tenho sede”. Esse é o lamento do condenado eternamente. No lago de fogo o perdido sofrerá entre as chamas da ira divina por toda a eternidade. Se Cristo clamou “Tenho sede” quando padecia da ira de Deus só por três horas, qual o estado daqueles que terão de suportá-la eternamente! Quando milhões de anos tiverem se passado, mais dez milhões haverá à frente. Há uma sede perene no inferno, que não admite alívio algum. Lembre-se das pavorosas palavras do homem rico: “E, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim, e manda a Lázaro, que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama” (Lc 16.24). Ó, meu leitor, pense. Se a sede física extrema é insuportável mesmo quando suportada por algumas poucas horas, como será aquela sede que está infinitamente além de qualquer sede do presente, e que nunca será saciada! Não diga que é cruel da parte de Deus lidar desse modo com suas criaturas que erram. Lembre ao que ele expôs seu querido Filho, quando o pecado lhe foi imputado — seguramente, aquele que despreza a Cristo é merecedor do mais quente lugar no inferno! Dizemo-lo outra vez, Receba-o agora como seu. Receba-o como seu Salvador, e submeta-se a ele como seu Senhor.

Deus nos abençoe!

Arthur W. Pink (1886-1952).

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Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário.

“A SUBMISSÃO DO SALVADOR À VONTADE DO PAI”

“A SUBMISSÃO DO SALVADOR À VONTADE DO PAI”

“Sabendo Jesus que já todas as coisas estavam terminadas, para que a Escritura se cumprisse, disse: Tenho sede” (Jo 19.28).

“TENHO SEDE”

2. Vemos aqui a submissão do Salvador à vontade do Pai.

O Salvador estava com sede, e aquele que tinha tal sede, lembremos, possuía todo o poder no céu e na terra. Houvesse ele escolhido exercitar sua onipotência, poderia prontamente ter satisfeita a sua necessidade. Aquele que outrora fizera a água fluir da rocha ferida para saciar Israel no deserto, tinha os mesmos recursos infinitos à sua disposição agora. Aquele que tornara a água em vinho com uma palavra, poderia ter dito a palavra de poder aqui, e satisfazer a sua necessidade. Mas ele, em nenhuma vez, operou um milagre para seu próprio benefício ou conforto. Quando tentado por Satanás para assim agir, recusou. Por que agora ele declina de atender a sua premente necessidade? Por que pendia na cruz com os lábios ressecados? Porque no princípio do livro que expressava a vontade divina, estava escrito que ele devia ter sede, e que, sedento, devia lhe ser “dado” vinagre para beber. E ele aqui veio para fazer aquela vontade e, por isso, se submete.

Na morte, como na vida, a escritura foi para o Senhor Jesus a palavra autorizada do Deus vivo. Na tentação, recusara-se a ministrar à sua necessidade à parte daquela palavra pela qual ele vivia e assim, agora, ele faz conhecida sua necessidade, não para que se pudesse ministrar a ela, mas para que a escritura pudesse ser cumprida. Note que ele mesmo não a cumpriu, a Deus pode ser confiado que cuide disso; mas ele dá expressão à sua angústia de modo a fornecer ocasião para o seu cumprimento. Como alguém disse: “A terrível sede da crucificação está sobre ele, mas que não é suficiente para forçar seus lábios ressecados para falar; mas está escrito: Na minha sede me deram a beber vinagre — isso abre os seus lábios” (F.W.Grant). Aqui, então, como sempre, ele mostra a si mesmo em ativa obediência à vontade de Deus, a qual ele veio para executar. Ele simplesmente diz, “Tenho sede”; o vinagre é oferecido, e a profecia é cumprida. Que perfeita absorção na vontade do Pai!

Novamente damos uma pausa para a aplicação a nós mesmos — uma aplicação dupla. Primeiro, o Senhor Jesus se deleitava na vontade do Pai mesmo quando envolvia o sofrimento da sede. Nós fazemos esse tipo de renúncia para ele? Temos nós buscado graça para dizer: “Não se faça a minha vontade, mas a tua”? Podemos nós exclamar, “Sim, ó Pai, porque assim te aprouve”? Temos nós aprendido em qualquer estado que seja a “viver contente”? (Fp 4.11).

Mas agora, observe um contraste. Ao Filho de Deus foi negado um copo de água fria para aliviar seu sofrimento — quão diferente conosco! Deus nos tem dado uma variedade de alívios para nós, todavia, quão frequentemente somos mal-agradecidos! Temos coisas melhores para nos deliciar do que um copo d’água quando estamos sedentos, entretanto, amiúde não somos gratos. Ó, se esse brado de Cristo fosse com mais credulamente considerado, levar-nos-ia a bendizer a Deus pelo que nós agora quase desprezamos, e geraria contentamento em nós pela mais comum das misericórdias. O Senhor da glória clamou, “Tenho sede” e nada teve à sua volta para confortá-lo, e tu, que tens mil vezes perdido todo direito às misericórdias tanto temporais quanto espirituais, menosprezas as bondades comuns da providência! Quê! murmuras de um copo de água, tu que mereces senão um copo de ira. Ó, ponha isso no coração e aprenda a se contentar com o que tens, ainda que seja mesmo as necessidades mais simples da vida. Não se queixe se você mora apenas em uma humilde cabana, pois seu Salvador não tinha onde reclinar a cabeça! Não se queixe se você não tem nada senão pão para comer, pois a seu Salvador faltou isso por quarenta dias! Não se queixe se você tem apenas água para beber, pois a seu Salvador ela foi negada até na hora da morte!

Deus nos abençoe!

Arthur W. Pink (1886-1952).

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“UMA PROVA DA HUMANIDADE DE CRISTO”

“UMA PROVA DA HUMANIDADE DE CRISTO”

“Sabendo Jesus que já todas as coisas estavam terminadas, para que a Escritura se cumprisse, disse: Tenho sede” (Jo 19.28).

“TENHO SEDE”

1. Temos aqui uma prova da humanidade de Cristo.

O Senhor Jesus era Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, mas também foi homem verdadeiro vindo de homem verdadeiro. Isso é algo para ser crido e não para que a orgulhosa razão sobre ele especule. A pessoa de nosso adorável Salvador não é um objeto adequado para a diagnose intelectual; antes, devemos nos curvar diante dele em adoração. Ele mesmo nos avisou: “Ninguém conhece o Filho, senão o Pai” (Mt 11.27). E outra vez o Espírito de Deus, através do apóstolo Paulo, declara: “E evidentemente é grande o mistério da piedade com que Deus se manifestou em carne” (1Tm 3.16). Enquanto pois há muita coisa acerca da pessoa de Cristo que nos é insondável ao próprio entendimento, todavia, tudo que há sobre ele é para se admirar e prestar adoração: em primeiro lugar, sua deidade e humanidade, e a perfeita união dessas duas em uma única pessoa. O Senhor Jesus não foi um homem divino, nem um Deus humanizado; foi o Deus-homem. Para sempre Deus, e agora para sempre homem.

Quando o Amado do Pai encarnou-se, não cessou de ser Deus, nem pôs de lado nenhum de seus atributos divinos, ainda que tenha se despojado da glória que tinha com o Pai antes de haver o mundo. Mas na encarnação, o Verbo se fez carne e tabernaculou entre os homens. Ele não deixou de ser tudo o que era anteriormente, mas tomou para si o que não tinha antes — humanidade perfeita.

A deidade e a humanidade do Salvador foram, cada uma delas, contempladas na predição messiânica. A profecia representava aquele que havia de vir, ora como divino, ora como humano. Ele era o “Renovo do Senhor” (Is 4.2). "Ele era o Maravilhoso, o Conselheiro, o Deus forte, o Pai dos séculos, o Príncipe da paz” (Is 9.6). Aquele que haveria de sair de Belém e ser rei em Israel, era aquele cujas saídas são desde os dias da eternidade (Mq 5.2). Ele era ninguém menos do que o próprio Jeová que apareceria de repente no templo (Ml 3.1). Todavia, por outro lado, ele era a “semente” da mulher (Gn 3.15); um profeta como Moisés (Dt 18.18); um descendente da linhagem de Davi (2Sm 7.12,13). Ele era o “servo” de Jeová (Is 42.1). Ele era o “homem de dores” (Is 53.3). E é no Novo Testamento que nós vemos esses dois diferentes grupos de profecias harmonizados.

Aquele nascido em Belém era o Verbo divino. A Encarnação não significa que Deus se manifestou como um homem. O Verbo se fez carne; tornou-se o que não era antes, ainda que nunca cessasse de ser tudo o que fora anteriormente. Aquele que era em forma de Deus e que não teve por usurpação ser igual a Deus “aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens” (Fp 2.6,7). O bebê de Belém era Emanuel — Deus conosco —, era mais do que uma manifestação de Deus, ele era Deus manifestado em carne. Era tanto Filho de Deus como Filho do Homem. Não duas personalidades separadas, mas uma pessoa possuindo as duas naturezas — a divina e a humana.

Enquanto aqui na terra, o Senhor Jesus deu provas completas de sua divindade. Ele falava com sabedoria divina, ele agia em santidade divina, ele exibia poder divino, e ele mostrava amor divino. Ele lia as mentes dos homens, movia seus corações e compelia-os em suas vontades. Quando a ele agradava exercer seu poder, toda a natureza ficava sujeita ao seu mando. Uma palavra dele e a enfermidade saía, uma tempestade era acalmada, o demônio partia, o morto retornava à vida. Tão verdadeiramente era ele Deus manifesto em carne, que podia dizer: “Quem vê a mim vê o Pai”.

Assim, também, quando tabernaculava entre os homens, o Senhor Jesus dava total prova de sua humanidade — humanidade sem pecado. Ele adentrou a esse mundo como bebê e estava envolto em panos (Lc 2.7). Quando criança, é-nos dito, ele “crescia... em sabedoria, e em estatura” (Lc 2.52). Quando menino, encontramo-lo “interrogando” os doutores (Lc 2.46). Quando homem, seu corpo esteve “cansado” (Jo 4.6). Ele “teve fome” (Mt 4.2). Ele dormiu (Mc 4.38). Ele ficou “admirado” (Mc 6.6). Ele “chorou” (Jo 11.35). Ele “orava” (Mc 1.35). Ele “se alegrou” (Lc 10.21). Ele “gemeu internamente” (Jo 11.33). E aqui em nosso texto ele clamou: “Tenho sede”. Isso demonstrava sua humanidade. Deus não tem sede. Os anjos também não. Não a teremos na glória: “Nunca mais terão fome, nunca mais terão sede” (Ap 7.16). Mas temos sede agora, porque somos humanos e estamos vivendo num mundo de dor. E Cristo ficou sedento porque era homem: “Pelo que convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos” (Hb 2.17).

Deus nos abençoe!

Arthur W. Pink (1886-1952).

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terça-feira, 22 de abril de 2025

“A DESTRUIÇÃO DA ESPERANÇA MAIOR”


“A DESTRUIÇÃO DA ESPERANÇA MAIOR”

“E perto da hora nona exclamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lama sabactani; isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mt 27.46).

“DEUS MEU, DEUS MEU, POR QUE ME DESAMPARASTE?”

5. Aqui vemos a destruição da “esperança maior”.

Esse clamor do Salvador prenuncia a condição final de toda alma perdida — abandonada por Deus! A fidelidade nos obriga a alertar o leitor acerca dos falsos ensinos de hoje. É-nos dito que Deus ama a todos, e que ele é misericordioso demais para em algum tempo levar a cabo as ameaças de sua palavra. Exatamente como a antiga serpente argumentou com Eva. Deus tinha dito: “No dia em que dela comeres, certamente morrerás”. A serpente disse: “Certamente não morrereis”. Mas qual palavra evidenciou ser verdadeira? Não a do diabo, pois ele é mentiroso desde o princípio. A ameaça divina foi cumprida, e nossos primeiros pais morreram espiritualmente no dia em que desobedeceram à sua ordem.

Deus é misericordioso; o fato dele ter provido um Salvador, demonstra-o. O fato de que ele convida você para receber a Cristo como seu Salvador evidencia sua misericórdia. O fato de que ele é tão longânime com você, que suporta a sua obstinada rebelião até agora, que prolongou o seu dia de graça até o presente momento, prova-o. Mas há um limite para a sua misericórdia. O dia da misericórdia em breve findará. A porta de esperança em breve será trancada. A morte pode rapidamente ceifar a ti, e após essa vem “o juízo”. E no Dia do Juízo Deus vai tratar com justiça e não com misericórdia. Ele vingará a misericórdia da qual você desdenhou. Ele executará a sentença de condenação já passada sobre você: “Quem não crer será condenado” (Mc 16.16).

Não repetiremos novamente o que já dissemos em detalhes; basta por ora lembrar o leitor mais uma vez como esse brado de Cristo testemunha do ódio divino ao pecado. Porque é justo e santo, Deus deve julgar o pecado onde quer que ele seja encontrado. Se então ele não poupou o Senhor Jesus quando o pecado foi achado sobre ele, que esperança pode haver, leitor não salvo, de que ele poupará a ti quando estiveres diante dele no grande trono branco com pecado sobre ti? Se Deus derramou sua ira em Cristo enquanto pendurado como fiador de seu povo, fique certo de que ele, com a mais absoluta certeza, derramá-la-á sobre você, se morrer em seus pecados. A palavra da verdade é explícita: “Aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece” (Jo 3.36). Deus “não poupou” seu próprio Filho quando tomou o lugar do pecador, e não poupará a quem rejeita o Salvador. Cristo ficou separado de Deus por três horas, e se você finalmente rejeitá-lo como seu Salvador, também o será, para sempre — “os quais sofrerão, como castigo, a perdição eterna, banidos da face do senhor” (2Ts 1.9).

Deus nos abençoe!

Arthur W. Pink (1886-1952).

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“A SUPREMA EVIDÊNCIA DO AMOR DE CRISTO”


“A SUPREMA EVIDÊNCIA DO AMOR DE CRISTO”

“E perto da hora nona exclamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lama sabactani; isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mt 27.46).

“DEUS MEU, DEUS MEU, POR QUE ME DESAMPARASTE?”

4. Aqui vemos a suprema evidência do amor de Cristo por nós.

“Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida pelos seus amigos” (Jo 15.13). Mas a grandeza do amor de Cristo pode ser estimada somente quando estamos aptos a mensurar o que estava envolvido nesse “dar” a sua vida. Como vimos, significava muito mais do que a morte física, mesmo que essa fosse de indizível vergonha, e indescritível sofrimento. Significava que ele tinha de tomar o nosso lugar e ser feito “pecado” por nós, e o que isso envolvia só pode ser julgado à luz de sua pessoa.

Imagine uma mulher perfeitamente honrada e virtuosa forçada a suportar, por algum tempo, a associação com o que há de mais vil e impuro. Imagine-a encerrada num antro de iniquidade, rodeada pelos mais grosseiros dentre os homens e as mulheres, e sem nenhum meio de escape. Você pode avaliar sua repulsa às blasfêmias de suas bocas sujas, à farra de embriaguez, à obscenidade dos arredores? Você pode formar uma opinião do que uma mulher pura sofreria em sua alma em meio a tal impureza? Mas a ilustração é, de longe, falha, pois não há nenhuma mulher absolutamente pura. Honrada, virtuosa, moralmente pura, sim, porém, pura no sentido de ser sem pecado, espiritualmente pura, não. Mas Cristo era puro; absolutamente puro. Ele era o Santo. Ele tinha uma infinita aversão ao pecado. Ele o aborrecia. Sua alma santa se esquivava dele. Mas, na cruz, nossas iniquidades foram todas postas sobre ele, e o pecado — essa coisa vil — envolvia-se em torno dele como uma horrível serpente enrolada. E, contudo, ele de bom grado sofreu por nós! Por quê? Porque nos amou: “Como havia amado os seus, que estavam no mundo, amou-os até ao fim” (Jo 13.1).

Mas, mais ainda: a grandeza do amor de Cristo por nós pode ser avaliada apenas quando somos capazes de medir a ira divina que foi derramada sobre ele. Era disso que sua alma se esquivava. O que isso significou para ele, o que custou a ele, pode se saber em parte por um minucioso exame dos salmos nos quais se nos permite ouvir algo de seus patéticos solilóquios e petições a Deus. Falando com antecipação, o próprio Senhor Jesus pelo Espírito clamou através de Davi:

“Livra-me, ó Deus, pois as águas entraram até à minha alma. Atolei-me em profundo lamaçal, onde se não pode estar em pé; entrei na profundeza das águas, onde a corrente me leva. Estou cansado de clamar; secou-se-me a garganta; os meus olhos desfalecem esperando o meu Deus”.

“Tira-me do lamaçal, e não me deixes atolar; seja eu livre dos que me aborrecem, e das profundezas das águas. Não me leve a corrente das águas e não me sorva o abismo, nem o poço cerre a sua boca sobre mim”.

“E não escondas o teu rosto do teu servo, porque estou angustiado; ouve-me depressa. Aproxima-te da minha alma, e resgata-a; livra-me por causa dos meus inimigos. Bem conheces a minha afronta, e a minha vergonha, e a minha confusão; diante de ti estão todos os meus adversários. Afrontas me quebrantaram o coração, e estou fraquíssimo. Esperei por alguém que tivesse compaixão, mas não houve nenhum; e por consoladores, mas não os achei” (Sl 69.1-3;14,15;17-20).

E outra vez: “Um abismo chama outro abismo, ao ruído das tuas catadupas; todas as tuas ondas e vagas têm passado sobre mim” (Sl 42.7). A aversão divina ao pecado sobreveio impetuosa e rebentou sobre o Portador do Pecado. Aguardando de modo expectante a terrível angústia da cruz, ele clamou através de Jeremias: “Não vos comove isto a todos vós que passais pelo caminho? Atendei, e vede, se há dor como a minha dor, que veio sobre mim, com que me entristeceu o Senhor, no dia do furor da sua ira” (Lm 1.12). Essas são algumas das passagens que nos sugerem e pelas quais podemos julgar o indizível horror com que o Santo contemplava aquelas três horas na cruz, horas nas quais estava condensado o equivalente a uma eternidade no inferno. O amado do Pai deve ter a luz da face de Deus ocultada dele; ele deve ser deixado sozinho nas trevas exteriores.

Aqui tinha amor incomparável e imensurável. “Se queres, passa de mim este cálice”, ele clamou. Mas não era possível que seu povo fosse salvo a menos que ele bebesse até a última gota daquele copo de desgraça e ira; e, porque não havia nenhum outro que podia bebê-lo, ele o fez. Bendito seja seu nome! Onde o pecado havia trazido o homem, o amor trouxe o Salvador.

Deus nos abençoe!

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