"SER CRISTÃO É TER MENTE E CORAÇÃO DE CRISTO".



terça-feira, 9 de abril de 2019

A Glória de Cristo como Mediador: Sua Humilhação

A Glória de Cristo como Mediador: Sua Humilhação
Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz (Fp 2.5-8).

O pecado de Adão havia colocado uma distância tão grande entre a humanidade e Deus que toda a raça humana teria se perdido completamente a não ser que a pessoa ideal pudesse ser enviada para promover a paz entre Deus e nós, isto é, agir como mediador. Deus não podia agir desse modo e não havia na terra ninguém que pudesse fazer isso. “Não há entre nós árbitro que ponha a mão sobre nós ambos” (Jó 9.33). No entanto, uma paz perfeita entre Deus e os homens tinha que ser feita por um mediador, ou jamais haveria paz. Por isso o Senhor Jesus, o Filho de Deus, disse: “Sacrifício e oferta não quiseste; antes, um corpo me formaste [...] Eis aqui estou (no rolo do livro está escrito a meu respeito), para fazer, ó Deus, a tua vontade” (Hb 10.5-7). O apóstolo Paulo por sua vez nos diz: “Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (1Tm 2.5) e Cristo “a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens” (Fp 2.7). Isto O torna glorioso aos olhos dos crentes, que devem procurar o mesmo tipo de humilhação para si mesmos.

Vamos observar três coisas:

1 – A grandeza de Sua humilhação. “Quem há semelhante ao SENHOR, nosso Deus, cujo trono está nas alturas, que se inclina para ver o que se passa no céu e sobre a terra?” (Sl 113.5,6). “Todas as nações são perante ele como coisa que não é nada; ele as considera menos do que nada, como um vácuo” (Is 40.17). Há uma distância infinita entre Deus e Suas criaturas, e é puramente um ato de Sua graça tomar conhecimento das coisas terrenas. Cristo, como Deus, é completamente autossuficiente em Sua eterna bem-aventurança. Quão grande, então, é a glória da Sua própria humilhação ao assumir a nossa natureza para que Ele pudesse nos levar a Deus! Essa humilhação não Lhe foi imposta; Ele livremente a escolheu.

2 – A natureza especial da Sua humilhação. O Filho de Deus não cessou de ser igual a Deus quando Ele Se tornou homem. “Pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus” (Fp 2.6). Os judeus queriam matá-Lo porque Ele disse que “...Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus” (Jo 5.18). Quando Ele tomou sobre Si a forma de um servo em nossa natureza, Ele Se tornou aquilo que nunca havia sido antes, mas não deixou de ser aquilo que sempre tinha sido em Sua natureza divina. Ele, que é Deus, não pode deixar de ser Deus. A glória da Sua natureza divina estava velada, de forma que aqueles que O viram não acreditaram que Ele era Deus. Suas mentes não podiam entender algo que eles nunca haviam conhecido antes, que uma e a mesma pessoa pudesse ser Deus e homem ao mesmo tempo. Todavia, aqueles que creem sabem que Ele, que é Deus, humilhou-Se ao assumir a nossa natureza, a fim de salvar a Igreja para a eterna glória de Deus. É verdade que o nosso Senhor Jesus Cristo é uma pedra de tropeço e uma rocha de ofensa para muitos hoje que, à semelhança de maometanos e judeus, pensam nEle apenas como um grande profeta. Mas, se retirarmos o fato de Ele ser Deus assim como homem, então toda a glória, verdade e poder do cristianismo também serão retirados.

Há três maneiras de pensar na verdadeira natureza de Sua divina humilhação:

I – Cristo, o eterno Filho de Deus, por meio de um ato indizível de Seu divino poder e amor, tomou sobre Si a nossa natureza humana e a fez Sua própria, assim como a Sua natureza divina Lhe pertencia.

II – Visto que Ele estava na terra, vivendo e sofrendo em nossa natureza, a glória de Sua divina pessoa ficou velada. “...aniquilou-se a si mesmo”.

III – Apesar de ter tomado a nossa natureza para Si próprio, Ele não a transformou em algo divino e espiritual, mas conservou-a inteiramente humana. De fato Ele agiu, sofreu, teve provações, foi tentado e abandonado como qualquer outro homem.

3 – A glória de Cristo em Sua humilhação. Mesmo se fôssemos anjos não poderíamos descrever a glória manifestada na divina sabedoria do Pai e no amor do Filho em Se humilhar, tornando-se homem. É um mistério, porque Deus é grande e Seus caminhos estão muito acima do entendimento de Suas criaturas. Entretanto, a glória da religião dos cristãos é que Aquele que era verdadeiramente Deus “aniquilou-se a si mesmo”, de forma que, comparado com outros, Ele podia dizer: “Mas eu sou verme e não homem; opróbrio dos homens e desprezado do povo” (Sl 22.6). Acaso estamos sobrecarregados com o pecado? Estamos perplexos com as tentações? Apenas uma olhada para a glória de Cristo nos susterá e nos aliviará. Ele que Se esvaziou e Se humilhou em nosso favor, e nem por isso perdeu algo do Seu poder como Deus eterno, nos salvará de nossas angústias. Se não vemos nenhuma glória nisso, é porque não há conhecimento espiritual ou fé em nós. A glória de Cristo como mediador é o lugar de descanso onde o aflito pode descansar. “Este é o descanso, dai descanso ao cansado; e este é o refrigério” (Is 28.12).

Apelo a vocês, portanto, para meditarem, pela fé, na maravilha da dupla natureza de Cristo, com o propósito firme e prático. Como cristãos devemos estar prontos a negar a nós mesmos e a tomar a nossa cruz. Todavia, não podemos fazer isso sem levarmos em conta a própria negação de Si mesmo que foi praticada pelo Filho de Deus (Fp 2.5-8). O que são as coisas deste mundo, mesmo aqueles a quem amamos, e nossas próprias vidas, que logo terminarão, comparados com a glória de Cristo quando Ele veio ao mundo para “aniquilar-se a si mesmo”? Quando começamos a pensar nestas coisas, logo chegaremos a um ponto onde a razão humana fica para trás. Gostaria de ser levado a esse ponto todos os dias. Ao descobrirmos que o objeto no qual a nossa fé está alicerçada é por demais grande e glorioso para o nosso entendimento, então ficaremos cheios de santa admiração, humildade, adoração e ações de graças. 

Aleluia!

John Owen (1616-1683)

*Meditações sobre a Glória de Cristo, Editora PES.

*Visite a Igreja Presbiteriana da Silva Jardim - Curitiba/PR.
Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário
(41)3242-8375

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