“EU ESTIVE CONVOSCO EM FRAQUEZA”
“E foi em
fraqueza, temor e grande tremor que eu estive entre vós” (1Co 2.3).
O apóstolo
Paulo apresenta uma explanação completa do que simplesmente tocara de leve
antes, ou seja, que não houve nada de esplêndido nem de eminente a seu respeito
aos olhos humanos, de modo a tornar-se uma figura notável. Contudo, ele concede
a seus oponentes o que estavam buscando, e essa era uma forma de fazer as mesmas
coisas, as quais, acreditavam, visavam a diminuir a reputação de seu
ministério, ou seja, o que contribuísse para uma recomendação ainda mais
respeitável. Paulo aparentava ser alguém merecedor de menos honra, porque,
segundo a carne, ele era por demais insignificante e humilde. Não obstante, ele
mostra que o poder de Deus era o que existia de mais evidente em sua capacidade
para tanta realização, embora não tivesse ele o apoio de quaisquer auxílios
humanos. Mas Paulo não está pensando somente nos jactanciosos que, a fim de
granjear um nome para si, ocupavam-se simplesmente com exibicionismo; mas
também dos coríntios que se achavam pasmos em suas fúteis exibições próprias
de fanfarrões. Portanto, esse lembrete deve ter causado um forte efeito entre
eles. Sabiam que Paulo não exibia qualidades humanas que o ajudassem a
progredir, ou por meio das quais pudesse granjear o favor dos homens. Não obstante,
haviam presenciado o maravilhoso sucesso que o Senhor imprimira à pregação de Paulo.
Além disso, realmente haviam visto com seus próprios olhos, diria alguém, o
Espírito de Deus presente em seu ensino. Portanto, visto que negligenciavam a
simplicidade de Paulo, e ambicionavam febrilmente um tipo ou outro de sabedoria
que se apresentasse mais portentoso e mais polido, e visto que se achavam cativos por
aparência externas e, ainda mais, de uma presumida dissimulação, e não o
Espírito vivente, não tornavam o seu próprio amor ao exibicionismo por demais
evidente? O apóstolo Paulo, pois, está plenamente certo em trazer sua primeira
visita de volta à mente deles, a fim de não se desviarem do poder de Deus, o
qual haviam uma vez experimentado.
Deus nos abençoe!
João Calvino (1509-1564).
Nenhum comentário:
Postar um comentário