“Pois, se Deus lhes concedeu o mesmo dom que a nós nos outorgou quando cremos no Senhor Jesus, quem era eu para que pudesse resistir a Deus? E, ouvindo eles estas coisas, apaziguaram-se e glorificaram a Deus, dizendo: Logo, também aos gentios foi por Deus concedido o arrependimento para vida” (At. 11.17,18).
Seção I. O arrependimento para a vida é uma graça evangélica, doutrina esta que deve ser proclamada por todo o ministro do evangelho, tanto quanto a da fé em Cristo (CFW. XV).
Seção II. Por ele um pecador, movido pelo que vê e sente, não só diante do perigo, mas também diante da imundícia e odiosidade de seus pecados, como sendo contrários à santa natureza e à justa lei de Deus, e na apreensão de sua misericórdia em Cristo destinada aos que são penitentes, de tal maneira se entristece e odeia os seus pecados que, deixando-os, se volta para Deus, propondo-se e diligenciando-se por andar com ele em todas as veredas de seus mandamentos (CFW. XV).
A luminosa apreensão da misericórdia de Deus em Cristo se faz necessário para o genuíno arrependimento, porque a consciência debilitada ecoa a lei de Deus e não pode ser apaziguada por nenhuma outra propiciação senão por aquela exigida pela própria justiça divina; e até que isso seja feito numa confiante aplicação dos méritos de Cristo, ou a indiferença entorpecerá ou o remorso atormentará a alma.
Fora de Cristo Deus é “fogo consumidor”, e o medo inextinguível de sua ira repele a alma. “Guardai-vos não vos esqueçais da aliança do SENHOR, vosso Deus, feita convosco, e vos façais alguma imagem esculpida, semelhança de alguma coisa que o SENHOR, vosso Deus, vos proibiu. Porque o SENHOR, teu Deus, é fogo que consome, é Deus zeloso” (Dt 4.23,24); “Por isso, recebendo nós um reino inabalável, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e santo temor; porque o nosso Deus é fogo consumidor” (Hb 12.28,29).
O senso da espantosa bondade de Deus, aos nossos olhos, na dádiva de seu Filho, e de nossa ingrata retribuição a ela, é o mais poderoso meio de conduzir a alma ao genuíno arrependimento do pecado quando cometido contra Deus. E Isso se pode provar pelos exemplos de arrependimento registrados nas Escrituras. “Compadece-te de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; e, segundo a multidão das tuas misericórdias, apaga as minhas transgressões. Lava-me completamente da minha iniquidade e purifica-me do meu pecado” (Sl 51.1,2). “Se observares, SENHOR, iniquidades, quem, SENHOR, subsistirá? Contigo, porém, está o perdão, para que te temam” (Sl 130.4).
*Confissão de Fé Comentada, A.A.Hodge - Ed. Os Puritanos
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