"SER CRISTÃO É TER MENTE E CORAÇÃO DE CRISTO".



sexta-feira, 20 de junho de 2025

“E DISSE-LHES: RECEBEI O ESPÍRITO SANTO”


“E DISSE-LHES: RECEBEI O ESPÍRITO SANTO”

“Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio. E, havendo dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo” (Jo 20.21,22).

Nenhum dos filhos dos homens é qualificado para desempenhar um ofício tão difícil, e por isso Cristo prepara os apóstolos para o mesmo pela graça de seu Espírito. E de fato governar a Igreja de Deus, levar a embaixada da salvação eterna, erigir o reino de Deus na terra e elevar seres humanos até o céu é uma tarefa que está além da capacidade humana. Portanto, não devemos ficar surpresos se jamais se achou um homem qualificado, se o mesmo não for equipado pelo Espírito Santo; pois ninguém pode falar sequer uma palavra concernente a Cristo, a menos que o Espírito guie sua língua [1Co 12.3); o fato é que não existe ninguém que seja competente para desempenhar fiel e honestamente todos os deveres de tão excelente ofício. Além do mais, é tão-somente a glória de Cristo que forma aqueles a quem ele designa para serem mestres de sua igreja; pois a razão pela qual a plenitude do Espírito foi derramada sobre ele é para que pudesse outorgá-la a cada um segundo determinada medida.

Recebei o Espírito Santo. Ainda que continue sendo o Pastor de sua Igreja, Cristo necessariamente deve demonstrar o poder de seu Espírito nos ministros cuja agência ele emprega; e isso também ele testificou pelo símbolo externo, quando soprou sobre os apóstolos; pois isso não seria aplicável se o Espírito não procedesse dele. Cristo não só comunica a seus discípulos o Espírito que ele mesmo recebera, porém outorga o que é propriamente seu, como o Espírito que ele tinha em comum com o Pai.

Deve-se lembrar que, aqueles a quem Cristo chama para o ofício pastoral ele igualmente adorna com os dons necessários para que sejam qualificados para o desempenho de seu oficio, ou, pelo menos, não venha a ser algo vazio e impreciso. E se isso é verdade, não há dificuldade alguma em refutar a tola vanglória dos falsos pastores e mestres que, enquanto empregam termos sublimes de louvor em enaltecimento de sua posição, não podem demonstrar uma única fagulha do Espirito Santo. Querem que creiamos que são os legítimos pastores da Igreja, e igualmente que são os apóstolos de Cristo, embora seja evidente que são totalmente destituídos da graça do Espírito Santo. Um critério infalível é aqui determinado para julgar a vocação dos que governam a Igreja de Deus; e esse critério é se percebemos que de fato têm recebido o Espírito Santo.

Entretanto, o que Cristo primordialmente pretendia com isso era sustentar a dignidade da posição dos apóstolos; pois era sem sentido que aqueles que tinham sido escolhidos para serem os primeiros e os mais eminentes arautos do evangelho possuíssem autoridade incomum. Mas se Cristo, naquele tempo, outorgou o Espírito aos apóstolos através do sopro, pode-se concluir que era supérfluo enviar o Espírito Santo mais tarde. Minha resposta é que o Espírito foi dado aos apóstolos nesta ocasião de uma maneira tal que só foram aspergidos por sua graça, porém não foram cheios com a plenitude de poder, pois quando o Espírito apareceu sobre eles em línguas de fogo [At 2.3], eles foram totalmente renovados. E de fato ele não os designou para serem os arautos do seu evangelho, ao ponto de enviá-los imediatamente à obra, mas lhes ordenou que repousassem, como lemos em outro lugar: Permanecei na cidade de Jerusalém até que do alto sejais revestidos de poder [Lc 24.49]. E se levarmos tudo devidamente em consideração, concluiremos não que ele lhes mune com os dons necessários para o presente uso, mas que os designa para que fossem os órgãos de seu Espírito para o futuro; e por isso esse sopro deve ser entendido como uma referência principalmente àquele magnificente ato de enviar o Espírito, o qual tinha com frequência prometido.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

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