“O SENHOR julgará as nações”
“O
SENHOR julgará os povos [ou nações]; julga-me, ó SENHOR, segundo minha justiça
e segundo a integridade que há em mim” (Sl 7.8).
O SENHOR julgará as nações.
Esta cláusula está estreitamente conectada ao versículo precedente. Davi
orou a Deus para que ele se revelasse como juiz das nações; e agora ele
assume como uma verdade insofismável e admitida que julgar as nações é o ofício
peculiar de Deus; pois o verbo conjugado no tempo futuro, e traduzido, julgará,
denota, aqui, uma ação contínua; e tal é o significado do tempo futuro nas
cláusulas gerais. Além disso, ele aqui não fala de apenas uma nação, senão que
compreende todas as nações. Ao reconhecer a Deus como o Juiz do mundo inteiro,
ele conclui logo depois disto que Deus manterá sua causa e seu direito. Mui
frequentemente parece que somos esquecidos e oprimidos, e quando isso acontece,
devemos evocar esta verdade à nossa lembrança, ou seja: já que Deus é o
governante do mundo, é tão absolutamente impossível que ele se abdique de seu
ofício quanto é impossível que ele negue a si próprio. De tal fonte fluirá um
manancial contínuo de conforto, ainda que uma longa sucessão de calamidades nos
comprima; pois à luz dessa verdade podemos seguramente concluir que ele cuidará
de defender nossa inocência. Seria contrário a todos os princípios de são
raciocínio supor que aquele que governa muitas nações negligencie ainda que
seja uma única pessoa. O que sucede com respeito aos juízes deste mundo jamais
sucederá com respeito a Deus; ele não pode, como sucede com os juízes da terra,
estar tão ocupado com os negócios grandes e públicos que venha a negligenciar
os problemas individuais, por uma questão de incapacidade em atendê-los.
Davi uma vez mais introduz
a visão de sua integridade, ou seja,
que ele não podia, segundo o exemplo dos hipócritas, fazer do nome de Deus um
mero pretexto para melhor promover seus próprios propósitos. Visto que Deus não
se deixa influenciar pelo respeito humano, não podemos esperar que ele esteja
do nosso lado, e a nosso favor, se porventura nossa causa não for boa.
Pergunta-se, porém, como é possível que Davi, aqui, se gabe de sua própria
integridade diante de Deus, quando em outros passos ele suplica a Deus que
entre em juízo com ele. A resposta é fácil, e é esta: O tema aqui desenvolvido
não é como Davi podia responder se Deus demandaria dele que desse conta de toda
sua vida, mas que, ao comparar-se com seus inimigos, ele mantém, e não sem
razão, que em relação a eles ele era justo. Mas quando cada santo é passado em
revista pelo juízo divino, e seu próprio caráter é testado por seus próprios
méritos, a questão é muito diferente, porque, em tal conjuntura, o único
santuário ao qual pode ele recorrer em busca de segurança é a misericórdia de
Deus.
Deus nos abençoe!
João Calvino (1509-1564).
*Comentário do Livro dos Salmos, Edições Paracletos.
*Visite a Igreja Presbiteriana Silva Jardim - Curitiba/PR.
Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário.
(41)3242-8375
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