“CONSIDERA AS MINHAS AFLIÇÕES”
“Considera as
minhas aflições e o meu sofrimento e perdoa todos os meus pecados” (Sl 25.18).
Ao repetir essas
queixas com tanta frequência, Davi mostra claramente que as calamidades com que
era assaltado não eram males suaves e triviais. E isso deve ser atentamente
notado por nós, de modo que quando as tribulações e aflições nos forem
desmedidas segundo a mesma experiência, sejamos capacitados a elevar nossas
almas a Deus em oração; porque o Espírito Santo tem posto diante de nossos
olhos esta representação, para que nossas mentes não sucumbam sob o volume ou
peso das aflições. Mas com vistas a obter alívio dessas misérias, Davi uma vez
mais ora para que seus pecados sejam perdoados, renovando suas reminiscências
acerca do que já havia expresso, ou seja, que não poderia esperar que viesse a
desfrutar do favor divino, a menos que fosse antes reconciliado com Deus
mediante seu gracioso perdão. E deveras são demasiadamente insensíveis os que,
contentes com o livramento das aflições físicas, não sondam os males de seus
próprios corações, ou seja, seus pecados, senão que, muito ao contrário,
desejam sepultá-los no esquecimento. Portanto, para achar um antídoto que curasse
suas preocupações e angústias, Davi começa implorando pela remissão de seus
pecados, porque, enquanto Deus estiver irado contra nós, devemos necessariamente
deduzir que todas as nossas atividades nos levam a um fim infeliz; e ele tem
sempre sobejas razões para nutrir desprazer contra nós enquanto nossos pecados
persistirem, ou seja, até que sejam perdoados. E ainda que o Senhor tenha
vários fins em visto em trazer seu povo subjugado à cruz, contudo devemos
manter firme o princípio de que, enquanto Deus nos aflige, somos convocados a
examinar nossos próprios corações e humildemente buscar sua reconciliação.
Deus nos abençoe!
João
Calvino (1509-1564).
*Visite a Igreja Presbiteriana do Brasil - Curitiba(PR).

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