“A ORAÇÃO DO PAI NOSSO”
“E, orando, não useis de vãs repetições, como os
gentios; porque presumem que pelo seu muito falar serão ouvidos. Não vos
assemelheis, pois, a eles; porque Deus, o vosso Pai, sabe o de que tendes
necessidade, antes que lho peçais. Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que
estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino; faça-se a tua
vontade, assim na terra como no céu; o pão nosso de cada dia dá-nos hoje; e
perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos
devedores; e não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal [pois teu é
o reino, o poder e a glória para sempre. Amém]! Porque, se perdoardes aos
homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes
aos homens [as suas ofensas], tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas
ofensas” (Mt 6.9-15).
Temos nestes versículos o maravilhoso modelo de oração
com o qual o Senhor Jesus supriu os seus discípulos, e que comumente chamamos
de “Oração do Pai Nosso”.
Dizem que esta porção das Escrituras seja, talvez, a mais
conhecida em todo o mundo. Milhares e milhares de pessoas que, nunca viram
uma Bíblia ou nunca tiveram a oportunidade de ouvir o Evangelho puro, já
ouviram ou recitaram a oração do “Pai Nosso”.
É bem provável que esta tenha sido a primeira oração que
aprendemos, quando crianças. Nisto consiste a sua simplicidade: ela contém o
princípio de tudo quanto o mais desenvolvido filho de Deus possa desejar. E
nisto consiste a sua plenitude: quanto mais ponderamos as suas palavras, tanto
mais sentimos que esta oração procede de Deus.
* A oração do “Pai Nosso” consiste de dez partes ou
sentenças.
1) A primeira sentença declara a quem devemos orar: “Pai
nosso que estás nos céus”. Não devemos clamar aos santos ou aos anjos, mas
exclusivamente ao Pai, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o SENHOR dos céus e
da terra. Podemos chamá-Lo de Pai no sentido de
que Ele é o nosso criador, conforme fez o apóstolo Paulo, perante os atenienses:
“Pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos, como alguns dos vossos poetas
têm dito: Porque dele também somos geração” (At 17.28). Nós O chamamos de Pai
no sentido mais elevado da Palavra. Somos nascidos de Deus, nascidos do
Espírito, nascidos pela vontade de Deus (Jo 1.12,13). Professamos ser filhos de
Deus, mediante a fé no Senhor Jesus Cristo, e testemunhamos ter recebido o
“espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai” (Rm 8.15). Jamais nos
esqueçamos disso!
2) A segunda sentença consiste em uma petição
concernente ao nome de Deus: “santificado seja o teu nome”. Quando falamos em
“nome” de Deus, entendemos todos aqueles atributos divinos através dos quais
Ele se tem revelado a nós – o seu poder, sabedoria, amor, santidade, justiça, misericórdia
e verdade. Quando rogamos que esses atributos sejam “santificados”, pedimos que
eles sejam feitos conhecidos e glorificados. Glorificar a Deus é a primeira
coisa que os filhos de Deus devem almejar. Esse foi o assunto de uma das orações do
próprio Senhor Jesus: “Pai, glorifica o teu nome” (Jo 12.28). Este é o
propósito para o qual o mundo foi criado. Esta é a finalidade pela qual os
santos são chamados. A principal coisa que deveríamos buscar nesta vida é que
“em todas as coisas seja Deus glorificado” (1Pe.11).
3) A terceira sentença envolve uma petição acerca do reino de Deus: “venha o teu reino”. Por “teu
reino” entendemos, primeiramente, o reino de graça que Deus estabelece e mantém
no coração de todos os membros do corpo de Cristo, por meio do seu Espírito e
de sua Palavra. Mas, principalmente, entendemos tratar-se daquele reino de
glória que um dia será estabelecido, quando o Senhor
Jesus voltar, de modo definitivo. Nesta ocasião, todo joelho se dobrará diante
dEle, e toda língua confessará que Ele é o Senhor, para glória de Deus Pai” (Fp
2.10,11).
4) A quarta
sentença é uma petição concernente à vontade de Deus: “faça-se a tua vontade,
assim na terra como no céu”. Neste ponto, oramos no sentido de que as leis de
Deus venham ser obedecidas pelos homens tão perfeita, pronta e incessantemente
como são pelos anjos, no céu. Rogamos que aqueles que agora não obedecem às
leis de Deus, sejam convertidos e ensinados a obedecê-las, e que aqueles que
obedecem o façam ainda com maior empenho. A nossa autêntica felicidade consiste na perfeita submissão à vontade de Deus. É demonstração do mais alto amor e
santidade orar no sentido de que a humanidade possa conhecer a perfeita vontade de
Deus e submeter-se a ela.
5) A quinta
sentença é uma petição referente às nossas próprias necessidades diárias: “o
pão nosso de cada dia dá-nos hoje”. Somos aqui ensinados a reconhecer a nossa
inteira dependência de Deus para o suprimento das nossas necessidades diárias.
Precisamos diariamente do pão. Nós confessamos nossa carência de Deus, o
Criador, e suplicamos que Ele tome conta de nós. Pedimos pão como a mais
simples das nossas necessidades materiais; mas, nessa palavra, incluímos todas
as necessidades do nosso corpo.
6) A sexta
sentença é uma petição a respeito dos nossos pecados: “perdoa-nos as nossas
dívidas”. Confessamos que somos pecadores e que precisamos receber diariamente
o perdão de nossas transgressões. Esta é uma parte da oração do Pai Nosso que
merece ser especialmente relembrada. Ela condena toda justiça-própria e auto-justificação.
Somos aqui instruídos a manter um hábito continuo de confissão junto ao trono
de graça; e buscar perdão, misericórdia e remissão.
7) A sétima sentença é uma declaração que diz
respeito aos nossos sentimentos para com o próximo: rogamos ao Pai que “nos
perdoe as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores”.
Esta é a única declaração de um compromisso nosso para com Deus que aparece em
toda a oração, é a única parte da oração na qual Jesus se detém para fazer um
comentário posterior. Jesus nos relembra que não devemos esperar receber o
perdão, quando oramos, se o fizermos com malícia ou rancor no coração, para com
os outros. Orar com tal atitude mental é hipocrisia. É ainda pior que
hipocrisia. É como dizer: “não me perdoe”. Não devemos esperar ser perdoados,
se nós não conseguimos perdoar.
8) A oitava
sentença é uma petição a respeito de nossas fraquezas: “não nos deixes cair em
tentação”. Ela nos ensina que a todo momento podemos ser enganados e cair em
transgressão. Ela nos instrui a confessar nossas fraquezas, debilidades, e a
buscar a Deus para nos sustentar e não nos deixar cair em pecado. Rogamos que Ele,
que ordena todas coisas no céu e na terra, não nos deixe incorrer naquilo que é
prejudicial às nossas almas, e que jamais permita que sejamos tentados além do
que somos capazes de suportar. “Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não
permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário,
juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais
suportar” (1Co 10.13).
9) A nona
sentença é uma petição acerca dos perigos que nos ameaçam: “livra-nos do mal”. Somos
aqui ensinados a pedir que Deus nos livre do mal existente neste mundo, do mal
que está dentro dos nossos próprios corações, e, não menos importante, do Maligno,
que é o diabo. Assim rogamos a Deus, o único que pode nos preservar, para que
sejamos continuamente vitoriosos “contra as astutas ciladas do diabo, contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo
tenebroso, contra as forças espirituais do mal, contra o dia mal, e dardos inflamados do
Maligno” (Ef 6.11-13,16; Jo 17.15).
10) A décima e
última sentença é uma atribuição de louvor: “teu é o reino, o poder e a
glória”. Com estas palavras, declaramos a nossa convicção de que os reinos
deste mundo são legítima propriedade de Deus nosso Pai, que a Ele pertence todo
o poder, e que Ele merece receber toda glória e louvor.
Concluímos
esta grande oração oferecendo ao SENHOR a nossa profissão de fé, de que Lhe
conferimos toda a honra, e que confessamos e nos regozijamos no fato de que Ele
é o Rei dos reis, o SENHOR dos senhores.
Deus nos
abençoe!
Pr. José Rodrigues
*Meditações no Evangelho de Mateus, J.C.Ryle, Ed. Fiel
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