“LUTANDO JUNTOS PELA FÉ EVANGÉLICA”
“Vivei, acima
de tudo, por modo digno do evangelho de Cristo, para que, ou indo ver-vos ou
estando ausente, ouça, no tocante a vós outros, que estais firmes em um só
espírito, como uma só alma, lutando juntos pela fé evangélica” (Fp 1.27).
Ao falar de
uma conversação pura e honrosa, como sendo digna do evangelho, o apóstolo Paulo
notifica, em contrapartida, que aqueles que vivem de outra maneira fazem
injustiça ao evangelho.
“Se, quando eu for e vos vir, ou se, quando ausente, ouvir sobre vossa condição, de ambos os modos, receba a informação, que estais firmes num só espírito". Certamente, esta é uma das principais excelências da Igreja, e daí ser este um dos meios de preservá-la em um estado saudável, visto que ela se despedaça por causa de dissensões. Mas, embora Paulo estivesse, por meio deste antídoto, fazendo provisão contra doutrinas novas e estranhas, contudo ele requer uma dupla unidade - de espírito e de alma. A primeira é que tenhamos os mesmos pontos de vista; a segunda é que sejamos unidos no coração. Pois quando esses dois termos são enfeixados, espírito denota o entendimento, enquanto que alma denota a vontade.
Lutando juntos pela fé evangélica. Este é o laço mais forte da concórdia, quanto temos de lutar juntos sob a mesma bandeira, pois esta tem sido frequentemente a ocasião de reconciliar mesmo os mais acirrados inimigos. Daí, a fim de poder confirmar ainda mais a unidade que existia entre os filipenses, Paulo chama sua atenção para que notem que são companheiros de guerra, que, tendo um inimigo comum e uma guerra comum, devem ter suas mentes unidas na mesma santa harmonia. A expressão de que ele faz uso, um antigo intérprete a traduz assim: Colaborando com a fé. Erasmo a traduz assim: Auxiliando a fé, como se significasse que corroboraram a fé ao máximo de sua força. Apesar disso, não tenho dúvida de que a intenção do apóstolo Paulo é esta: “Que a fé do evangelho vos una juntamente, mais especialmente porque é um arsenal contra um e o mesmo inimigo”. Que cada um saiba quão eficaz é um incentivo à concórdia, quando temos de manter um conflito juntos; e, mais, sabemos que, numa guerra espiritual, somos armados com o escudo da fé [Ef 6.16], para repelir o inimigo; mais ainda, a fé em Cristo é tanto nossa armadura quanto nossa vitória. Lembremo-nos, os perversos também conspiram juntos para o mal, mas seu acordo é execrável; portanto, lutemos com uma só mente sob a bandeira da fé.
Deus nos abençoe!
João Calvino (1509-1564).
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