“MUITOS DENTRE AS PRÓPRIAS AUTORIDADES CRERAM NELE”
“Contudo, muitos
dentre as próprias autoridades creram nele, mas, por causa dos fariseus, não o
confessavam, para não serem expulsos da sinagoga” (Jo 12.42).
O murmúrio e ferocidade
dos judeus, ao rejeitarem a Cristo, elevou-se a tal nível de insolência que era
possível que se concluísse que todo o povo, sem exceção, havia conspirado contra
ele. Mas o apóstolo João diz que, em meio à demência geral da nação, havia
muitos que eram de uma mente sã. Aliás, esse era um notável exemplo da graça de
Deus; porque, quando a impiedade uma vez chega a prevalecer, ela se torna uma
sorte de praga universal, afetando com seu contágio cada parte do corpo.
Portanto, é um dom notável e uma graça especial de Deus quando, em meio a um povo
tão corrupto, encontram-se alguns que permanecem impolutos. E mesmo agora
percebemos no mundo a mesma graça de Deus, pois ainda que a impiedade e
menosprezo por Deus se proliferem por toda parte, e ainda que uma vasta
multidão de seres humanos promova furiosas tentativas com o intuito de
exterminar completamente a doutrina do evangelho, contudo esse encontra alguns
lugares de abrigo; e assim a fé tem o que se pode chamar seus portos ou lugares
de refúgio, para que ela não seja inteiramente banida do mundo.
A palavra é ainda
enfática; porque, na ordem dos governantes existia tão profundo e inveterado
ódio pelo evangelho, que raramente se poderia crer que se pudesse encontrar em
seu meio um único crente. Tão mais profunda admiração se deve ao Espírito de
Deus que penetra onde não havia nenhuma abertura, ainda que não fosse um vício,
peculiar a uma única geração, que os governantes fossem rebeldes e
desobedientes a Cristo; porquanto honra, riqueza e alto escalão geralmente são
acompanhados por orgulho. A consequência é que aqueles que, inchados de arrogância,
raramente se reconhecem como sendo homens, por isso não se deixam subjugar
com facilidade e com humildade voluntária. Todos quantos, pois, que mantém uma
elevada posição no mundo, se porventura são sábios, olharão com suspeita para
sua posição, não permitindo que ela seja um entrave em seu caminho. Quando João
diz que havia muitos, isto não deve ser entendido como se constituíssem a
maioria ou mesmo a metade; porque, quando comparados com os outros que constituíam
um número mui vasto, eram poucos, mas, mesmo assim, eram muitos, quando vistos
separadamente.
Deus nos
abençoe!
João
Calvino (1509-1564).
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