“AMARAM MAIS A GLÓRIA DOS HOMENS”
“Porque amaram
mais a glória dos homens do que a glória de Deus” (Jo 12.43).
O Evangelista
João declara expressivamente que aqueles homens não eram guiados por alguma superstição,
mas apenas diligenciavam em evitar a desgraça entre os homens; pois se a
ambição tinha maior influência sobre eles do que o temor de Deus, segue-se que
não era um fútil escrúpulo da consciência que os fazia inquietos. Ora, que possamos
observar quão grande ignomínia se contrai diante de Deus, mediante a covardia
dos que, movidos pelo medo de serem odiados, dissimulam sua fé diante dos
homens. Pode alguma coisa ser mais tola, ou, melhor, pode algo ser mais bestial
do que preferir o fútil aplauso dos homens ao juízo de Deus? Mas ele declara
que todos quantos se esquivam do ódio dos homens, quando a fé pura deve ser
confessada, se deixam dominar por esse tipo de demência. E com razão, pois o
apóstolo, ao aplicar a inabalável firmeza de Moisés, diz ele que permaneceu
firme, como se visse aquele que é invisível [Hb 11.27]. Com estas palavras ele
tem em vista que, quando alguma pessoa fixa seus olhos em Deus, seu coração se
torna invencível e totalmente incapaz de ser movido. Donde, pois, provém a fraqueza
que nos leva a ceder à insidiosa hipocrisia, senão porque, aos olhos do mundo,
todos os nossos sentidos se embrutecem? Pois uma genuína visão de Deus
dissiparia instantaneamente toda névoa da riqueza e honras. Longe, pois, com
aqueles que consideram uma negação indireta de Cristo como sendo um escândalo
trivial, ou, como costumam chamá-lo, uma leve transgressão! [Mt 10.33].
Amar mais a glória dos homens
significa, nesta passagem, o anseio pelo desfrute de reputação entre os homens.
O apóstolo João, pois, tem em vista que aqueles homens eram tão devotados ao
mundo, que aspiravam mais o aplauso dos homens do que o agrado de Deus. Além
disso, ao acusar deste crime os que negavam a Cristo, ao mesmo tempo ele mostra
que a excomunhão, da qual os sacerdotes usavam e abusavam, contraria a tudo o
que era direito e lícito e era destituída de qualquer valor ou eficácia.
Deus nos
abençoe!
João
Calvino (1509-1564).
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