“O SEU TESTEMUNHO É VERDADEIRO”
“Este é o
discípulo que dá testemunho a respeito destas coisas e que as escreveu; e
sabemos que o seu testemunho é verdadeiro. Há, porém, ainda muitas outras
coisas que Jesus fez. Se todas elas fossem relatadas uma por uma, creio eu que
nem no mundo inteiro caberiam os livros que seriam escritos” (Jo 21.24,25).
O significado da
palavra evangelho é bem conhecido. Na
Escritura, ela denota, a alegre e prazerosa mensagem da graça a nós exibida em
Cristo, a fim de instruir-nos a desprezar o mundo com suas passageiras riquezas
e prazeres, a desejar essa bênção de todo nosso coração e abraçá-la quando ela
nos for oferecida. É natural em todos nós aquela conduta que percebemos em
homens irreligiosos que cultivam extravagantes prazeres nos fúteis deleites do
mundo, ainda que sejam poucos, de modo que alguns se deixam afetar pelos
encantos das bênçãos espirituais. Com o propósito de corrigir esse erro, Deus
expressamente dá o título de evangelho
à mensagem que ele ordena seja concernente a Cristo. Desse modo, ele nos lembra
que em nenhuma outra parte se pode obter a genuína e sólida felicidade, e que
nele temos tudo que necessitamos para a perfeição de uma vida feliz.
Há quem
considere a palavra evangelho como se
estendendo a todas as preciosas promessas de Deus que se acham espalhadas
inclusive na Lei e nos Profetas. Tampouco se pode negar que sempre que Deus
declara que se deixará reconciliar com os homens e perdoará seus pecados, ao mesmo
tempo exibe Cristo cujo peculiar ofício onde que se manifeste, é jorrar por
toda parte os raios de sua alegria. Reconheço, pois, que os [antigos] pais
foram participantes juntamente conosco do mesmo evangelho, no que diz respeito à fé na salvação gratuita. Visto,
porém, que a declaração ordinária do Espírito Santo nas Escrituras é que o evangelho foi proclamado pela primeira
vez quando Cristo veio, abracemos também essa forma de expressão, bem como
conservemos a definição de evangelho
que tenho formulado, a saber: é a solene publicação da graça revelada em Cristo.
Por isso o evangelho é chamado de poder de Deus para a salvação de todo aquele
que crê [Rm 1.16], porque nele Deus exibe sua justiça. Ele é também chamado
embaixada por meio do qual Deus reconcilia
consigo os homens [2Co 5.20]; e, visto que Cristo é o penhor da
misericórdia de Deus e de seu paternal amor para conosco, assim ele é, de uma
maneira peculiar, o tema do evangelho.
Por isso, ele
veio para que as histórias que narram que Cristo se manifestou em carne,
morreu, ressuscitou dentre os mortos e, por fim, foi assunto ao céu tivessem
peculiarmente o mérito do título evangelho.
Pois ainda que, por razões já expressas, esta palavra signifique o Novo
Testamento, contudo o título que denota a totalidade, pela prática geral,
representa aquela parte dele que declara que Cristo se nos manifestou na carne,
morrendo e ressuscitando dentre os mortos. Mas, como a mera história não seria
suficiente, e de fato ela seria de nenhuma valia para a salvação, o evangelista
não relata simplesmente que Cristo nasceu, morreu e venceu a morte, mas também
explica com que propósito ele nasceu, morreu e ressuscitou, bem como qual o
benefício que recebemos desses fatos.
Deus nos abençoe!
João
Calvino (1509-1564).
*Faça-nos uma oferta (Chave PIX - 083.620.762.91).
*Visite a Igreja Presbiteriana do Brasil - Curitiba(PR).
Nenhum comentário:
Postar um comentário