"SER CRISTÃO É TER MENTE E CORAÇÃO DE CRISTO".



domingo, 16 de abril de 2023

“PORQUANTO VOS AJUNTAIS NÃO PARA MELHOR, E SIM PARA PIOR”


“PORQUANTO VOS AJUNTAIS NÃO PARA MELHOR, E SIM PARA PIOR”

“Nisto, porém, que vos prescrevo, não vos louvo, porquanto vos ajuntais não para melhor, e sim para pior” (1Co 11.17).

A censura que o apóstolo Paulo externa, contra os erros descritos na primeira parte do capítulo, não passa de simples reprovação, suave e amável, visto que os coríntios cometiam sua ofensa por uma questão de ignorância, e portanto era justo que fossem prontamente perdoados. No início do capítulo, ele os elogia pelo fato de terem fielmente guardado as instruções que lhes ministrara. Agora inicia uma censura mais incisiva, porquanto estavam cometendo certas ofensas de natureza muito mais grave; e desta vez não por ignorância.

Nisto, porém, que vos prescrevo, não vos louvo. Uma contradição paira entre esta frase e o que Paulo diz no início do capítulo. Ele poderia ter posto nestes termos: “Visto que vos tenho elogiado, não tireis conclusão apressada pensando que não haja restrição no meu elogio, pois tenho algo com que responsabilizar-vos, algo que merece, deveras, reprovação”. Em minha opinião, porém, isto não se relaciona unicamente com a Ceia do Senhor, mas também com outros pecados, os quais Paulo mencionará. Portanto, consideremos isto como uma afirmação geral, ao dizer que os coríntios são repreendidos em razão de se reunirem, não para melhor, e sim para pior.

A primeira queixa de Paulo contra eles consiste em que se reuniam, não para melhor; sua segunda queixa é que assim faziam para pior. Certamente que a segunda é de caráter mais grave. Porém, a primeira não deve, tampouco, ser minimizada, pois se prestarmos atenção no que sucede na Igreja, nem uma única reunião do povo deve ser considerada infrutífera. Pois ali ouvimos a instrução divina, oferecemos orações e celebramos os mistérios. A Palavra produz fruto quando confiamos em Deus e o seu temor age e cresce em nós; quando fazemos progresso na vida de santidade; quando gradativamente nos despimos do velho homem; quando avançamos em novidade de vida. Portanto, se não extrairmos quaisquer benefícios das reuniões de culto, e não nos tornarmos pessoas melhores como resultado delas, é a nossa ingratidão que merece vexame, e, portanto, merecemos ser reprovados.

Agora voltamos ao segundo erro, ou seja, os que se reúnem para pior. Este é um problema muito mais sério, todavia é quase sempre resultante do primeiro. Pois se não extraímos nenhum proveito das coisas que Deus nos providenciou, a forma que ele usa para punir nossa indolência é permitindo que nos tornemos piores. E esta é, geralmente, a razão por que a negligência provoca tanta corrupção; e, particularmente, isto é assim porque as pessoas não atentam para a necessidade de se usarem as coisas da maneira como devem ser usadas, com o quase inevitável resultado de que prontamente erram em associar as coisas que são perniciosas.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

*Visite a Igreja Presbiteriana Silva Jardim - Curitiba/PR.
Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário. 

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