“Paz e
Segurança”
“Em paz
me deitarei e quando juntamente dormirei, pois tu, Senhor, és o único que me
faz repousar em segurança” (Sl 4.8).
Davi chega à seguinte
conclusão: uma vez que é protegido pelo poder de Deus, ele desfruta de tanta
segurança e tranquilidade, como se fosse defendido por todos os exércitos da
terra. Ora, nós sabemos que viver livre de todo temor e do tormento e
inquietação que a preocupação nos traz é uma bênção que deveria ser desejada acima
de todas as demais coisas. Este versículo, portanto, é uma confirmação da frase
anterior, notificando que Davi com razão prefere a alegria produzida pela luz
do amor paternal de Deus de preferência a todas as demais coisas; pois a paz
interior do espírito certamente excede a todas as bênçãos das quais possamos
formular alguma concepção. Muitos comentaristas explicam este passo como uma
expressão da esperança de Davi de que seus inimigos seriam reconciliados
consigo, de modo a poder dormir com eles em paz, tendo-lhe Deus concedido o
peculiar privilégio de poder descansar sem ser molestado ou inquietado por
alguma pessoa. Em meu juízo, porém, o sentido correto consiste em que ele só
viveria tranquilamente e em plena segurança num ambiente de um grande número de
pessoas tendo Deus por seu defensor; pois nas palavras, e quando juntamente
dormirei, considero a partícula quando no sentido como se a redação fosse
assim: quando ao mesmo tempo, isto é, como [se estivesse] com uma multidão.
Alguns tomam - único -, em referência a Deus, traduzindo as palavras assim: Tu, ó
Senhor, és o único que me põe em segurança. Tal coisa, porém, de forma alguma
aprovo, porque, ao afastar o contraste entre estas duas palavras, juntamente e
único, perde-se muito da beleza da frase. Em suma, Davi se gloria de que só a
proteção de Deus era suficiente, e que sob ela ele dome com tanta segurança,
ainda que destituído de toda e qualquer proteção humana, como se ele tivesse
muitos vigiando e cuidando continuamente dele, ou como se ele fosse defendido
de todos os lados por um grande exército. Portanto, aprendamos de seu exemplo a
render a Deus esta honra, a saber: crer que, embora pareça não haver da parte
dos homens qualquer socorro, todavia, sob sua mão somente, é que somos
guardados em paz e em segurança, como se estivéssemos cercados por um grande
exército.
Deus nos abençoe!
João Calvino (1509-1564).
*Comentário do Livro dos Salmos, Edições Paracletos.
*Visite a Igreja Presbiteriana Silva Jardim - Curitiba/PR.
Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário.
(41)3242-8375
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