Vencendo
os temores da Morte
“Então, Jesus clamou em alta voz: Pai, nas tuas mãos entrego o meu
espírito! E, dito isto, expirou” (Lc 23.46).
Muitos vivem com receio da morte todos os seus
dias. Como podemos vencer estes temores?
1 – Devemos deliberadamente
entregar as nossas almas, ao partirmos deste mundo, nas mãos dAquele que pode recebê-las
e guardá-las. A alma, sozinha e por si mesma, tem que ir para a eternidade. Ela
deixa para trás, para sempre, tudo o que conheceu anteriormente pelas suas
faculdades próprias e naturais.
Deve haver, portanto um ato
de fé ao entregar a alma à disposição de Deus, como Paulo foi capaz de fazer. “...eu
sei em quem tenho crido e estou certo de que ele é
poderoso para guardar o meu depósito até aquele Dia” (2Tm 1.12).
O Senhor Jesus Cristo é o nosso grande exemplo.
Quando Ele despediu o Seu espírito, Ele entregou a Sua alma nas mãos de Deus o
Pai, em total confiança que ela não sofreria nenhum mal. “Alegra-se, pois, o meu coração, e o meu espírito exulta; até o meu corpo
repousará seguro. Pois não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás
que o teu Santo veja corrupção”
(Sl 16.9,10). O último e vitorioso ato de fé acontece na hora da morte. A alma poderá,
então, dizer para si mesma: “Você está agora deixando o tempo e entrando
naquelas coisas eternas que o olho natural não viu, nem o ouvido ouviu, nem o
coração do homem tem sido capaz de imaginar. Desta forma, em silêncio e confiança
entregue-se à soberana graça, verdade e fidelidade de Deus, e encontrarás
descanso e paz”. Jesus Cristo imediatamente recebe a alma daqueles que creem
nEle, como no caso de Estevão. Quando morria, ele disse: “Senhor Jesus, recebe
o meu espírito” (At 7.59). O que poderia ser de maior encorajamento para
entregar as nossas almas nas mãos de Cristo, na hora da morte, do que conhecer
em cada dia de nossas vidas alguma coisa de Sua glória, do Seu poder e da Sua
graça?
2 – Como seres humanos, não somos semelhantes aos
anjos que são apenas espírito e não podem morrer. Nem somos semelhantes aos
animais que não possuem alma eterna. Mas Deus designou para nós uma
ressurreição gloriosa do corpo que não mais terá uma natureza física; seremos
mais semelhantes aos anjos. Nesta vida há uma relação tão íntima entre alma e
corpo que nós tentamos tirar da cabeça qualquer pensamento sobre a sua
separação. Como é possível, então, ter tal disposição de morrer, a exemplo do
apóstolo Paulo quando disse: “Ora, de um e outro lado, estou constrangido,
tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor”
(Fp 1.23)? Essa disposição só pode ser encontrada se olharmos pela fé para
Cristo e Sua glória, tendo a certeza que estar com Ele é melhor do que tudo
quanto esta vida possa oferecer.
Se quisermos morrer alegremente, devemos pensar em
como Deus nos chamará do túmulo na ressurreição. Então, pelo Seu grandioso
poder, Ele não apenas nos restaurará à glória de Adão e Eva na criação, como
também nos acrescentará ricas bênçãos além da nossa imaginação. Devemos, também, nos lembrar que apesar do corpo e da alma do nosso glorioso Salvador terem sido
separados na morte (à semelhança que os nossos também serão), Ele agora possui
grande glória. O Seu exemplo pode nos dar esperança.
3 – Deve haver uma disposição nossa em aceitar o
tempo de Deus para morrermos. Podemos, à semelhança de Moisés, desejar ver mais
da gloriosa obra de Deus em favor do Seu povo na terra. Ou, à semelhança de
Paulo, podemos sentir que seja necessário, para o benefício de outros, que
vivamos um pouco mais. Pode ser que desejemos ver as nossas famílias e as
nossas coisas numa condição melhor e mais estabelecidas.
Mas não podemos ter paz neste mundo, a não ser que estejamos dispostos a nos submeter à vontade de Deus com respeito à morte. Os nossos dias estão em suas mãos, à Sua soberana disposição. Devemos aceitar isso como sendo o melhor.
4 – Alguns podem não temer a morte, porém podem
temer a maneira como morrerão. Uma longa doença, grandes dores, ou alguma forma
de violência poderiam ser uma maneira de trazer a nossa vida terrena a um fim.
Devemos ser sábios, como se estivéssemos sempre prontos para passar por
qualquer experiência que Deus nos permita passar. Não seria correto que Ele
fizesse o que deseja com o que Lhe pertence? Acaso a vontade dEle não é
infinitamente santa, sábia, justa e boa em todas as coisas? Ele não sabe o que
é melhor para nós e o que trará maior glória para Si mesmo? Muitas pessoas
descobriram que são capazes de suportar as coisas que mais temiam porque
receberam maior força e paz do que podiam imaginar que lhes fosse dado.
No entanto, nenhuma dessas quatro coisas podemos
fazer, a não ser que acreditemos na excelente glória de Cristo e desfrutemos
dela.
Amém!
John Owen (1616-1683)
*Meditações sobre a Glória de Cristo, Editora PES.
*Visite a Igreja Presbiteriana da Silva Jardim - Curitiba/PR.
Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário
(41)3242-8375
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