"SER CRISTÃO É TER MENTE E CORAÇÃO DE CRISTO".



sexta-feira, 21 de agosto de 2020

"Volta-te, SENHOR, e livra a minha alma".

SALMO 6.4,5
“Volta-te, Senhor, e livra a minha alma; salva-me por tua graça. Pois, na morte, não há recordação de ti; no sepulcro, quem te dará louvor?”

Nas palavras: “Mas tu, SENHOR, até quando?” (v.3), vemos Davi deplorando a ausência e a demora de Deus; agora ele ansiosamente solicita as indicações de sua presença e de seu favor: “Volta-te, SENHOR, e livra a minha alma; salva-me por tua graça”. Nossa felicidade consiste nisto: quando somos alvos da graciosa consideração de Deus, porém cremos que ele se encontra distante de nós caso não nos apresente alguma evidência substancial de sua presença e seus cuidados por nós. Que Davi, naquele tempo, enfrentava risco máximo, deduzimos dessas palavras, nas quais ele ora tanto pelo livramento de sua alma, por assim dizer, das garras da morte, quanto por sua restauração a um estado de segurança. Concluímos também daqui que Davi, uma vez mais, confirma o que só tocara no segundo versículo concernente à compaixão de Deus, isto é, que este é o único refúgio de onde espera vir seu livramento, a saber: Salva-me por tua graça. Os homens jamais encontrarão perdão de pecados, justificação, paz, alívio e libertação de suas misérias, enquanto, esquecendo-se de seus próprios méritos, diante do fato de que são os únicos a enganar a si próprios, não aprenderem a recorrer à graça de Deus.

Quando Deus nos concede graça, ele nada requer de nós senão uma vida que o glorifique. Referência essa se faz quando Davi diz: Pois, na morte, não há recordação de ti, nem no sepulcro qualquer celebração de seu louvorEis sua intenção com essas palavras: se, pela graça de Deus, ele fosse libertado da morte, lhe seria agradecido e guardaria isso no coração. Ele lamenta que, se fosse retirado do mundo, ficaria privado da bênção e da oportunidade de manifestar gratidão, visto que nesse caso, ele não mais estaria presente entre os homens para enaltecer, celebrar, glorificar o Nome de Deus.

Por este versículo, alguns concluem que os mortos não têm emoção alguma e que esta é completamente extinta neles. Essa, porém, é uma inferência injustificada, pois Davi está tratando aqui da celebração mútua da graça de Deus, na qual os homens se engajam enquanto caminham nesta vida. Sabemos que somos postos sobre a terra para glorificar a Deus, e que esse é o propósito supremo de nossas vidas. A morte, é verdade, põe um fim a esses louvores daqui; mas não se deduz desse fato que as almas dos fiéis, quando despida de seus corpos, são privadas de entendimento ou não são sensibilizadas por qualquer afeição, sentimento, estima e louvor para com Deus. Devemos considerar também que, na presente ocasião, Davi temia o juízo de Deus se a morte lhe sobreviesse, e esse sentimento o fez por um tempo emudecido, sem palavras, sem ânimo, sem alegria, impedido espiritualmente de entoar louvores de Deus.

À luz desta passagem queremos solucionar outra questão: Por que Davi ficou tão amedrontado ante a morte, como se nada houvesse que esperar para além deste mundo? Estudiosos reconhecem três causas por que nossos pais sob o regime da lei foram mantidos tão escravizados pelo temor da morte. A primeira: porque o pleno conhecimento da graça de Deus, não havendo ainda se manifestado mediante a vinda de Cristo, as promessas que até então eram obscuras, lhes propiciavam apenas leve noção da vida futura. O conhecimento que temos hoje sobre o assunto é, sem duvida, mais claro que o deles. A segunda: porque a presente vida, dádiva de Deus, é por natureza desejável. A terceira: porque receavam que, depois de seu falecimento, ocorresse alguma mudança para pior na espiritualidade do povo. Essas razões parecem suficientes.

Convém lembrar que o espírito de Davi nem sempre estava dominado pelo temor que ora sentia; quando a morte chegou, sendo idoso e cansado desta vida, serenamente rendeu sua alma ao repouso divino.

Deus nos abençoe!

Pr. José Rodrigues Filho

*Resumo dos comentários do Salmo 6, João Calvino, Edições Paracletos. 

*Visite a Igreja Presbiteriana Silva Jardim - Curitiba/PR.
Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário.
(41)3242-8375

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