“ESTE É O MEU FILHO AMADO”
“Então, disse Pedro a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres,
farei aqui três tendas; uma será tua, outra para Moisés, outra para Elias.
Falava ele ainda, quando uma nuvem luminosa os envolveu; e eis, vindo da nuvem,
uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi”
(Mt 17.4,5).
Nestes versículos encontramos um notável testemunho acerca da infinita superioridade de Cristo sobre todos quantos nasceram de mulher. Esse foi um ponto fortemente frisado pela voz, vinda do céu, que os discípulos ouviram. Pedro, perplexo e atônito diante da visão celestial, sem saber o que dizer, propôs que fossem erguidos três tendas no monte: uma para Cristo, outra para Moisés e outra para Elias. Na realidade, parece que Pedro queria situar o legislador e o profeta lado a lado com o divino Mestre, como se todos os três fossem iguais, porém, vemos que esta proposta foi prontamente rejeitada, da maneira mais extraordinária e impressionante. Uma nuvem encobriu Moisés e Elias, e eles não mais puderam ser vistos. Ao mesmo tempo, de dentro da nuvem, saiu uma voz, que reiterou as solenes palavras que João Batista ouvira, por ocasião do batismo de nosso Senhor: “Este é o meu filho amado, em quem me comprazo: a ele ouvi”. Essa voz teve por intuito mostrar a Pedro que há Alguém muito superior a Moisés ou a Elias. Moisés foi um fiel servo de Deus. Elias foi uma ousada testemunha que defendeu a verdade divina. Mas, Cristo é muito maior do que qualquer um deles, ou mesmo que os dois juntos. Ele é o Salvador, para quem continuamente apontavam a lei e os profetas. Ele é o verdadeiro Profeta, a quem todos estão na obrigação de ouvir, conforme lhes foi ordenado (Dt 18.15). Moisés e Elias foram grandes homens em sua própria época. Porém, Pedro e os outros dois apóstolos precisavam relembrar que, quanto à natureza, à dignidade e ao ofício, eles estão muito abaixo de Jesus. Cristo é o Senhor; mas eles foram apenas servos. A bondade deles era toda derivada; mas Cristo é a própria bondade. Moisés e os profetas, como homens santos, merecem honra. Mas, se os discípulos desejam ser salvos, devem ter unicamente a Cristo como Senhor e Mestre, e dar glória somente a Ele.
Também devemos notar nestas palavras uma grande lição para toda a igreja
de Cristo. Na nossa natureza humana manifesta-se a constante tendência para
“ouvirmos o homem”. Pastores, padres, pregadores, ministros da palavra são
continuamente exaltados a uma posição que Deus jamais tencionou que
preenchessem, usurpando assim a honra devida somente a Cristo, para todos os
efeitos práticos. Por causa dessa inclinação, que todos vigiemos e mantemos
guarda. E que aquelas solenes palavra da visão fiquem ressoando em nossos
ouvidos: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi”.
Os melhores homens não passam de homens, mesmo em seus melhores
momentos. Os patriarcas, os profetas e os apóstolos - os mártires, os pais da
igreja, os reformadores, os puritanos - todos são meros pecadores que precisam
do Salvador - santos, úteis, dignos de honra em seus respectivos lugares, mas
apenas pecadores, e nada mais. Nunca podemos permitir que eles sejam
interpostos entre nós e Cristo. Somente Jesus Cristo é “o Filho amado, em quem
o Pai se compraz”. Somente Ele é “... sobre todos, Deus bendito para todo o
sempre. Amém!” (Rm 9.5).
Deus nos abençoe!
J.C.Ryle (1816-1900).
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