“ÉS TU AQUELE QUE ESTAVA PARA VIR?”
“És tu aquele que estava para vir ou havemos de esperar outro?” (Lc 7.19).
A mensagem que
João Batista enviou ao nosso Senhor Jesus, apresentada neste versículo, é
especialmente instrutiva, quando pensamos nas circunstâncias sob as quais foi
enviada. João Batista era prisioneiro de Herodes (Mt 11.2). Sua vida aqui neste
mundo estava chegando ao fim. Seu tempo de utilidade efetiva estava acabando.
Um demorado aprisionamento ou morte violenta eram as perspectivas. Mas mesmo
nestes dias obscuros, percebemos este homem de Deus preservando seu antigo
fundamento como testemunha de Cristo. Ele ainda era o mesmo que obteve a
revelação e disse: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo
1.29). Testemunhar a respeito de Cristo era sua obra continua como pregador em
liberdade. Enviar homens a Cristo foi uma de suas últimas obras mesmo estando
encarcerado.
Devemos notar
a sabedoria que João Batista demonstrou ao enviar seus discípulos a Cristo. Ele
enviou dois deles com a seguinte pergunta: “És tu aquele estava para vir ou
havemos de esperar outro?” João esperava que seus discípulos recebessem uma
resposta cuja impressão jamais seria apagada de suas mentes. E ele estava
certo. Os discípulos receberam uma resposta tanto por meio de obras quanto por
palavras – uma resposta que produziu um efeito mais profundo que qualquer
argumento apresentado.
João Batista
estava ciente da falta de conhecimento e fragilidade da fé exercida por aqueles
discípulos. Ele sabia quão natural seria para eles alguma contenda ou cisma e
tratarem Jesus e seus discípulos com algum sentimento de ciúmes (Jo 3.22-36), isso
podia prevalecer e mantê-los distantes de Cristo. E dentro de suas
possibilidades, João tomou a devida providência. Enviou os discípulos a Jesus,
para que vissem por si mesmos que tipo de mestre era Aquele e não O rejeitassem
sem vê-Lo e ouvi-Lo. Assim como o seu divino Mestre, que amou os seus
discípulos, João Batista amou os seus até o fim. Consciente que em breve os
deixaria, tomou o devido cuidado para deixá-los nas melhores de todas as
mãos.
“Naquela mesma hora, curou Jesus muitos de moléstias, e
de flagelos, e de espíritos malignos; e deu vista a muitos cegos. Em
seguida, Jesus lhes disse: “Ide e anunciai a
João o que vistes e ouvistes: os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são
purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e aos pobres,
anuncia-se-lhes o evangelho” (Lc 7.21,22).
Deus nos
abençoe!
J.C.Ryle
(1816-1900).
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