“FOI TRANSFIGURADO DIANTE DELES”
"Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro e aos irmãos Tiago e João e os levou, em particular, a um alto monte. E foi transfigurado diante deles; o seu rosto resplandecia como o sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz" (Mt 17.1,2).
Estes
versículos narram um dos mais notáveis acontecimentos ocorridos durante o
ministério terreno de nosso Senhor Jesus - aquele comumente chamado de “a transfiguração”.
A ordem em que esse incidente ficou registrado é bela e instrutiva. A última
porção do capítulo anterior mostra-nos a cruz, que já surge no horizonte. Aqui,
porém, somos graciosamente brindados com a visão de algo sobre a nossa
recompensa vindoura. Os corações dos discípulos, que há pouco tempo haviam sido
profundamente entristecidos diante da clara afirmação feita por Cristo, acerca
dos seus sofrimentos, logo em seguida foram alegrados pela visão da glória de
Jesus Cristo. Devemos salientar esse ponto. Nós perdemos muito, quando
ignoramos a conexão existente entre um capítulo e outro da Palavra de Deus.
Sem dúvida
alguma, existem mistérios dentro da visão aqui descrita. Porém, é forçoso que
assim aconteça. Afinal, ainda estamos no corpo físico. Os nossos sentidos estão
voltados para as coisas materiais deste mundo. As nossas ideias e a nossa
percepção sobre corpos glorificados e sobre santos mortos, são necessariamente,
vagas e imprecisas. Por conseguinte, contentemo-nos em assimilar as lições
práticas que a transfiguração de Jesus tenciona ensinar-nos.
Notamos uma
notável demonstração da glória com que Cristo e o seu povo aparecerão, quando
Ele vier pela segunda vez. Não se pode tolerar qualquer dúvida de que esse foi
um dos principais objetivos dessa admirável visão. O propósito da mesma era
encorajar aos discípulos, conferindo-lhes um vislumbre das coisas boas que
ainda teriam lugar. Aquele rosto que “resplandecia como o sol”, e aquelas
vestes que se tornaram “brancas como a luz” tiveram a finalidade de
proporcionar aos discípulos alguma ideia da majestade com que o Senhor Jesus
aparecerá neste mundo quando vier, pela segunda vez, juntamente com todos os
seus santos. Por assim dizer, um pouco do véu foi erguido, a fim de mostrar aos
discípulos a verdadeira dignidade do seu Senhor e Mestre. Foi dessa maneira que
eles puderam entender que se Jesus não havia aparecido neste mundo com a figura
majestosa de um monarca, isso era devido tão-somente ao fato que o tempo dEle vestir
seus trajes reais ainda hão havia chegado. É impossível a gente extrair
qualquer outra conclusão, se levarmos em conta a linguagem empregada pelo
apóstolo Pedro, quando escreveu sobre o assunto. Referindo-se claramente à transfiguração,
escreveu: “... nós mesmos fomos testemunhas oculares da sua majestade” (2Pe
1.16).
Para nós
convém que a vindoura glória de Cristo e do seu povo seja profundamente
impressa sobre as nossas mentes. Inclinando-nos, mui tristemente, por
esquecer-nos disso. Há poucas indicações visíveis dessa glória, no mundo
presente. Porquanto ainda não vemos que todas as coisas estão posta sob os pés
de nosso Senhor. Por toda a parte abundam o pecado, a incredulidade e a superstição.
Na prática, milhares estão dizendo: “Não queremos que este [Jesus] reine sobre
nós” (Lc 19.14). E também ainda não se manifestou como se tornarão as pessoas
que fazem parte do povo de Cristo. Suas cruzes, suas tribulações, suas
debilidades e seus conflitos, tudo isso nos é perfeitamente evidente.
Entretanto, há mui escassos sinais da futura recompensa deles. Cuidemos,
portanto, em não permitir que nos surjam dúvidas quanto a essa particularidade.
Silenciemos essas dúvidas, em nossos corações, lendo outra vez o relato da transfiguração
de Jesus Cristo (Mt 17.1-13; Mc 9.2-8; Lc 9.28-36). Para Jesus e para todos
quantos nEle confiam está reservada a glória tão intensa como o coração humano
não é capaz de conceber. E não somente essa glória nos foi prometida, como
também conta com o testemunho de três competentes testemunhas. Uma dessas
testemunhas deixou registrado por escrito: “... e vimos a sua glória, glória
como do unigênito do Pai” (Jo 1.14). Por certo, bem podemos acreditar naquilo
que foi visto por elas.
Deus nos
abençoe!
J.C.Ryle (1816-1900).
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