"SER CRISTÃO É TER MENTE E CORAÇÃO DE CRISTO".



domingo, 21 de dezembro de 2025

“ENVIOU DEUS AO NOSSO CORAÇÃO O ESPÍRITO DE SEU FILHO”


“ENVIOU DEUS AO NOSSO CORAÇÃO O ESPÍRITO DE SEU FILHO”

“E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai! De sorte que já não és escravo, porém filho; e, sendo filho, também herdeiro por Deus” (Gl 4.6,7).

O apóstolo Paulo mostra que a adoção de que fala pertence aos gálatas, usando o seguinte argumento: A adoção divina precede o testemunho sobre ela apresentado pelo Espírito Santo.

O efeito, porém, é o sinal da causa. E ousais chamar a Deus vosso Pai só pela instigação e incitamento do Espírito de Cristo.

Portanto, é incontestável que sois filhos de Deus.

Significa, como costuma ensinar em outras partes, que o Espírito é o penhor e garantia de nossa adoção, de sorte que somos seguramente convencidos da atitude paternal de Deus para conosco.

Objetar-se-á, porém, os homens perversos também não realizam suas imprudências enquanto reivindicam que Deus é seu Pai? Às vezes não se gloriam ainda com maior ousadia que Deus é também deles? Respondo que Paulo não está, aqui, falando da fútil vanglória, ou do que alguém possa reivindicar para seu próprio espírito, mas do testemunho de sua consciência piedosa que procede de uma nova regeneração. Tal argumento só pode ser válido para os crentes, pois os réprobos não desfrutam da experiência de tal certeza. Como o Senhor mesmo declara: “O Espírito da verdade, que o mundo não pode conhecer, porque não o vê nem o conhece” [Jo 14.17]. Isso está implícito nas palavras de Paulo.

Enviou Deus. O que o apóstolo quer nos ensinar não é o que eles mesmos, no juízo carnal, loucamente aventuram, mas o que Deus confirma em seus corações pelo Espírito Santo. O Espírito de seu Filho é mais apropriado ao presente contexto do que algum outro título que porventura pudesse usar. Somos filhos de Deus, porque somos revestidos do mesmo Espírito que o foi seu Filho unigênito.

Deve-se observar que Paulo atribui isso a todos os cristãos em geral; pois onde o penhor do amor divino para conosco está ausente, seguramente não há fé genuína. Daí, é evidente que sorte de cristianismo há naqueles que não foram regenerados, o qual acusam de presunção a qualquer um que confesse que tem o Espírito de Deus. Pois imaginam a fé como algo sem o Espírito de Deus e sem certeza. Esse único dogma que confessam é evidente prova de que em seus corações reina o diabo, o pai da incredulidade. Reconheço, aliás, que os escolásticos, quando ordenam que as consciências humanas flutuem em perpétua dúvida, ensinam somente o que dita o senso natural. É da mais profunda necessidade fixar em nossa mente este dogma de Paulo, a saber: que ninguém é cristão salvo, senão aquele que se deixa instruir pelo Espírito Santo, como sinal de certeza e de confiança inabalável, a chamar Deus: meu Pai!

Aba, Pai! O significado dessas palavras, não tenho dúvida, consiste em que invocar a Deus é um costume comum a todas as línguas. Pois é próprio do presente tema que Deus tem o nome de Pai entre os hebreus e os gregos. E isso foi predito por Isaías: “Toda língua confessará o seu nome” [Is 45.23]. Uma vez, portanto, que os gentios são contados entre os filhos de Deus, é evidente que a adoção procede, não do mérito da lei, mas da graça da fé.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

*Visite a Igreja Presbiteriana do Brasil - Curitiba(PR).

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