“DEPOIS DA MORTE, O JUÍZO”
“E, assim como aos homens está ordenado
morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo, assim
também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de
muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a
salvação” (Hb 9.27,28).
Visto que após a morte de alguém aguardamos pacientemente o dia do juízo, já que essa é a lei comum da natureza contra a qual não há que lutar, por que deveria haver menos paciência em aguardar a segunda vinda de Cristo? Se um longo intervalo de tempo não subtrai nada, em relação aos homens, da esperança de uma ditosa ressurreição, quão desditoso seria conceder a Cristo uma honra menor! E essa honra seria ainda menor, se lhe solicitássemos que suportasse a morte segunda vez, depois de tê-la suportado uma vez para sempre.
Aqui, portanto, o apóstolo recomenda que não nos perturbemos por desejos irracionais equivocados, esperando novas modalidades de expiação, uma vez que a morte única de Cristo nos é plenamente suficiente. Diz ainda que Cristo apareceu uma vez por todas e ofereceu sacrifício para tirar os pecados de muitos, e aparecerá segunda vez, ou seja: que Cristo, em sua segunda vinda, dará a conhecer plenamente quão realmente destruiu os pecados, não havendo necessidade de outro sacrifício para satisfazer a Deus. É como se ele estivesse dizendo que quando nos aproximarmos do tribunal de Cristo, descobriremos que em sua morte nada foi deficitário. No dia do juízo, Cristo Jesus manifestará de forma gloriosa a eficácia de sua morte, a fim de que o pecado não mais tenha o poder de ferir aqueles que o aguardam para a salvação. A Escritura tem atribuído aos crentes uma expectativa comum em relação à volta do Senhor, com o fim de distingui-los dos incrédulos, para quem a simples menção desse Dia é algo terrível (1Ts 1.10).
Deus nos abençoe!
João Calvino (1509-1564).
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