"SER CRISTÃO É TER MENTE E CORAÇÃO DE CRISTO".



sexta-feira, 29 de março de 2019

Vantagens de meditarmos na Glória de Cristo

Vantagens de meditarmos na Glória de Cristo
“Porque Deus, que disse: Das trevas resplandecerá a luz, ele mesmo resplandeceu em nosso coração, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo” (2Co 4.6).

Algumas vantagens que surgem de pensarmos constantemente na glória de Cristo pela fé.

1 – Seremos moldados por Deus para o céu. Muitos pensam que já estão suficientemente preparados para a glória, como se eles a pudessem alcançar. Mas não sabem o que isso significa. Não há o menor prazer na música para um surdo, nem em belas cores para um cego. Da mesma forma, o céu não seria um lugar de prazer para as pessoas que não tivessem sido preparadas para ele nesta vida pelo Espírito. O apóstolo dá “...graças ao Pai, que vos fez idôneos à parte que vos cabe da herança dos santos na luz” (Cl 1.12). A vontade de Deus é que devemos conhecer as primícias da glória aqui e a sua plenitude no futuro. Porém, somos feitos capazes de receber o conhecimento dessa glória pela atividade espiritual da fé. O nosso conhecimento atual da glória é nossa preparação para a glória futura.

2 – Uma visão verdadeira da glória de Cristo tem o poder de mudar-nos até que nos tornemos semelhantes a Cristo (2Co 3.18).

3 – Uma meditação constante sobre a glória de Cristo dará descanso e satisfação às nossas almas. Trará paz às nossas almas que tantas vezes estão cheias de medos e pensamentos perturbadores. “Porque o pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para a vida e paz” (Rm 8.6). As coisas desta vida nada são quando comparadas com o grande valor e beleza de Cristo, como Paulo disse: “Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo” (Fp 3.8).

4 – O conhecimento da glória de Cristo é a fonte de nossa bem-aventurança eterna. Vendo-O como ele é, seremos feitos em semelhança a Ele. (Veja 1Ts 4.17; Jo 17.24; 1Jo 3.2).

Deus é tão grandioso que não podemos vê-Lo com os nossos olhos naturais, e mesmo quando estivermos no céu, não poderemos entender todas as coisas sobre Ele, porque Ele é infinito. A visão abençoada que teremos lá de Deus, sempre será “na face de Cristo” (2Co 4.6) e isto será o suficiente para nos encher de paz e uma sensação de descanso e glória.

No entanto, mesmo nesta vida os verdadeiros crentes às vezes têm um antegozo da bem-aventurança proveniente de conhecer a Cristo. As Escrituras e o Espírito Santo lhes apresentam a glória de Deus, que brilha em Cristo, de tal forma que enche suas vidas com indescritível alegria e paz. Estas experiências não são frequentes, mas isso é devido ao nosso estado doentio e falta de luz espiritual. A glória resplandeceria em nossas almas com maior frequência se fôssemos diligentes em nossas responsabilidades de meditar na glória de Cristo.

Deus nos abençoe!

John Owen (1616-1683)

*Meditações sobre a Glória de Cristo, Editora PES.

*Visite a Igreja Presbiteriana da Silva Jardim - Curitiba/PR.
Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário
(41)3242-8375

“Para que vejam a Minha Glória”

“Para que vejam a Minha Glória”
“Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que vejam a minha glória que me conferiste, porque me amaste antes da fundação do mundo” (Jo 17.24).

O sumo sacerdote do Velho Testamento, após fazer os sacrifícios que eram exigidos, no dia da expiação, entrava no lugar santo com as suas mão cheias de incenso perfumado que ele colocava no fogo diante do Senhor. Da mesma forma, o grande Sumo Sacerdote da Igreja, o nosso Senhor Jesus Cristo, tendo Se sacrificado pelos nossos pecados, entrou no céu com o doce perfume de Suas orações pelo Seu povo. O Seu eterno desejo para a salvação do Seu povo é expresso no versículo em destaque acima: “Para que vejam a minha glória”. José pediu a seus irmãos que contassem a seu pai sobre toda a sua glória no Egito (Gn 45.13), não para dar uma amostra ostensiva daquela glória, mas para dar a seu pai a alegria de conhecer a sua alta posição naquela terra. Da mesma forma, Cristo desejava que Seus discípulos vissem a Sua glória para que pudessem estar satisfeitos e usufruir a plenitude de Suas bênçãos para todo o sempre.

Uma vez tendo conhecido o amor de Cristo, o coração do crente estará sempre insatisfeito até que a glória de Cristo seja vista. O clímax das petições que Cristo faz a favor dos Seus discípulos é que possam contemplar a Sua glória. É por isso que eu afirmo que um dos maiores benefícios para um crente neste mundo e no porvir é considerar a glória de Cristo.

Desde que o nome do cristão é conhecido no mundo, não tem havido tanta oposição direta à singularidade e glória de Cristo como nos dias atuais. É o dever de todos aqueles que amam o Senhor Jesus de testificar, conforme suas habilidades, da Sua singularidade e glória.

Eu gostaria, portanto, de fortalecer a fé dos verdadeiros crentes ao mostrar que ver a glória de Cristo é uma das maiores experiências e privilégios possíveis neste mundo ou no outro. “E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito” (2Co 3.18). Na eternidade seremos como Ele, porque O veremos como ele é (veja 1Jo 3.2).

Este conhecimento de Cristo é a vida contínua e a recompensa de nossas almas. Aquele que tem visto a Cristo também tem visto o Pai; a luz do conhecimento da glória de Deus é vista apenas na face de Jesus Cristo (Jo 14.9; 2Co 4.6).

Há duas maneiras de ver a glória de Cristo mediante a fé, neste mundo, e, por meio da fé, no céu eternamente. É à segunda maneira que se refere principalmente na oração sacerdotal de Cristo – que os Seus discípulos possam estar onde Ele está, para contemplar a Sua glória, Mas a visão da Sua glória pela fé, neste mundo, também está incluída e eu dou as seguintes razões por enfatizar isso:

1 – Nenhum homem jamais verá a glória de Cristo no futuro se ele não tiver alguma visão dela, pela fé, no presente. Devemos estar preparados pela graça para a glória, e pela fé para a visão. Algumas pessoas, que não tem fé verdadeira, imaginam que verão a glória de Cristo no céu; porém estão apenas se iludindo. Os apóstolos viram a Sua glória, “e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai, cheio de graça e verdade” (Jo 1.14). Essa não era uma glória deste mundo como a dos reis. Apesar de ter criado todas as coisas, Cristo não tinha onde reclinar a Sua cabeça. Não havia glória ou beleza incomum em Sua aparência como homem. A Sua face e Suas formas se tornaram mais desfiguradas que as de qualquer outro homem. (veja Is 52.14; 53.2). Não era possível ser vista neste mundo a glória total de Sua natureza divina. Como então os apóstolos viram a Sua glória? Foi pela compreensão espiritual da fé. Quando eles viram como Ele era cheio de graça e verdade e o que Ele fazia e como falava, eles “o receberam e creram no seu nome” (Jo 1.12). Aqueles que não tinham essa fé não viram nenhuma glória em Cristo.

2 – A glória de Cristo está muito além do alcance de nossa presente compreensão humana. Não podemos olhar diretamente para o sol sem ficarmos cegos. Semelhantemente, com os nossos olhos naturais não podemos ter nenhuma visão verdadeira da glória de Cristo no céu; ela apenas pode ser conhecida pela fé.

Aqueles que falam ou escrevem sobre a imortalidade da alma, sem ter conhecimento de uma vida de fé, não podem ter convicção daquilo que dizem. Há também aqueles que usam imagens, quadros e músicas em uma tentativa inútil de ajudá-los a adorar algo que eles imaginam ser como a glória de Cristo. Isso, porque não têm uma verdadeira compreensão espiritual da glória de Cristo. O entendimento que vem apenas através da fé é que nos dará uma ideia verdadeira da glória de Cristo e criará um desejo para um completo desfrute dela.

3 – Entretanto, se quisermos ter uma fé mais ativa e um maior amor para com Cristo, que deem descanso e satisfação às nossas almas, precisamos ter um maior desejo de compreender melhor a Sua glória nesta vida. Isto significará que cada vez mais as coisas deste mundo terão menor atração para nós até que se tornem indesejáveis como algo morto. Não deveríamos procurar por nada no céu a não ser pelas coisas de que já temos alguma experiência nesta vida. Se estivéssemos totalmente convencidos disso estaríamos pensando mais nas coisas celestiais do que normalmente estamos.

Amém!

John Owen (1616-1683)

*Meditações sobre a Glória de Cristo, Editora PES.

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quinta-feira, 28 de março de 2019

Vencendo os temores da Morte

Vencendo os temores da Morte
Então, Jesus clamou em alta voz: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito! E, dito isto, expirou” (Lc 23.46).

Muitos vivem com receio da morte todos os seus dias. Como podemos vencer estes temores?

1 – Devemos deliberadamente entregar as nossas almas, ao partirmos deste mundo, nas mãos dAquele que pode recebê-las e guardá-las. A alma, sozinha e por si mesma, tem que ir para a eternidade. Ela deixa para trás, para sempre, tudo o que conheceu anteriormente pelas suas faculdades próprias e naturais.

Deve haver, portanto um ato de fé ao entregar a alma à disposição de Deus, como Paulo foi capaz de fazer. “...eu sei em quem tenho crido e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele Dia” (2Tm 1.12).

O Senhor Jesus Cristo é o nosso grande exemplo. Quando Ele despediu o Seu espírito, Ele entregou a Sua alma nas mãos de Deus o Pai, em total confiança que ela não sofreria nenhum mal. “Alegra-se, pois, o meu coração, e o meu espírito exulta; até o meu corpo repousará seguro. Pois não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção” (Sl 16.9,10). O último e vitorioso ato de fé acontece na hora da morte. A alma poderá, então, dizer para si mesma: “Você está agora deixando o tempo e entrando naquelas coisas eternas que o olho natural não viu, nem o ouvido ouviu, nem o coração do homem tem sido capaz de imaginar. Desta forma, em silêncio e confiança entregue-se à soberana graça, verdade e fidelidade de Deus, e encontrarás descanso e paz”. Jesus Cristo imediatamente recebe a alma daqueles que creem nEle, como no caso de Estevão. Quando morria, ele disse: “Senhor Jesus, recebe o meu espírito” (At 7.59). O que poderia ser de maior encorajamento para entregar as nossas almas nas mãos de Cristo, na hora da morte, do que conhecer em cada dia de nossas vidas alguma coisa de Sua glória, do Seu poder e da Sua graça?

2 – Como seres humanos, não somos semelhantes aos anjos que são apenas espírito e não podem morrer. Nem somos semelhantes aos animais que não possuem alma eterna. Mas Deus designou para nós uma ressurreição gloriosa do corpo que não mais terá uma natureza física; seremos mais semelhantes aos anjos. Nesta vida há uma relação tão íntima entre alma e corpo que nós tentamos tirar da cabeça qualquer pensamento sobre a sua separação. Como é possível, então, ter tal disposição de morrer, a exemplo do apóstolo Paulo quando disse: “Ora, de um e outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor” (Fp 1.23)? Essa disposição só pode ser encontrada se olharmos pela fé para Cristo e Sua glória, tendo a certeza que estar com Ele é melhor do que tudo quanto esta vida possa oferecer.

Se quisermos morrer alegremente, devemos pensar em como Deus nos chamará do túmulo na ressurreição. Então, pelo Seu grandioso poder, Ele não apenas nos restaurará à glória de Adão e Eva na criação, como também nos acrescentará ricas bênçãos além da nossa imaginação. Devemos, também, nos lembrar que apesar do corpo e da alma do nosso glorioso Salvador terem sido separados na morte (à semelhança que os nossos também serão), Ele agora possui grande glória. O Seu exemplo pode nos dar esperança.

3 – Deve haver uma disposição nossa em aceitar o tempo de Deus para morrermos. Podemos, à semelhança de Moisés, desejar ver mais da gloriosa obra de Deus em favor do Seu povo na terra. Ou, à semelhança de Paulo, podemos sentir que seja necessário, para o benefício de outros, que vivamos um pouco mais. Pode ser que desejemos ver as nossas famílias e as nossas coisas numa condição melhor e mais estabelecidas.

Mas não podemos ter paz neste mundo, a não ser que estejamos dispostos a nos submeter à vontade de Deus com respeito à morte. Os nossos dias estão em suas mãos, à Sua soberana disposição. Devemos aceitar isso como sendo o melhor.

4 – Alguns podem não temer a morte, porém podem temer a maneira como morrerão. Uma longa doença, grandes dores, ou alguma forma de violência poderiam ser uma maneira de trazer a nossa vida terrena a um fim. Devemos ser sábios, como se estivéssemos sempre prontos para passar por qualquer experiência que Deus nos permita passar. Não seria correto que Ele fizesse o que deseja com o que Lhe pertence? Acaso a vontade dEle não é infinitamente santa, sábia, justa e boa em todas as coisas? Ele não sabe o que é melhor para nós e o que trará maior glória para Si mesmo? Muitas pessoas descobriram que são capazes de suportar as coisas que mais temiam porque receberam maior força e paz do que podiam imaginar que lhes fosse dado.

No entanto, nenhuma dessas quatro coisas podemos fazer, a não ser que acreditemos na excelente glória de Cristo e desfrutemos dela.

Amém!

John Owen (1616-1683)

*Meditações sobre a Glória de Cristo, Editora PES.

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terça-feira, 19 de março de 2019

A Glória de Cristo na Igreja

A Glória de Cristo na Igreja
“Pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus se torne conhecida” (Ef 3.10).

A glória de Deus procede de Sua natureza santa e das excelentes coisas que Ele faz. Todavia, só podemos ver a Sua glória através de Jesus Cristo (2Co 4.6). Cristo é “o resplendor da glória do Pai” e “a imagem do Deus invisível” (Hb 1.3; Cl 1.15). Ele nos mostra a gloriosa natureza de Deus e revela a Sua vontade para nós. Sem Cristo, nunca veríamos a Deus por nenhum momento, quer aqui ou na eternidade (Jo 1.18). Somente Ele torna conhecida a anjos e seres humanos a glória do Deus invisível.

Esta revelação é a rocha na qual a Igreja está construída, o fundamento firme de todas as nossas esperanças de salvação e de vida eterna. Aqueles que não podem ver essa glória de Cristo pela fé, não conhecem a Deus. São como os incrédulos de antigamente. “Porque tanto os judeus pedem sinais, como os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios; mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus” (1Co 1.22-24).

Sabedoria infinita é parte da natureza divina e fonte de todas as obras gloriosas de Deus. “Mas onde se achará a sabedoria? E onde está o lugar do entendimento?” (Jó 28.12). Podemos ver a sabedoria pelos seus efeitos, cujo maior deles é a salvação da Igreja. O apóstolo Paulo deixou o seguinte testemunho: “A mim, o menor de todos os santos, me foi dada a graça de pregar aos gentios o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo e manifestar qual seja a dispensação do mistério, desde os séculos, oculto em Deus, que criou todas as coisas, para que, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus se torne conhecida, agora, dos principados e potestades nos lugares celestiais” (Ef 3.9,10).

Sabedoria, bondade, amor, graça, perdão e poder de Deus são infinitamente gloriosos porque existem nEle. Só podemos entendê-los quando temos uma visão satisfatória e calorosa deles e os vemos operando para a redenção da Igreja. Então a glória deles brilha sobre nós, trazendo-nos refrigério e alegria indescritíveis. Ver essa glória é a única maneira possível para obtermos santidade, conforto e preparação para a glória eterna. “Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro? Ou quem primeiro deu a ele para que lhe venha a ser restituído? Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!” (Rm 11.33-36). 

Deus nos abençoe!

John Owen (1616-1683)

*Meditações sobre a Glória de Cristo, Editora PES.

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segunda-feira, 18 de março de 2019

A Glória de Cristo como Mediador: Seu Amor

A Glória de Cristo como Mediador: Seu Amor
Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós” (1Jo 3.16).

Há muitos textos nas Sagradas Escrituras que se referem ao amor de Cristo. Por exemplo: “...o Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gl 2.20) ; “Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós...” (1Jo 3.16); “Àquele que nos ama, e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados, ...a ele a glória e o domínio pelos séculos dos séculos” (Ap 1.5,6). A porção mais brilhante da glória de Cristo é o Seu amor. Não há nenhum terror nele, mas é atraente e nos traz refrigério.

A razão principal de Cristo tornar-Se mediador foi por causa do amor do Pai. O qual escolheu salvar um número incontável de pessoas mediante o derramamento do sangue de Cristo. E eles são santificados pelo Espírito (2Ts 2.13; Ef 1.4-9). Desde que Deus é amor, qualquer comunicação que se estabeleça entre Ele e Seu povo há de ser em amor (1Jo 4.8,9,16). Certamente não havia nada neles para que Deus os amasse. Qualquer coisa boa que haja em alguém é o efeito do amor de Deus nele (Ef 1.4). O amor de Deus é a eterna fonte da qual a Igreja recebe a sua vida através de Cristo.

Vamos agora considerar o amor do Filho, que é cheio de compaixão. Apesar de sermos criaturas pecaminosas, foi possível a nossa recuperação. Deus nos escolheu como um meio de expressar o Seu divino amor e bondade. Cristo assumiu a nossa carne e sangue, não a natureza dos anjos (Hb 2.14-16). Ele antevia com grande gozo a salvação dos pecadores, a qual iria trazer tanta glória a Deus.

O Seu desejo e prazer de assumir a natureza humana não foram diminuídos por causa do conhecimento das grandes dificuldades que Ele teria de enfrentar. Para nos salvar, Ele teria que continuar até que Sua alma estivesse “profundamente triste até a morte”. Mas isto não o deteve. O Seu amor e perdão correram como águas de uma poderosa corredeira, por que Ele diz: “Então, eu disse: eis aqui estou, no rolo do livro está escrito a meu respeito; agrada-me fazer a tua vontade, ó Deus meu; dentro do meu coração, está a tua lei” (Sl 40.7,8). Desta forma, um corpo foi preparado para Ele, a fim de dar expressão à imensurável graça e ao fervente amor que Ele possuía pela humanidade. Agora, quando pensamos no glorioso amor de Cristo, descobrimos que há em Sua natureza divina o amor de Deus, o Pai. E há mais ainda, porque quando colocou em prática esse amor, Ele foi humano também. O amor nas duas naturezas é bastante distinto, contudo vem da mesma pessoa, Cristo Jesus. Foi um ato indescritível de amor quando Ele assumiu a nossa natureza humana, porém isso foi apenas um ato de Sua natureza divina. A Sua morte foi apenas um ato de Sua natureza humana. Os dois atos, porém, foram verdadeiramente dEle, como lemos em 1Jo 3.16: “Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós”.

Apelo a vocês para que, de contínuo, preparem as suas mentes para as coisas celestiais, meditando seriamente na glória do amor de Cristo. Isto não pode ser feito, se suas mentes estão sempre cheias de pensamentos terrenos. Não se satisfaçam com pensamentos gerais sobre o amor de Cristo, mas pensem nisso de uma forma um pouco mais detalhada.

1 – Considerem de quem é o amor: o amor do Filho de Deus, que é também o Filho do homem. Assim como Ele é único, o Seu amor também deve ser único.

2 – Pensem na sabedoria, bondade e graça demonstradas nos atos eternos da Sua natureza divina e na compaixão e amor de Sua natureza humana em tudo que Ele fez e sofreu por nós (Ef 3.19; Hb 2.14,15; Ap 1.5).

3 – Merecíamos a ira, porém “Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados” (1Jo 4.10). O amor de Cristo não é diminuído porque nós somos espiritualmente desagradáveis.

4 – Pensem no poder deste amor quanto aos seus efeitos em nossas vidas habilitando-nos a produzir frutos para Sua glória.

É por isso que devemos meditar nos ensinamentos das Escrituras que contêm a doçura do amor de Cristo. Não se contentem apenas em ter uma ideia do amor de Cristo em suas mentes, mas provem, nos seus corações que o Senhor é gracioso (Ct 2.2-5). Cristo é o alimento das nossas almas. Não existe outra nutrição espiritual maior que o Seu amor para conosco, o qual sempre deveríamos desejar.

Deus nos abençoe!

John Owen (16l6-1683)

*Meditações sobre a Glória de Cristo, Editora PES.

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sábado, 9 de março de 2019

Emoções Espirituais e Mudança de Natureza

Emoções Espirituais e Mudança de Natureza
“E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (2Co 5:17).

Todas as emoções espirituais surgem de uma compreensão espiritual, na qual a alma vê a excelência e glória das coisas divinas. Essa visão espiritual tem um efeito transformador. "E todos nós com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito" (2Co 3:18). Este poder transformador vem somente de Deus - do Espírito do Senhor.

As Escrituras descrevem a conversão em termos que implicam ou significam uma mudança de natureza: nascer de novo, tornar-se novas criaturas, levantar-se dos mortos, ser renovado em espírito e na mente, morrer para o pecado e viver para a retidão, descartando o homem velho e vestindo o novo, partilhar da natureza divina, e assim por diante.

Segue-se que se não há mudança real e duradoura nas pessoas que pensam estar convertidas, então sua religião não têm nenhum valor, não importa quais tenham sido suas experiências. A conversão é o volver do homem total do pecado para Deus. É claro que Deus pode impedir as pessoas não convertidas de pecar, todavia na conversão Ele volve o próprio coração e sua natureza do pecado para a santidade. A pessoa convertida se torna uma inimiga do pecado. O que, então, podemos pensar de alguém que diz ter tido uma experiência de conversão, mas cujas emoções religiosas logo morrem, deixando-o muito parecido com a pessoa que foi antes? Ele parece egoísta, mundano, tolo, perverso e não cristão como sempre. Isso fala contra ele mais alto do que qualquer experiência religiosa possa falar a favor dele. Em Jesus Cristo, não importam circuncisão ou incircuncisão, experiência dramática ou silenciosa, testemunho maravilhoso ou enfadonho. A única coisa que importa é uma nova criação.

E claro que devemos levar em conta o temperamento natural dos indivíduos. A conversão não destrói o temperamento natural. Se nosso temperamento faz com que sejamos inclinados a certos pecados antes de nossa conversão, muito possivelmente tenderemos aos mesmos pecados depois da conversão. Entretanto, a conversão fará alguma diferença até nesse ponto. Embora a graça de Deus não destrua as falhas de temperamento, pode corrigi-las. Se um homem antes de sua conversão era inclinado por seu temperamento natural à lascívia, bebedeira ou vingança, sua conversão terá um poderoso efeito sobre essas inclinações más. Ainda pode correr perigo desses pecados, mais que quaisquer outros, porém eles não dominarão sua alma e sua vida como fizeram antes. Não serão mais parte de seu verdadeiro caráter. De fato, arrependimento sincero fará com que uma pessoa odeie e tema particularmente os pecados dos quais foi exteriormente mais culpado.

Medita estas coisas!

Jonathan Edwards (1703-1758)

*A Genuína Experiência Espiritual, Editora PES

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quarta-feira, 6 de março de 2019

O Principal Sinal da Sinceridade de um Convertido

O Principal Sinal da Sinceridade de um Convertido
"Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus" (Mt 5:16).

A prática cristã é o principal sinal pelo qual podemos julgar a sinceridade de cristãos professos. As Escrituras são muito claras sobre isso. "Pelo seus frutos os conhecereis" (Mt 7:16), "Ou fazei a árvore boa e o seu fruto bom, ou a árvore má e o seu fruto mau; porque pelo fruto se conhece a árvore" (Mt 12:33). Em nenhum lugar Cristo diz: "Conhecereis a árvore por suas folhas e flores. Conhecereis os homens pelo que dizem, pelas histórias que contam de suas experiências, por suas lágrimas e expressões emocionais". Não! "Pelos seus frutos os conhecereis. Pelo fruto se conhece a árvore".

Cristo nos aconselha que procuremos pelos frutos da prática cristã nos outros. Também nos exorta que devemos mostrar esse fruto aos outros em nossas próprias vidas. "Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus" (Mt 5:16). Cristo não diz: "Assim brilhe também a vossa luz, exprimindo aos outros seus sentimentos e experiências." É quando os outros veem nossas boas obras que glorificarão nosso Pai que está nos céus.

O restante do Novo Testamento diz o mesmo. Por exemplo, em Hebreus lemos sobre aqueles que foram iluminados, provaram o dom celestial e assim por diante, e caíram (Hb 6:4-8). Então, no versículo 9 diz: "Quanto a vós outros, todavia, ó amados, estamos persuadidos das coisas que são melhores e pertencentes à salvação." Por que o escritor de Hebreus estava tão confiante que a fé deles era verdadeira e que eles não cairiam? Por causa de sua prática cristã. Vejam o versículo 10: "Porque Deus não é injusto para ficar esquecido do vosso trabalho e do amor que evidenciastes para com o seu nome, pois servistes e ainda servis aos santos."

Encontramos o mesmo ensinamento em Tiago. "Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras?" (Tg 2:14). Tiago está nos dizendo que não adianta dizer que temos fé, se não mostrarmos nossa fé pelas boas obras. Tudo o que dizemos será inútil, se não for confirmado pelo que fazemos. Testemunhos pessoais, histórias sobre nossos sentimentos e experiências - tudo inútil sem boas obras e prática cristã.

De fato, isto é bom senso. Todos sabemos que "ações falam mais alto que palavras." Isso se aplica tanto ao domínio espiritual quanto ao natural. Imagine duas pessoas, uma parece andar humildemente perante Deus e os homens, viver uma vida que fala de um coração penitente e contrito; é submissa a Deus na aflição, mansa e gentil para com os outros homens. A outra fala sobre quão humilde é, como se sente condenada pelo pecado, como se prostra no pó perante Deus, etc; não obstante, se comporta como se fosse o cabeça de todos os cristãos da cidade! É mandona, importante perante ela mesma e não suporta crítica. Qual dessas duas dá a melhor demonstração de ser uma verdadeira cristã? Não é falando às pessoas sobre nós mesmos que demonstramos nosso cristianismo. Palavras custam pouco. É pela dispendiosa e desinteressada prática cristã que mostramos a autenticidade de nossa fé.

Estou supondo, é claro, que essa prática cristã existe numa pessoa que diz acreditar na fé cristã, pois o que estamos testando é a sinceridade daqueles que se dizem cristãos. Uma pessoa não pode proclamar-se cristã sem reivindicar certas coisas. Não iríamos - e não deveríamos - aceitar como cristão alguém que negue as doutrinas cristãs essenciais, não importa quão bom e santo ele pareça. Junto com a prática cristã, deve haver uma aceitação das verdades básicas do evangelho. Essas incluem crer que Jesus é o Messias, que morreu para satisfazer a justiça de Deus contra nossos pecados, e outras doutrinas dessa ordem. A prática cristã é a melhor prova da sinceridade e salvação daqueles que dizem acreditar nessas verdades, mas não prova coisa alguma sobre a salvação daqueles que as negam!

Eu só acrescentaria o que já disse antes (Parte dois, capítulo 12), que nenhuma aparência exterior é sinal infalível de conversão. A prática cristã é a melhor evidência que temos de que um cristão professo é um cristão verdadeiro. Leva-nos a acreditar em sua sinceridade e aceitá-lo como irmão em Cristo. Mesmo assim, não é prova cem por cento infalível. Para começar, não podemos ver todo o comportamento manifestado de uma pessoa; muito dele está escondido do mundo. Não podemos ver dentro do coração da pessoa para ver seus motivos. Não podemos estar certos até que ponto pode ir uma pessoa não convertida na aparência exterior de cristianismo. Contudo, se pudéssemos ver toda a prática que a consciência da própria pessoa conhece, poderia então ser um sinal infalível de sua condição de pessoa salva.

Medita estas coisas!

Jonathan Edwards (1703-1758)

*A Genuína Experiência Espiritual, Editora PES

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Emoções e a Dureza de Coração

Emoções e a Dureza de Coração
"Dar-lhes-ei um só coração, espírito novo porei dentro deles; tirarei da sua carne o coração de pedra e lhes darei coração de carne; para que andem nos meus estatutos, e guardem os meus juízos, e os executem; eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus"  (Ez 11:19,20).

Outra prova que a verdadeira religião se encontra nas emoções, é que as Escrituras muitas vezes chamam o pecado de "dureza de coração". Considerem os seguintes textos:

"Olhando-os ao redor, indignado e condoído com a dureza dos seus corações" etc. (Mar.3:5).

"Oxalá ouvísseis hoje a Sua voz! Não endureçais o vosso coração, como em Meribá, como no dia de Massá, no deserto; quando vossos pais me tentaram, pondo-me à prova, não obstante terem visto as minhas obras. Durante quarenta anos estive desgostado com essa geração, e disse: é povo de coração transviado" (Sl 95:7-10).

"O Senhor, por que nos fazes desviar dos teus caminhos? Porque endureces o nosso coração, para que te não temamos?" (Is 63:17).

"Mas endureceu a sua cerviz, e tanto se obstinou no seu coração, que não voltou ao Senhor, Deus de Israel" (ICr 36:13).

Junto com esses textos, considerem também que as Escrituras descrevem a conversão como o tirar "da sua carne o coração de pedra", como o dar um "coração de carne" (Ez 11:19;36:26).

Um coração duro é obviamente aquele que não é fácil de mover ou impressionar com as emoções espirituais. É como pedra - frio, insensível, sem sentimento para com Deus e a santidade. É o oposto de um coração de carne, o qual tem sentimento e pode ser tocado e movido. Segue-se, portanto, que santidade de coração consiste principalmente em emoções espirituais.

Medita estas coisas!

Jonathan Edwards (1703-1758)

*A Genuína Experiência Espiritual, Editora PES

*Visite a Igreja Presbiteriana da Silva Jardim - Curitiba/PR.
Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário
(41)3242-8375

Emoções e nossos Deveres Religiosos

Emoções e nossos Deveres Religiosos
“Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne. Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis” (Ez 36:26,27).

Considere a importância das emoções espirituais nos deveres que Deus designou como expressões de culto.

Oração - Declaramos em oração as perfeições de Deus, Sua majestade, santidade, bondade e absoluta suficiência, nosso próprio vácuo e desmerecimento, nossas necessidades e desejos. Mas, por quê? Não para informar a Deus dessas coisas, pois Ele já as conhece, e certamente não para mudar Seus propósitos e persuadi-Lo que deveria nos abençoar. Não, declaramos, porém estas coisas para mover e influenciar nossos próprios corações, e dessa forma nos preparamos para receber as bênçãos que pedimos.

Louvor - O dever de cantarmos louvores a Deus parece não ter outro propósito que o de excitar e expressar emoções espirituais. Podemos encontrar somente uma razão para que Deus ordenasse que nos manifestássemos a Ele tanto em poesia como em prosa, e em cântico como pela fala. A razão é esta: quando a verdade divina é expressa em poemas e cânticos, tem uma tendência maior a se imprimir em nós e mover nossas emoções.

Batismo e a Ceia do Senhor - O mesmo é verdadeiro com relação ao batismo e à Ceia do Senhor. Por natureza, as coisas físicas e visíveis nos influenciam muito. Assim, Deus não somente ordenou que ouvíssemos o evangelho contido em Sua Palavra, mas também que víssemos o evangelho exposto diante de nossos olhos em símbolos visíveis, de modo a nos influenciar ainda mais. Essas demonstrações visíveis do evangelho são o Batismo e a Ceia do Senhor.

Pregação - Uma grande razão porque Deus ordenou a pregação na Igreja é para gravar as verdades divinas em nossos corações e emoções. Não é suficiente que tenhamos bons comentários e livros de teologia. Estes podem iluminar nossa compreensão, porém não têm o mesmo poder que a pregação para mover nossas vontades. Deus usa a energia da palavra falada para aplicar Sua verdade aos nossos corações de forma mais particular e viva.

Um coração duro é obviamente aquele que não é fácil de mover ou impressionar com as emoções espirituais. É como pedra - frio, insensível, sem sentimento para com Deus e a santidade. 

Jonathan Edwards (1703-1758)

*A Genuína Experiência Espiritual, Editora PES

*Visite a Igreja Presbiteriana da Silva Jardim - Curitiba/PR.
Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário
(41)3242-8375