"SER CRISTÃO É TER MENTE E CORAÇÃO DE CRISTO".



domingo, 21 de dezembro de 2025

“DEUS ENVIOU SEU FILHO, NASCIDO DE MULHER”


“DEUS ENVIOU SEU FILHO, NASCIDO DE MULHER”

“Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos” (Gl 4.4,5).

O apóstolo Paulo prossegue com sua comparação e aplica ao seu propósito “o tempo designado pelo Pai”. Mas, concomitantemente, ele mostra que o tempo que fora ordenado pela providência de Deus era oportuno e adequado. Essa é a estação certa e esse é o melhor método de ação, o qual a providência de Deus dirige. Portanto, o tempo certo para o Filho de Deus revelar-se ao mundo era de alçada exclusiva de Deus julgar e determinar. Isso deve bastar para restringir a curiosidade, se alguém, não satisfeito com o propósito secreto de Deus, ousaria questionar por que Cristo não apareceu antes desse tempo.

Deus enviou seu Filho, nascido de mulher. O Filho, que foi enviado, existia muito antes. Daqui se prova sua eterna divindade. Cristo, portanto, é o Filho de Deus enviado do céu. O apóstolo diz que isso foi feito através de uma mulher, portanto ele se vestiu de nossa natureza. Com isso ele quer dizer que Jesus Cristo possui duas naturezas. Ele expressamente tencionava distinguir Cristo do restante dos homens, como tendo sido gerado da semente de sua mãe, e não pela ação sexual de homem e mulher. Em qualquer outro sentido, isso teria sido fútil e estranho ao tema. A palavra, mulher, é aqui expressa para o sexo feminino em geral.

Nascido sob a lei. Literalmente é: “Feito sujeito à lei”. O meu desejo é expressar o sentido dessas palavras de uma forma mais clara. Cristo, o Filho de Deus, que por direito era isento de toda e qualquer sujeição, fez-se sujeito à lei. Um homem livre redimiu um escravo, ao constituir-se fiador; ao pôr as cadeias em si próprio, ele as tirou do outro. Da mesma forma, Cristo decidiu tornar-se obrigado a cumprir a lei para poder obter isenção para nós. Do contrário, ele teria se submetido ao jugo da lei inutilmente, pois certamente não foi por sua própria conta que ele fez isso.

Além do mais, não somos tão isentos da lei, pelos benefícios de Cristo que não mais devemos obediência alguma à instrução da lei e podemos fazer o que bem quisermos. Pois ela é a norma perpétua de uma vida saudável e santa. Mas Paulo está falando da lei com seus apêndices. E somos redimidos da sujeição a essa lei, visto que ela não mais é o que uma vez foi. Agora que o véu se partiu, a liberdade surgiu plenamente, e isso é que ele prossegue afirmando.

A fim de que recebêssemos a adoção de filhos. Os pais sob o regime do antigo pacto tinham certeza de sua adoção, mas ainda não tanto que desfrutassem plenamente de seu privilégio. A adoção, à semelhança da redenção em Romanos 8.23, é conferida para que se tome dela verdadeira posse. Pois como receberemos, no último dia, o fruto de nossa redenção, assim agora recebemos o fruto de nossa adoção, do qual os santos pais não participaram antes da vinda de Cristo. Portanto, aqueles que agora sobrecarregam a Igreja com excesso de cerimônias, impiamente a defraudam do que é justamente devido à adoção (literalmente, o justo débito para com a adoção).

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

*Visite a Igreja Presbiteriana do Brasil - Curitiba(PR).

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