“DECIDI NADA SABER”
“Porque
decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado” (1Co 2.2).
Há quem interprete assim o que o apóstolo Paulo diz neste versículo: “Considerei de primeira importância
não saber nada por meio dos meus próprios esforços, ou simplesmente pela razão
de ter conhecimento”. Contudo, não considero fora de propósito uma
interpretação diversa, ou seja, que Paulo afirma que nada considerou como
conhecimento, ou substitutivo para o conhecimento, exceto Cristo somente. Mas,
seja a primeira interpretação a ser aprovada, ou seja a segunda a mais satisfatória,
equivale ao seguinte: “A razão por que me faltou ornamentos de linguagem, e
meus argumentos não contaram com refinamento e sutileza, foi porque não corri
atrás de tais coisas; aliás, desdenhei delas, porquanto uma só coisa me
importava – proclamar Cristo com simplicidade”.
Ao
adicionar o termo crucificado, o apóstolo não pretende dizer que não proclamava
nada sobre Cristo senão a Cruz, e, sim, que a própria ignomínia da Cruz não o
impedia de proclamar a Cristo. É como se dissesse: “O infortúnio da Cruz não me
impedirá de contemplar Aquele que é a fonte da salvação, ou me leve a
envergonhar-me de ter toda a minha sabedoria sintetizada nEle – Aquele a quem
os orgulhosos tratam com desdém e rejeitam por conta da ignomínia da Cruz”.
Portanto, o que ele diz dever ser explicado da seguinte maneira: “Nenhum conhecimento
foi tão importante para mim que me fizesse desejar alguma outra coisa mais além
de Cristo, mesmo que Ele estivesse ainda crucificado”.
Este é um
versículo muitíssimo belo, e o que devemos cultivar ao longo de toda a nossa
vida; e comparado a isso, tudo o mais deve ser considerado como nada.
Deus nos
abençoe!
João Calvino (1509-1564).
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