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sexta-feira, 7 de novembro de 2025

“A FIM DE QUE NÃO ENSINEM OUTRA DOUTRINA”


“A FIM DE QUE NÃO ENSINEM OUTRA DOUTRINA”

“Quando eu estava de viagem, rumo da Macedônia, te roguei permanecesses ainda em Éfeso para admoestares a certas pessoas, a fim de que não ensinem outra doutrina” (1Tm 1.3).

Foi com grande relutância, e só sob compulsão da necessidade que o apóstolo Paulo se deixara separar de um assistente tão amado e fiel como Timóteo, para que, como seu correspondente, pudesse levar a cabo os deveres que demandavam a responsabilidade que não havia em nenhum outro para que se cumprissem. Isso deve ter exercido uma profunda influência em Timóteo, não só por tê-lo impedido de desperdiçar seu tempo, mas o ajudou a comportar-se de maneira excelente, além do comum. Ele aqui também encoraja Timóteo a opor-se aos falsos mestres que estavam adulterando a doutrina e sua pureza. Neste apelo para Timóteo cumprir seu dever em Éfeso, devemos notar a piedosa preocupação do apóstolo. Porque, enquanto se esforçava por estabelecer novas igrejas, ele não deixava as anteriores destituídas de pastor. Indubitavelmente, como diz o escritor, “Para manter a salvo o que já conquistou necessita-se de tanta habilidade quanto para conquistá-lo. A palavra admoestar ou ordenar compreende autoridade, pois era o propósito de Paulo revestir Timóteo com autoridade para que pudesse ele refrear outros.

A fim de que não ensinem outra doutrina. Em outras palavras, “não ensinar de modo diferente, fazendo uso de outro método” ou “ensinar uma nova doutrina. A tradução de Erasmo, “seguir uma nova doutrina”, não me satisfaz, visto que a mesma poderia aplicar-se tanto aos ouvintes quanto aos mestres. Se lemos: “ensinar de uma forma diferente”, o significado será mais amplo, pois Paulo estaria proibindo a Timóteo de permitir a introdução de novos métodos de ensino que sejam incompatíveis com o método legítimo e genuíno que lhe havia comunicado. Assim, na segunda epístola, ele não aconselha Timóteo a simplesmente conservar a substância de seu ensino, mas usa o termo o qual significa uma semelhança viva de seu ensino. Como a verdade de Deus é única, assim não há senão um só método de ensiná-la, o qual se acha livre de falsa pretensão e que degusta mais saborosamente a majestade do Espírito do que as demonstrações externas de eloquência humana. Se alguém se aparta disso, ele deforma e vicia a própria doutrina; e assim, “ensinar de maneira diferente”, aponta para a forma.

Se lermos: “ensinar algo diferente”, então a referência será à substância do próprio ensino. É digno de nota que, por outra doutrina, significa não só o ensino que está em franco conflito com a sã doutrina do evangelho, mas também tudo o que, ou corrompe a pureza do evangelho por meio de invenções novas e adventícias, ou o obscurece por meio de especulações irreverentes. Todas as maquinações humanas são outras tantas corrupções do evangelho, e aqueles que fazem mau uso das Escrituras, como costumam fazer as pessoas ímpias, fazendo do Cristianismo uma engenhosa exibição, obscurecem o evangelho. Todo ensino desse gênero é oposto à Palavra de Deus e àquela pureza da doutrina na qual Paulo ordena aos efésios a permanecerem firmes.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564). 

*Visite a Igreja Presbiteriana do Brasil - Curitiba(PR). 

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