"SER CRISTÃO É TER MENTE E CORAÇÃO DE CRISTO".



terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

Deus é Bom e Misericordioso

Deus é Bom e Misericordioso
“Porque o SENHOR é bom, a sua misericórdia dura para sempre” (Sl 100.6).

Devemos louvar a Deus pelo que Ele é em si mesmo. Deus é essencialmente bom e misericordioso. Na criatura, a bondade e a misericórdia são qualidades comunicadas; em Deus são próprias de sua essência. “Porque o SENHOR é bom, a sua misericórdia dura para sempre” (Sl 100.6).

Um fruto da bondade de Deus é a sua misericórdia, que é a sua pronta inclinação em aliviar as misérias das criaturas caídas. “Pela manhã louvarei com alegria a tua misericórdia; pois tu me tens sido alto refúgio e proteção no dia da minha angústia” (Sl 59.16). 

Em geral, Deus tem demostrado o quanto ele é bom e misericordioso em suas ações para com os filhos dos homens, socorrendo-os, apesar dos seus pecados. “Ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos” (Mt 5.45).

Aos seus eleitos, aos firmados em Cristo Jesus, por aliança eterna, Deus comunica bênçãos especiais. “Farei com eles aliança eterna, segundo a qual não deixarei de lhes fazer o bem; e porei o meu temor no seu coração, para que nunca se apartem de mim” (Jr 32.40).

Quanto aos incrédulos, as ações benevolentes de Deus estão limitadas a presente vida. Não haverá misericórdia estendida além-túmulo para os ímpios (Ap 21.8). Mas Deus nunca deixará de ser bom e misericordioso. Os seus atributos são eternos. “Lembra-te, SENHOR, das tuas misericórdias e das tuas bondades, que são desde a eternidade. Todas as veredas do SENHOR são misericórdia e verdade para os que guardam a sua aliança e os seus testemunhos” (Sl 25.6,10).

Deus nos abençoe!

Pr. José Rodrigues Filho

*Visite a Igreja Presbiteriana Silva Jardim - Curitiba/PR.
Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário.
(41)3242-8375

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

“Ó SENHOR, levanta sobre nós a Luz do Teu Rosto”

“Ó SENHOR, levanta sobre nós a Luz do Teu Rosto”
“Muitos dizem: Quem nos mostrará o bem? Ó SENHOR, levanta sobre nós a luz do teu semblante. Deste mais alegria ao meu coração do que a que eles têm quando seu cereal e seu vinho aumentam” (Sl 4.6,7).

Esta passagem bíblica nos ensina que são miseráveis os que, plenamente resolutos, não repousam totalmente em Deus, e não ficam satisfeitos mesmo quando possuem exuberante fartura de todas as coisas terrenas; enquanto que, em contrapartida, os fiéis, embora se vejam agitados em meio às muitas tribulações, são realmente felizes, mesmo não contando com nenhuma outra razão para isso, a não ser o fato de o semblante paternal de Deus brilhar sobre eles, o qual converte suas trevas em luz e, por assim dizer, vivifica a própria morte.

A suma é: Davi tinha mais satisfação em contemplar o semblante apaziguado de Deus irradiando sobre ele do que se porventura possuísse silos cheios de grãos e adegas cheias de vinho. Ele declara que se regozijava mais no favor exclusivo de Deus do que os homens mundanos se regozijam enquanto desfrutam de todos os bens terrenos com cujo desejo geralmente se deixam inflamar. Ele os representara como tão inclinados e tão entregues à busca da prosperidade terrena que não cuidavam de pensar em Deus; e agora acrescenta que sua euforia na abundância e aumento de seu vinho e cereal não é tão profunda como sua alegria apenas na consciência da benevolência divina.

Os homens mundanos, após desprezarem a graça de Deus e mergulharem nos prazeres transitórios, vivem tão longe de se contentarem com eles, que sua própria abundância inflama ainda mais seus desejos, e assim, em meio à sua plenitude, um profundo e secreto mal estar traz desconforto às suas mentes. Portanto, jamais obteremos paz imperturbável e alegria sólida até que o favor de Deus resplandeça sobre nós. E ainda que os fiéis também aspirem e busquem o conforto terreno, todavia não o perseguem com imoderado e desordenado ardor, senão que, pacientemente, podem suportar ser privados dele, desde que tenham consciência de que são objetos do cuidado divino.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

*Comentário do Livro dos Salmos, Edições Paracletos.

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domingo, 16 de fevereiro de 2020

“Paz e Segurança”

“Paz e Segurança”
“Em paz me deitarei e quando juntamente dormirei, pois tu, Senhor, és o único que me faz repousar em segurança” (Sl 4.8).

Davi chega à seguinte conclusão: uma vez que é protegido pelo poder de Deus, ele desfruta de tanta segurança e tranquilidade, como se fosse defendido por todos os exércitos da terra. Ora, nós sabemos que viver livre de todo temor e do tormento e inquietação que a preocupação nos traz é uma bênção que deveria ser desejada acima de todas as demais coisas. Este versículo, portanto, é uma confirmação da frase anterior, notificando que Davi com razão prefere a alegria produzida pela luz do amor paternal de Deus de preferência a todas as demais coisas; pois a paz interior do espírito certamente excede a todas as bênçãos das quais possamos formular alguma concepção. Muitos comentaristas explicam este passo como uma expressão da esperança de Davi de que seus inimigos seriam reconciliados consigo, de modo a poder dormir com eles em paz, tendo-lhe Deus concedido o peculiar privilégio de poder descansar sem ser molestado ou inquietado por alguma pessoa. Em meu juízo, porém, o sentido correto consiste em que ele só viveria tranquilamente e em plena segurança num ambiente de um grande número de pessoas tendo Deus por seu defensor; pois nas palavras, e quando juntamente dormirei, considero a partícula quando no sentido como se a redação fosse assim: quando ao mesmo tempo, isto é, como [se estivesse] com uma multidão. Alguns tomam - único -, em referência a Deus, traduzindo as palavras assim: Tu, ó Senhor, és o único que me põe em segurança. Tal coisa, porém, de forma alguma aprovo, porque, ao afastar o contraste entre estas duas palavras, juntamente e único, perde-se muito da beleza da frase. Em suma, Davi se gloria de que só a proteção de Deus era suficiente, e que sob ela ele dome com tanta segurança, ainda que destituído de toda e qualquer proteção humana, como se ele tivesse muitos vigiando e cuidando continuamente dele, ou como se ele fosse defendido de todos os lados por um grande exército. Portanto, aprendamos de seu exemplo a render a Deus esta honra, a saber: crer que, embora pareça não haver da parte dos homens qualquer socorro, todavia, sob sua mão somente, é que somos guardados em paz e em segurança, como se estivéssemos cercados por um grande exército. 

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

*Comentário do Livro dos Salmos, Edições Paracletos.

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sábado, 15 de fevereiro de 2020

“Ó Deus da Minha Justiça”

“Ó Deus da Minha Justiça”
“Responde-me quando clamo, ó Deus de minha justiça; na angústia, me tens aliviado; tem misericórdia de mim e ouve minha oração” (Sl 4.1).

À luz dessas palavras temos uma demonstração da fé de Davi que, embora enfrentasse a mais extrema angústia, e deveras quase consumido por uma longa série de calamidades, não sucumbiu à sua dor; nem se permitiu ter o coração tão enfraquecido que não tivesse forças para recorrer a Deus, seu Libertador. Por sua oração ele testificou que, quando se viu totalmente privado de todo socorro terreno, todavia restava-lhe ainda a esperança em Deus. Além do mais, ele o chama o Deus de minha justiça, significando a mesma coisa se o chamasse o Defensor de seus direitos; e apela para Deus, visto que os homens, por toda parte, o condenavam, e sua inocência era destruída pelas notícias caluniosas de seus inimigos e pelos juízos perversos do povo. E um tratamento tão cruel e injusto como esse que Davi recebia deve ser criteriosamente assinalado. Pois embora nada nos seja mais doloroso do que sermos falsamente condenados e suportar, a um e ao mesmo tempo, iníqua violência e calúnia, todavia, sermos difamados quando fazemos o bem é uma aflição que diariamente atinge os santos. E ela os faz viver tão fatigados sob seus efeitos, que os faz fugir de todas as fascinações do mundo e a depender única e totalmente de Deus. Justiça, pois, deve ser entendida, aqui, como uma boa causa, da qual Davi toma Deus por testemunha, enquanto se queixa da conduta maliciosa e injusta dos homens contra ele; e, por seu próprio exemplo, ele nos ensina que, se em qualquer tempo nossa retidão não for percebida e reconhecida pelo mundo, não devemos por isso sentir-nos desestimulados, visto que temos Alguém no céu para defender nossa causa. Mesmo os pagãos têm afirmado que não há melhor cenário para a virtude do que a própria consciência humana. Mas é uma consolação longe de ser suplantada o fato de estarmos diante da vista de Deus e dos anjos. Sabemos que Paulo era dotado com uma coragem proveniente desta fonte [1Co 4.5], pois quando muitas e más notícias foram espalhadas entre os coríntios, a respeito dele, ele apela para o tribunal de Deus. Portanto, se não podemos encontrar justiça em parte alguma do mundo, o único apoio de nossa paciência se encontra em Deus e em descansar felizes na equidade de seu juízo.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

*Comentário do Livro dos Salmos, Edições Paracletos.

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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

“Conversai com vosso próprio coração”

“Conversai com vosso próprio coração”
“Tremei, pois, e não pequeis; conversai com vosso próprio coração em vosso leito, e sossegai” (Sl 4.4).

Davi exorta seus inimigos a que se arrependam, se porventura sua loucura não fosse totalmente irremediável. Ele lhes ordena que tremessem, palavra essa por meio da qual ele repreende sua estupidez em andar por caminho perverso, sem o mais leve temor de Deus ou sem qualquer senso de perigo.

Em seguida os admoesta a conversar com seu próprio coração, em seus leitos, isto é, ponderar profunda e lentamente sobre si mesmos e, por assim dizer, em algum lugar de total retiro; um exercício contrário à natureza de suas desregradas paixões.

A falar em seus leitos é uma forma de expressão extraída da prática comum e da experiência dos homens. Sabemos que durante nossa relação com os homens no dia-a-dia, nossos pensamentos são distraídos e às vezes julgamos precipitadamente, sendo enganados pela aparência externa; enquanto que, na solidão, podemos dar a algum assunto uma atenção mais profunda; e, ainda mais, o senso de pudor, pois, não permite que uma pessoa reflita sem que dissimule suas próprias faltas. Davi, pois, exorta seus inimigos a desvencilhar-se daqueles que eram testemunhas e juízes de suas ações no cenário da vida pública, e ao se verem a sós, que fizessem um autoexame mais veraz e honesto.

O apóstolo Paulo, ao citar esta passagem em Efésios 4.26, ou, pelo menos, ao fazer alusão ao sentimento de Davi, segue a Septuaginta: “Irai-vos e não pequeis”. E, contudo, faz uma hábil e bela aplicação da mesma ao seu propósito. Ele ali nos ensina que os homens, em vez de perversamente derramarem sua ira contra seu próximo, deviam antes, por justa causa, irar contra si próprios, a fim de que, por esse meio, venham a abster-se de pecar. E, portanto, ele lhes ordena, antes, a afligir-se interiormente e a sentir ojeriza de si próprios, e em seguida irar-se, não tanto das pessoas, e, sim, dos vícios dos outros.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

“Quem nos dará a conhecer o bem?”

“Quem nos dará a conhecer o bem?”
“Há muitos que dizem: Quem nos dará a conhecer o bem? SENHOR, levanta sobre nós a luz do teu rosto. Mais alegria me puseste no coração do que a alegria deles, quando lhes há fartura de cereal e de vinho” (Sl 4.6,7).

Vemos aqui que Davi compara um só desejo que fazia arder seu próprio coração com os inumeráveis desejos com os quais quase todo o gênero humano se entretém. Como não é um princípio defendido pelos ímpios e que exerce influência sobre eles, a saber, que os únicos que podem ser verdadeira e perfeitamente felizes são os que se interessam pelo favor divino, os quais devem viver como estrangeiros e peregrinos no mundo, a fim de que pela esperança e pela paciência obtenham, no devido tempo, uma vida superior, permanecem contentes com as coisas boas que perecem; e, portanto, se porventura desfrutam de alguma prosperidade material, não se deixam influenciar por algum interesse por Deus. Consequentemente, enquanto eles, segundo o procedimento dos animais inferiores, se apegam a vários objetos, alguns de uma natureza, outros de outra, crendo encontrar neles a suprema felicidade, Davi, com boas razões, se separa deles e propõe a si mesmo uma finalidade de caráter totalmente oposto. Não quero insistir contra a interpretação que imagina Davi, aqui, se queixando de seus próprios seguidores que, percebendo que a força deles é insuficiente para suportar as necessidades que lhes sobrevinham, e, exaustos pelo aborrecimento e tristeza, entregavam-se às lamúrias e ansiosamente aspiravam sossego. Ao contrário, estou antes inclinado a estender as palavras ainda mais e encará-las no sentido em que Davi, satisfeito somente com o favor divino, protesta que desconsidera e não tem em mínima conta os objetos que outros ardentemente desejam. Tal comparação da aspiração de Davi com as aspirações do mundo ilustra muito bem esta importante doutrina, a saber, que os fiéis, formando um baixo conceito das boas coisas da presente vida, descansam tão-somente em Deus e nada têm por precioso além da experiência pessoal e consciente de seu profundo interesse pelo favor divino. Davi, pois, em primeiro lugar notifica que são insensatos todos aqueles que, aspirando desfrutar de prosperidade, não começam pela busca do favor divino; pois, ao negligenciar tal bênção, se deixam levar pelas diversas e falsas opiniões em circulação. Em segundo lugar, ele censura outros vícios, a saber, que os homens ordinários e terrenos, ao se entregarem totalmente ao bem-estar e confortos da carne, se deleitam neles, ou os tomam como o seu único desfruto nesta vida, sem ponderar em nada mais elevado. Daí também sucede que, enquanto são supridos com outras coisas segundo seu desejo, são totalmente indiferentes acerca de Deus, justamente como se não sentissem nenhuma necessidade dele. Davi, ao contrário, testifica que, embora estivesse destituído de todas as demais coisas desejáveis, o amor paternal de Deus era suficiente para compensar a perda de todas elas. Eis, portanto, o sentido de tudo: “A maioria das pessoas tentam alegremente alcançar os prazeres e as vantagens da presente vida; minha tese, porém, é que a perfeita felicidade só se pode encontrar no favor divino”.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

*Comentário do Livro dos Salmos, Edições Paracletos.

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