“Ó Deus
da Minha Justiça”
“Responde-me
quando clamo, ó Deus de minha justiça; na angústia, me tens aliviado; tem
misericórdia de mim e ouve minha oração” (Sl 4.1).
À luz dessas palavras temos
uma demonstração da fé de Davi que, embora enfrentasse a mais extrema angústia,
e deveras quase consumido por uma longa série de calamidades, não sucumbiu à
sua dor; nem se permitiu ter o coração tão enfraquecido que não tivesse forças
para recorrer a Deus, seu Libertador. Por sua oração ele testificou que,
quando se viu totalmente privado de todo socorro terreno, todavia restava-lhe
ainda a esperança em Deus. Além do mais, ele o chama o Deus de minha justiça,
significando a mesma coisa se o chamasse o Defensor de seus direitos; e apela
para Deus, visto que os homens, por toda parte, o condenavam, e sua inocência
era destruída pelas notícias caluniosas de seus inimigos e pelos juízos
perversos do povo. E um tratamento tão cruel e injusto como esse que Davi
recebia deve ser criteriosamente assinalado. Pois embora nada nos seja mais
doloroso do que sermos falsamente condenados e suportar, a um e ao mesmo tempo,
iníqua violência e calúnia, todavia, sermos difamados quando fazemos o bem é
uma aflição que diariamente atinge os santos. E ela os faz viver tão fatigados
sob seus efeitos, que os faz fugir de todas as fascinações do mundo e a
depender única e totalmente de Deus. Justiça, pois, deve ser entendida, aqui,
como uma boa causa, da qual Davi toma Deus por testemunha, enquanto se queixa
da conduta maliciosa e injusta dos homens contra ele; e, por seu próprio
exemplo, ele nos ensina que, se em qualquer tempo nossa retidão não for
percebida e reconhecida pelo mundo, não devemos por isso sentir-nos
desestimulados, visto que temos Alguém no céu para defender nossa causa. Mesmo
os pagãos têm afirmado que não há melhor cenário para a virtude do que a
própria consciência humana. Mas é uma consolação longe de ser suplantada o fato
de estarmos diante da vista de Deus e dos anjos. Sabemos que Paulo era dotado
com uma coragem proveniente desta fonte [1Co 4.5], pois quando muitas e más
notícias foram espalhadas entre os coríntios, a respeito dele, ele apela para o
tribunal de Deus. Portanto, se
não podemos encontrar justiça em parte alguma do mundo, o único apoio de nossa
paciência se encontra em Deus e em descansar felizes na equidade de seu juízo.
Deus nos abençoe!
João Calvino (1509-1564).
*Comentário do Livro dos Salmos, Edições Paracletos.
*Visite a Igreja Presbiteriana Silva Jardim - Curitiba/PR.
Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário.
(41)3242-8375
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