"SER CRISTÃO É TER MENTE E CORAÇÃO DE CRISTO".



quarta-feira, 25 de junho de 2025

“POR CAUSA DOS FARISEUS, NÃO O CONFESSAVAM”


“POR CAUSA DOS FARISEUS, NÃO O CONFESSAVAM”  

“Contudo, muitos dentre as próprias autoridades creram nele, mas, por causa dos fariseus, não o confessavam, para não serem expulsos da sinagoga” (Jo 12.42).

Pode-se imaginar que o Evangelista João fala incorretamente, ao separar a fé da confissão; pois é com o coração que cremos para a justiça, e é com a boca que fazemos confissão para a salvação [Rm 10.10), e é impossível que a fé, que uma vez tenha sido acesa no coração, não arroje suas chamas. Minha resposta é que ele realça aqui quão fraca era a fé dos que eram tão mornos, ou melhor, frios. Em suma, João tem em vista que abraçaram a doutrina de Cristo, porque bem sabiam que ela provinha de Deus, mas que não possuíam uma fé vívida, ou uma fé tão vigorosa como deveriam ter; pois Cristo não concede aos seus seguidores um espírito de medo, e sim de firmeza, para que ousada e destemidamente confessem o que têm aprendido dele. Entretanto, não creio que ficaram em total silêncio, mas como sua confissão não era suficientemente pública, o Evangelista, em minha opinião, simplesmente declara que não faziam uma confissão de sua fé, pois o tipo próprio de confissão era a declaração pública de que eram discípulos de Cristo. Que ninguém, pois, se gabe, se em algum aspecto oculta ou dissimula sua fé por medo de incorrer no ódio dos homens; porque, por mais odioso que seja o Nome de Cristo, aquela covardia que nos impele a nos esquivarmos, um mínimo sequer, da confissão dele, não admite escusa.

Deve-se observar ainda que os líderes (principais) têm menos rigor e firmeza, porque a ambição quase sempre reina neles, a qual é a mais escravizadora de todas as disposições e, para expressá-lo numa só palavra, pode-se dizer que as honras terrenas são cadeias de ouro que prendem um homem para que o mesmo não consiga cumprir seu dever com liberdade. Por esta conta, as pessoas que são postas numa condição inferior e humilde devem suportar sua sorte com maior paciência, porquanto estão, ao menos, isentas de muitas redes nocivas. Não obstante, os grandes e nobres devem lutar contra sua elevada posição para que esta não os embarace de se submeterem a Cristo. João afirma que eles tinham medo dos fariseus, não que os demais escribas e sacerdotes permitissem livremente que algum homem se denominasse discípulo de Cristo, mas porque, sob a semelhança de zelo, cruelmente ardiam no íntimo com mais intensa ferocidade. O zelo, na defesa da religião, é uma excelente virtude, mas se adicionar-lhe a hipocrisia, não pode haver praga mais danosa. Tanto mais solícitos devemos ser em rogar ao Senhor que nos guie pela regra inerrante de seu Espírito.

Para não serem expulsos da sinagoga. Isto era o que os impelia ao medo da desgraça; pois teriam sido expulsos da sinagoga. Daí vemos quão grande é a perversidade dos homens, a qual não só corrompe e avilta a melhor das ordenanças de Deus, mas as convertem em destrutiva tirania. A excomunhão deveria ter sido o tendão da santa disciplina, para que a punição fosse prontamente infligida, se alguma pessoa menosprezasse a Igreja. Mas os problemas atingiram um ponto tal, que todo aquele que confessasse pertencer a Cristo era banido da sociedade dos crentes. De igual modo, nos dias atuais, líderes eclesiásticos, a fim de exercer o mesmo tipo de tirania, falsamente pretendem o direito de exercer a excomunhão, e não só trovejam com cega fúria contra todos os santos, mas tudo faz para descer Cristo de seu trono celestial; e, no entanto não hesitam manter com impudência o direito da sacra jurisdição com a qual Cristo adornou a Igreja.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

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