“SEDE, POIS, IMITADORES DE DEUS”
“Sede, pois, imitadores
de Deus, como filhos amados; e andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por
nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave” (Ef 5.1,2).
O apóstolo Paulo
insiste e confirma a mesma declaração, dizendo que os filhos devem ser como
seus pais. Ele nos lembra que somos os filhos de Deus, e que, portanto,
devemos, até onde pudermos, representá-lo no campo da beneficência. Procuremos compreender
este argumento: se de fato somos filhos de Deus, então devemos ser seus
imitadores. Cristo também declara que não podemos ser filhos de Deus, a menos que
demostremos benevolência para com os indignos [Mt 5.44,45].
O fato de Cristo não
poupar sua própria vida, esquecendo de si próprio, para que pudéssemos ser
redimidos da morte, é a mais notável prova da mais elevada categoria de amor.
Se porventura desejamos ser partícipes desse benefício, então devemos ser
igualmente movidos de amor pelo nosso próximo. Não que algum de nós tenha atingido
tal perfeição, mas porque devemos almejar e nos esforçar em nosso testemunho, organizando nossas ações em sociedade, por meio dos discursos
e práticas.
O apóstolo adiciona: sacrifício a Deus, em aroma suave. Primeiramente,
é um enaltecimento da graça de Cristo. Em segundo lugar também nos introduz diretamente
ao presente tema. Na verdade não existe qualquer linguagem que seja capaz de
expressar plenamente o fruto e eficácia da morte de Cristo. Confessamos que ela
é o único preço pelo qual somos reconciliados com Deus. Esta doutrina da fé
[cristã] pertence à mais elevada categoria. Mas, quanto mais ouvimos que Cristo
agiu em nosso favor, mais devedores a ele nos sentimos. Além disso, é possível
deduzirmos das palavras de Paulo que, a menos que amenos uns aos outros,
nenhuma de nossas realizações será aceita por Deus. Se a reconciliação dos
homens, efetuada por Cristo, foi um sacrifício de aroma suave, então nós, de
nossa parte, devemos converter-nos para com Deus num agradável perfume, à
medida que seu santo perfume for sendo derramado sobre nós. A Isto aplica-se o dito de Cristo: “Deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te
com teu irmão” (Mt 5.24).
Deus nos abençoe!
João Calvino (1509-1564).
Muito bom!
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