“PIEDOSOS E PERSEGUIDOS”
“Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo
Jesus serão perseguidos” (2Tm 3.12).
A lembrança de suas próprias perseguições leva o
apóstolo Paulo a acrescentar que tudo quanto lhe acontecera também se dará com
todas as pessoas piedosas. Ele acrescenta isso para que os crentes se predispusessem
a aceitar tal situação, e em parte para que as pessoas bondosas não se
afastassem dele movidas pela dúvida em virtude de suas perseguições, as quais
recebiam das mãos dos ímpios, pois às vezes sucede que acontecimentos adversos
suscitam críticas adversas. Se porventura alguém cai no desfavor humano,
imediatamente corre o rumor de que o mesmo é odiado por Deus. Com esta
afirmação geral, Paulo declara que ele é um entre os filhos de Deus, e ao mesmo
tempo adverte seus irmãos a suportarem as perseguições.
É plenamente natural que o mundo odeie a Cristo, mesmo
em seus membros. E já que a crueldade acompanha o ódio, daí surgem as
perseguições. É essencial que reconheçamos o fato de que, se somos cristãos,
devemos nos preparar para muitas tribulações e lutas de diferentes tipos.
Mas pode-se perguntar se todos devem, então, ser
mártires. É evidente que têm havido muitos servos de Cristo que jamais sofreram
desterro, nem prisão, nem qualquer outro gênero de perseguição. Nossa resposta
é que Satanás possui mais de um método de perseguição aos piedosos. Mas é
absolutamente necessário que todos eles suportem as hostilidades do Maligno, a
fim de que sua fé se exercite e sua perseverança se comprove. Satanás, que é o
perpétuo inimigo de Cristo, jamais deixará que o piedoso viva sua vida sem perturbação,
e haverá sempre pessoas perversas a nos perseguir. De fato, tão pronto um
crente mostre sinais de zelo por Deus, a ira dos ímpios se acende e, mesmo que
não tenham suas espadas desembainhadas, arrojam seu veneno, ou criticando, ou
caluniando, ou provocando inquietação, ou agitação da alma. Portanto, ainda que
não sofram os mesmos ataques e não se envolvam nas mesmas batalhas, os piedosos em Cristo têm uma só guerra em comum e jamais viverão totalmente em paz nem
isentos de perseguições.
Deus nos abençoe!
João Calvino (1509-1564).
*Pastorais - Edições Paracletos.
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